Publicado originalmente no site do Portal Infonet.
Ismael Pereira: artista autodidata do neoregionalismo
“Sou neoregionalista confesso. Amo a minha terra e vivo a
grandiosidade do meu Sergipe, do meu Nordeste e do meu Sertão. Acredito que já
nasci pintando, e que ainda no líquido aminiótico do ventre de minha mãe eu já
pintava”. É desta forma que o artista Ismael Pereira fala sobre si. Nascido na
década de 40, ele começou a pintar quando criança, vendeu o seu primeiro quadro
aos 10 anos, e ganhou reconhecimento internacional ao levar sua obra a diversos
países. Como ele mesmo diz, suas obras adquiriram suficiente fôlego para sair
do Brasil.
Ismael é admirador das cores e carrega a convicção de que a
motivação do artista surge das dificuldades. Declarando sempre ter total
liberdade para pintar, o artista afirma que suas ações dependem da temática que
vai ser abordada em suas obras. Ele destaca que sempre procurou se aprofundar
para atingir o maior grau possível de perfeição, e ainda que a grandiosidade do
trabalho de um artista é fruto de pesquisa.
Autodidata, Ismael revela que nunca adquiriu formação
acadêmica em escolas de belas artes, e acredita que a pintura é o dia-a-dia, a
prática e a pesquisa. “A pintura é um eterno conhecer”, resume. Sobre seu
trabalho, Pereira conta que iniciou de forma vocacional e que quando começou a
ganhar dinheiro, o guardava para comprar papel e lápis. Sobre sua primeira
exposição, ele relembra e conta que foi de tema livre, na década de 60, na
galeria Álvaro Santos.
Trabalhos
Convidado a expor seu trabalho na embaixada do Panamá, em
Brasília, Ismael prepara atualmente diversas obras de tema livre. A respeito da
sua última exposição, ‘Exaltação ao Caju’, o artista indica que o Nordeste foi
a sua inspiração.
“O caju é a cara do Nordeste. Ele enfeita desde o litoral ao
sertão, e é uma fruta extraordinária, gostosa e vitaminada. Sua forma é
maravilhosa e sugere o violino, o violão, o violoncelo, e ainda a anatomia da
mulher e a sua sensualidade”, ressalta, acrescentando que, tanto em cerâmica
quanto em tela o seu foco central era o caju. “Procurei desconstruí-lo, e o
situei das mais variadas formas, da mais natural até a mais esdrúxula às vistas
do expectador”, complementa.
A respeito da variação das cores nas mais de 60 obras que
produziu para a ‘Exaltação ao Caju’, Pereira comenta que desse modo ele teve a
oportunidade de expressar seu sentimento de paz e alegria. Ele ainda destaca
que no Brasil, e sobretudo no Nordeste, o artista tem que utilizar o maior
número de cores possíveis. “O Brasil traduz alegria e dinamicidade e o artista
daqui não pode pintar como o da Europa, que contém outro tipo de paisagem”,
relata.
Questionado se já passou por muitas dificuldades em sua
carreira, o artista foi claro: “acho que o único pintor que não teve
dificuldade foi Pablo Picasso, e acredito que o condimento do artista é a
angústia e o momento de dificuldade”. Por fim, assim como no início de seus
relatos, Ismael novamente declara o seu amor pela arte. “Pinto porque gosto e
sou apaixonado pelo que faço”.
Texto e imagem reproduzidos do site:
infonet.com.br/aracaju/2013
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