Fotos: Silvio Rocha
Publicação compartilhada do site da PMA, de 10 de junho de 2010
Quatro décadas dedicadas à fogueira de São João
Por Gabriel Cardoso
Parceira da lua nas noites juninas, agregadora de pessoas, antiga tradição nordestina. Por tudo isso a fogueira é um dos principais símbolos dos festejos do mês junho. A tradição, aliás, perpassa os séculos e ultrapassa os limites geográficos do Nordeste brasileiro. Em Aracaju, um dos principais responsáveis pela sobrevivência desse símbolo junino é José Maria Guidce, de 67 anos.
Homem humilde, natural de Itabaiana, aprendeu com o pai italiano a arte de fazer uma boa fogueira. Há 40 anos, Seu José Maria completa sua renda vendendo as fogueiras que ele mesmo prepara. Hoje, debilitado pela rotina que leva, conta com a ajuda da companheira Maria Rosalina. O trabalho é árduo.
Seu José Maria passa o ano recolhendo e comprando madeira. Apesar da idade avançada, ainda encontra forças para cortá-la com o machado e assim vai dando tamanho e forma às fogueiras, que depois vende em sua própria casa, a de número 627 da rua Nestor Sampaio.
"Viver somente da aposentadoria que recebo seria quase um milagre de São João. Por isso, tenho que suar a camisa, mesmo com esta idade, para garantir o nosso sustento", conta.
As fogueiras de Seu José custam R$ 10 e ele diz vender cerca de 200 por ano. Para ele, isso mostra como o povo de Aracaju ainda valoriza a tradição. A cidade ainda tem outros pontos de venda de fogueiras, como a Ceasa, e mesmo assim o aposentado não perde o posto. As noites juninas agradecem.
História
Acender a fogueira em junho remonta antigos rituais pagãos de celebração ao solstício de verão, dia mais longo do ano e véspera do início das colheitas, quando os povos antigos do hemisfério norte louvavam a fertilidade da terra com festas profanas. Através do fogo e de sacrifícios, eles afastavam os ‘demônios' da estiagem e as pragas das plantações.
Na Idade Média, a Igreja Católica tratou de dar uma explicação cristã ao costume, no intuito de facilitar a conversão de pessoas e conseguir mais adeptos. A versão católica para os rituais afirma que Isabel, mãe de João Batista e prima de Maria, usou a fogueira para avisar a prima que São João havia nascido.
No Brasil, o hábito de acender fogueira no mês de junho permanece de maneira mais forte no Nordeste. Colocadas nas frentes das casas, de todos os tamanhos, a fogueira enfeita e deixa as ruas mais iluminadas.
Adultos e crianças juntam-se ao redor dela para conversar, dançar, comer, beber e soltar fogos. Desse modo, as festas dos três santos juninos - Santo Antônio, São João e São Pedro - acontecem em torno da fogueira. E a tradição vive, como madeira em brasa.
Texto e imagens reproduzidos do site: www aracaju se gov br
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