Resenha do Livro "História de Sergipe" de
Felisbelo Freire.
FREIRE, Felisbelo Firmo de Oliveira. História de Sergipe.
Projeto Digitalizando a História, Aracaju – Sergipe, 2009.
Felisbelo Freire nasceu em Itaporanga d’Ajuda no dia 30 de
janeiro de 1858, foi um militante republicano na Província Sergipana, foi
nomeado como o primeiro governador republicano de Sergipe, formado em medicina
e membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e Patrono da
Academia Sergipano de Letras, escreveu vários livros e um deles é História de
Sergipe, onde ele expressa o seu objetivo de tornar a história de Sergipe
visível ao Brasil e ao mundo, isto é facilmente percebido quando ele diz que
quer “tornar Sergipe conhecida no Brasil e no Estrangeiro”(p.3), assim o autor
toma para se a missão de resgatar a história sergipana.
A História de Sergipe de Freire é a primeira tentativa de
interpretar cientificamente a História do estado, ele inaugurou a
historiografia no estado. Com um pensamento ligado ao evolucionismo, que era a
visão que prevalecia na época, sua obra tinha em anexo diversas cartas de
sesmarias e utiliza outros documentos inéditos, na construção de sua obra, F.
Freire faz uma síntese da evolução de Sergipe de 1575, com as primeiras
incursões jesuítas de Gaspar Lourenço e João Solônio a 1855 que é o período da
transferência da Capital de São Cristóvão para Aracaju.
Este livro que é um marco na Historiografia Sergipana com
apenas 336 paginas é ordenado em quatro partes. Na primeira parte que é a
“Introdução”, Felisbelo Freire primeiramente descreve seu referencial teórico,
que é ligado ao evolucionismo, ele ainda fala sobre os nativos. ”Época da
Formação (1575-1696)” inicialmente ele fala da descoberta e conquista de
Sergipe por Cristóvão de Barros e em seguida sobre a colonização de Sergipe,
sobre as primeiras explorações mineiras, a invasão holandesa, as lutas travadas
em Sergipe o por fim o fim do domínio holandês e o novo domínio português. Na
terceira parte do livro ” Expansão colonial (1696 -1822)” o autor relata
Sergipe na condição de Comarca da Bahia, fala sobre a expulsão dos jesuítas
1575, a abolição da escravidão indígena, a influencia da Revolução Pernambucana
em Sergipe e por fim relata o juramento a Constituição e a aclamação da
Independência. Na última parte “Política Imperial (1822-1855)” esta voltada
para os eventos políticos, o primeiro presidente da província, o governo da
Regência, a transferência da capital para Aracaju e por fim é abordado as
questões do estabelecimento dos limites do território sergipano, com a Bahia e
Alagoas.
Como declara o autor sua obra esta moldada na ciência
histórica evolucionista de sua época, podemos perceber isto quando ele diz que
“nessa marcha evolutiva em que um povo coloca-se para progredir e prosperar, temos
de apreciar a ação dos fatores internos e externos”. E a história não será mais
do que a síntese, o conjunto de leis desse evolucionismo.”(p.31). O principal
foco de sua construção historiográfica são os governantes e seus feitos, sendo
assim uma historia dos grandes homens, nesta obra ainda pode-se encontrar um
pouco sobre “economia, educação, demografia e sociedade”( Defensores do
Patrimônio Cultural Sergipano).
O autor de “História de Sergipe” fomentava que sua obra
fizesse com que Sergipe se tornasse conhecido do país e do mundo, com isso ele
almejava construir nos sergipanos uma identidade, pois antes de sua obra havia
apenas memorias e relatos e não uma construção historiográfica, tornando assim
todos os sergipanos unidos em torno de uma história comum. Segundo Freire seus
recursos não permitiram que ele fizesse uma obra melhor, ele deixa bem claro
que tem consciência que sua obra tem defeitos quando diz no prefacio, “sendo o
primeiro trabalho no gênero, contra o que antolharam-se dificuldades de toda
ordem, não podia sair isento de defeitos” (pag. 4).
Outra coisa muito importante também descrita no prefacio da
obra é quando o autor revela um dos objetivos da sua obra, que é contribuir na
construção da história Sergipana através de auxilio de outros historiadores na
construção historiográfica do estado, este objetivo é facilmente detectado
quando dele diz: “Será para mim motivo de contentamento, se ele fornecer algum
auxílio a quem, com mais competência de que eu queira escrever a História de
Sergipe” (pag. 4).
Este autor coloca a religião como principal empecilho para o
progresso, portanto a religião seria a vilã da história sergipana, com isso ele
acaba por colocar suas paixões pessoais na construção historiográfica, pois ele
acaba se colocando como juiz, aprovando ou não as atitudes dos agentes
históricos, o mais interessante é que ele deplorava os outros autores que
colocavam suas paixões em suas obras, mas ele acabou por também colar, não
sendo assim neutro em sua construção historiográfica. Além disso Freire se
contradiz com sua teoria e pratica, pois ele teoricamente pretendia uma
historia que não colocava os grandes como foco, mas acaba por focar os
administradores em sua obra, afastando-se assim das ideias de Capistrano de
Abre e Euclides da Cunha.
Sem duvidas esta obra foi um marco na construção
historiográfica de Sergipe, como diz Sousa, Felisbelo Freire é considerado “o
pai da Historiografia de Sergipe” (SOUSA 2013, p. 29), com documentos valiosos
e um emaranhado de pistas de pesquisa, esta foi a primeira tentativa de
construção cientifica da história do estado e sem duvidas um livro que deve ser
lido por todos e principalmente pelos sergipanos, para que possam assim
conhecer melhor o estado , construindo assim sua identidade, sua sergipanidade,
sem duvidas este livro é um leque de pistas e fatos que ajudaria muitos
historiados que pretendessem escrever sobre a História de Sergipe.
Referências:
SOUSA, Antônio Lindvaldo. História e Historiografia
Sergipana. CESAD. Universidade federal de Sergipe, São Cristóvão/SE, 2013.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Felisbelo_Firmo_de_Oliveira_Freire.
Centenário de uma história inaugural. Defensores do
Patrimônio Cultural Sergipano.
http://dpcs-ufs.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html,
ultima visualização no dia 24 de maio de 2013.
Texto reproduzido do site:
romarioandradeacademicohistoria.blogspot
Foto reproduzida do site: (Acervo do IHGSE,
I-722).
Reproduzida do blog thiagofragata.blogspot