Publicado originalmente no site Itabi Infonet (Museus em
Sergipe)*
Museu Histórico de São Cristóvão
Histórico.
O Museu Histórico de Sergipe - instituição museal mais
antiga do Estado - inaugurado em 5 de março de 1960. A idéia inicial surgiu de
reunião no Clube Sergipano, em 1959, entre Lauro Barreto Fontes, José Calasans,
o Governador Luis Garcia e seu secretário de Governo, Junot Silveira. Do
encontro saiu Junot incumbido de angariar doação e compra de objetos diversos
para composição do inestimável acervo. Seu irmão Jenner Augusto, artista
plástico, foi convidado para montar a exposição das peças.
Missão.
A missão do Museu Histórico de Sergipe é salvaguardar a
memória e identidade do povo sergipano representado nos bens móveis e imóveis
que compõe seu acervo. Diverso em sua origem e plasticidade, sua proposta
museal recorta contexto e temas da sociedade provincial e republicana, numa
cronologia que perpassa a Mudança da Capital de São Cristóvão para Aracaju, em
1855, a falência do regime monarquista e implantação de nova ordem política de
1889. Prédio e acervo remontam o século XVIII e desafiam o tempo para satisfação
e aprendizado do público visitante.
Visitas importantes.
Entre os dias 4 e 19 de janeiro de 1860, Dom Pedro II e a
imperatriz Tereza Cristina conheceram Sergipe. De Aracaju, capital da
Província, o imperador visitou as cidades de Maruim, Laranjeiras, Estância e
São Cristóvão. O plano inicial era chegar a ex-capital navegando pelo
Vaza-Barris, mas a notícia da barra ressacada influiu na escolha da montaria, o
que motivou a ausência da imperatriz.
Na manhã do dia 17 de janeiro, às 5 horas, centenas de cavaleiros
acompanharam a comitiva imperial depois da queima de fogos e formalidades de
estilo. O imperador trajava paletó preto, calça branca, chapéu de palha e botas
de montaria. A missão era formada por unidade da Guarda Nacional, Presidente
Provincial, Manuel da Cunha Galvão, secretários, chefe da Polícia e demais
autoridades. Cumpriram itinerário pela estrada de Campo Grande, Mundé da Onça e
Vale do Medo vencendo 5 léguas em duas horas.
Na chegada a São Cristóvão a comitiva imperial foi
recepcionada com vivas e flores, num centro histórico engalanado de arcos e
colchas que ornavam as janelas residenciais. Cerca de 1.200 praças, sob comando
do Tenente Coronel José Guilherme da Silveira Teles, da Guarda Nacional,
prestaram continência ao magnânimo imperador do Brasil. Este ficou hospedado no
antigo Palácio Provincial que servia de Câmara Municipal de Vereadores e fora
especialmente preparado para acomodar o ilustre monarca.
Na sua estada, Dom Pedro II visitou escolas e argüiu alunos
e professores, esteve nos conventos e igrejas, doou esmola a Santa Casa de
Misericórdia, orou na Igreja Matriz, conheceu o mercado e cemitério local,
ainda concedeu beijamão. No dia seguinte, o imperador galopou 4 léguas até o
engenho Escurial, propriedade de Antonio Dias Coelho e Mello, a fim de conhecer
sua produção canavieira e criações de gado, cavalo e ovino. Antes do retorno a
Aracaju, Dom Pedro II participou de almoço especialmente oferecido pelo
proprietário do único engenho visitado em Sergipe.
Trajetória.
Após dois anos de restauração o Museu Histórico de Sergipe,
o mais antigo do Estado, reabre suas portas a sociedade brasileira. O Estado
comprou o prédio que pertencia a Fazenda Federal por 2:000$000 (dois contos de
réis), conforme escritura de compra e venda de 19 de março de 1918. (Cartório
do 1. Ofício da Comarca de Aracaju. Livro de Notas, fls. 57 a 59). Na primeira
metade do século XX, o prédio teve utilidades diversas. Foi delegacia até o
final da década de 1930. Em 1940 foi reformado às expensas da Prefeitura
Municipal, durante gestão do prefeito Antônio Silvio Bastos, e transformado em
escola, nesse período serviu também como salão de bailes nas ocasiões festivas.
(Recibo de despesa. Tesouraria Arquivo da PMSC, 04/12/1939-05/04/1940). Mas foi
a Exatoria instalada na década de 1950. Segundo Lauro Barreto Fontes foi na
iminência de retornar a condição de escola que no ano de 1960, no dia 5 de
março, ele foi inaugurado como Museu Histórico de Sergipe, no Governo de Luis
Garcia.
Acervo.
Seu rico e diversificado acervo tem a marca dos seus
curadores, os irmãos Junot Silveira e Jenner Augusto. São mobílias dos séculos
XIX e XX; quadros artísticos variados; bustos de personalidades sergipanas;
coleções de moedas, medalhas, louças, telefones antigos; além de objetos e
fotos raras de personagens do cangaço e muito mais. O prédio do Museu Histórico
de Sergipe foi tombado pelo Estado como bem de valor e preservação através do
Decreto N. 22.148, de 8 de setembro de 2003.
fonte:
FONTES, Lauro Barreto. Como se conta a História de Peri e
Ceci. In: ___. O vendedor de arco-íris. Salvador: Bureau, 1984, p. 85.
GOIS, Baltazar. A República em Sergipe. Aracaju: Governo do
Estado de Sergipe, 2005, p. 4 e 17. (1ª. ed. 1891)
Viagem Imperial a Província de Sergipe, ou narração dos
preparativos, festejos e felicitações que tiveram logar por ocasião da visita
que fizerão a mesma Província Suas Majestades imperiais em janeiro de 1860.
Bahia, Typographia do Diário, 1860, p. 99-114.
FREIRE, Felisbelo. História de Sergipe. Petrópolis: Vozes;
Aracaju: Governo do Estado de Sergipe, 1977, p. 67. (1ª. ed. 1891).
* O site Museus em Sergipe é uma publicação dos alunos do
curso de Museologia, realizado como projeto final da disciplina Tópicos
Especiais em Educação e Comunicação em Museus, sob a coordenação do Prof. M.Sc.
Fábio Figueirôa. E-mail: museusemsergipe@infonet.com.br
Texto reproduzido do site: itabi.infonet.com.br
Foto reproduzida do blog: museuhsergipe.blogspot.com
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