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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
sábado, 22 de fevereiro de 2025
'Dom Luciano Duarte na maçonaria', por José Lima Santana
Artigo compartilhado do site CLICKSERGIPE, de 21 de fevereiro de 2025
Dom Luciano Duarte na maçonaria
Por José Lima Santana*
Recentemente, o acadêmico e jornalista Luiz Eduardo Costa ofertou-me alguns exemplares do opúsculo “Um Discurso Para a História”, referente à palestra que Dom Luciano José Cabral Duarte proferiu na Loja Maçônica Cotinguiba, em 29 de maio de 1968, três anos após ter recebido o convite para tal. O opúsculo foi publicado pela EDISE, em 2021.
O motivo do convite para palestrar na Maçonaria foi por conta de um artigo publicado pelo ainda padre Luciano Duarte na revista “Cruzada”, que tanta falta faz à nossa Arquidiocese, quando ele regressou da terceira Secção do Concílio Ecumênico Vaticano II. Era dezembro de 1964.
No artigo, o padre Luciano Duarte “contava como durante a 3ª Sessão do Concílio os Bispos Mexicanos haviam levantado na aula conciliar esta pergunta: ‘Não será chegado o momento de reabrir o dossiê da questão entre a Igreja e a Maçonaria’”?
Uma questão por demais delicada, naquele tempo e ainda hoje. Mas, com a autorização do arcebispo Dom José Vicente Távora e, mais tarde, do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Sebastiano Baggio, Dom Luciano, já bispo auxiliar de Aracaju, pôde proferir a sua palestra para os maçons.
O palestrante fez menção à encíclica Populorum Progressio (Sobre o Progresso dos Povos), do papa Paulo VI, uma encíclica que, na visão de Dom Luciano, não teria merecido a devida atenção das pessoas. Eis o que ele disse: “Com um traço de curiosidade na alma, esperei que este primeiro aniversário de um dos documentos mais sérios e mais importantes da humanidade dos últimos tempos encontrasse a repercussão que merecia, para minha surpresa e para minha tristeza, o que verifiquei foi o primeiro aniversário da Populorum Progressio decaindo no Brasil. Os homens se esqueceram deste documento, uns por indolência do espírito, outros, por desinteresse espiritual”.
Deveras foi uma grande pena que a citada encíclica, publicada em 26 de março de 1967 e dedicada à cooperação entre os povos e ao problema dos países em desenvolvimento, não tivesse obtido a devida repercussão entre nós. Aliás, ao longo dos tempos, muitos documentos emanados da Santa Sé ou da CNBB não têm o alcance que deveriam ter na compreensão de bispos, padres, diáconos e leigos/as. Muitos até vociferam asneiras sobre certos documentos eclesiais, sem sequer os conhecer.
Dom Luciano citou o 3º § da encíclica papal: “Hoje, o fenômeno importante de que cada um de nós deve tomar consciência é o fato da universalidade da questão social. Os povos da fome dirigem-se hoje de modo dramático aos povos da opulência. A Igreja estremece diante dos diferentes gritos de angústia, e convida a cada um para responder com amor ao apelo do seu irmão. Este é o fato mais grave, mais trágico da hora presente, o fato de que a questão social se tornou universal. Internacional, ela envolve a humanidade inteira”.
Em sua preleção, Dom Luciano refere-se aos dois blocos políticos/econômicos nos quais o mundo se dividiu, o Ocidental, liderado pelos Estados Unidos, e o Socialista, liderado pela União Soviética. Diz que o papa Paulo VI, não sendo economista, nem estrategista, nem estadista, é “um perito em humanidade”. Portanto, a sua palavra é a de quem conhece as agruras das pessoas, especialmente daquelas mais afetadas pela miséria terceiro-mundista. Dom Luciano fala da evolução tecnológica a serviço dos seres humanos: “A técnica permitiu que o mundo dos subdesenvolvidos confrontasse a miséria com o mundo dos desenvolvidos”. Aquele, situado no hemisfério Sul, e este, no hemisfério Norte.
Há uma passagem do discurso que merece especial atenção, sobretudo porque Dom Luciano era visto como conservador, contrário, duramente contrário, ao socialismo de origem marxista. Eis, para a surpresa de muitos: “É particularmente significativo ver isso, que estes grandes líderes dos países em revolução, dos países que escolheram o caminho da violência para acabar com injustiças que os sufocavam. Possível citar dois nomes: Chu-En-Lai [companheiro de luta de Mao-Tsé-Tung, na China], antigo estudante da Sorbonne-Paris. Ho-Chi-Minh é um vietnamita que passa em Paris vários anos, que trabalha como garçom em restaurante para poder estudar. São estes homens que, no confronto da miséria a que está submetido o seu corpo, com a opulência destes povos que eles visitam esporadicamente, sentem nascer no seu coração a revolta, e esta revolta que neles desabrocha é apenas o símbolo da revolta que desabrocha hoje em toda esta imensa massa do terceiro mundo, que diante do confronto melancólico da miséria e do seu sofrimento, da sua opressão, do seu submundo, com a condição do desenvolvimento dos outros, parte em protesto, e todo o protesto se baseia nesta frase dita com todas as palavras, ou apenas sentida no âmago do coração: ‘Não, não aceitamos tais coisas, porque nós também somos homens’. E esta redução ao fundamento do sentimento revolucionário não é minha, mas do filósofo ateu Jean Paul Sartre”.
Para quem critica Dom Luciano por suas posições conservadoras, não dá para acreditar que tais palavras poderiam ter vindo dele. Mas, vieram. Com o passar do tempo, o arcebispo de Aracaju foi se tornado cada vez mais conservador, notadamente no que tange às suas posições contra a teologia da libertação e situações teológicas e/ou políticas afins. Ao seu modo, todavia, tinha uma determinada visão sobre as realidades sociais.
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*Padre (Paróquia Santa Dulce dos Pobres – Aruana - Aracaju), advogado, professor da UFS, membro da ASL,
Texto reproduzido do site: www clicksergipe com br
O ‘médico mais jovem do Brasil’
Publicação compartilhada do site G1 GLOBO SE, de 22 de fevereiro de 2025
10 anos depois, veja como está o sergipano que surpreendeu ao passar em medicina aos 14 anos
O ‘médico mais jovem do Brasil’, como ele se apresenta nas redes sociais, contou que, em março deste ano, vai finalizar a residência médica em ginecologia e obstetrícia, e pretende inaugurar um Centro Médico na cidade onde nasceu.
Por Antônio Cardoso
José Victor Teles se apresenta nas redes sociais como o 'médico mais jovem do Brasil'
Há 10 anos, o sergipano José Victor Menezes Teles surpreendeu o país ao conseguir a aprovação no curso de medicina da Universidade Federal de Sergipe (UFS) aos 14 anos. Uma década depois, ele relembrou os desafios e contou ao g1 sobre os novos passos na carreira.
Victor disse que, para poder cursar, houve um obstáculo legal: ele ainda não havia finalizado o ensino médio. Mesmo sendo aprovado em sétimo lugar, o adolescente à época, precisava do certificado de conclusão do ensino regular.
"As pessoas geralmente acham que entramos na justiça pedindo para ingressar na universidade, mas na verdade a UFS nunca barrou, ela apenas pede a conclusão do ensino médio. Então entramos na justiça pedindo para realizar provas de proficiência para concluir o ensino médio, similar a um supletivo"
Para garantir esse documento, o próprio jovem aos 14 anos redigiu o pedido ao secretário de Estado da Educação de Sergipe para conclusão do ensino médio, que foi negado. "Quando foi indeferido entramos na Justiça, e o juiz autorizou a realização das provas, fiz 13 exames, incluindo uma redação, e consegui a aprovação", disse.
Após o breve embate judicial, ele começou o curso, mas, no ano seguinte, em 2016, o adolescente realizou o Enem pela segunda vez e novamente foi aprovado, dessa vez, em segundo lugar. "Para provar que não foi sorte", brincou o médico.
Mesmo sendo muito jovem ao ingressar no curso, o fim da graduação também foi antecipado em 2021. Durante a pandemia, antes mesmo da formação, ele prestou mais de 700 horas de auxílio na linha de frente do combate à doença e foi beneficiado por uma portaria do governo federal com a antecipação da formatura junto com outros 143 novos médicos da UFS, durante a pandemia da Covid-19.
O '"médico mais jovem do Brasil", como ele se apresenta nas redes sociais, vai finalizar, em março deste ano, a residência médica em ginecologia e obstetrícia, área que ele escolheu após ter trabalhado efetivamente nela durante a pandemia da Covid-19, logo após se formar.
“Justamente após tantas perdas durante a pandemia que decidi seguir para a ginecologia e obstetrícia. É de encher o coração de alegria poder atuar diretamente com o cuidado na geração de novas vidas”, afirmou.
Além disso, Victor afirmou que pretende inaugurar em breve um Centro Médico na região Agreste de Sergipe onde vai atuar com a noiva, a também médica obstetra Catarina Fagundes.
“Eu a conheci durante um módulo da residência [...] passávamos todos os dias juntos. Estamos na mesma área e somos uma dupla. Fazemos cursos juntos, operamos juntos e também damos plantão em dupla”, disse.
Victor é natural de Itabaiana, cidade com cerca de 100 mil habitantes, que fica na Região Agreste do estado, distante cerca de 55 km de Aracaju. Em 2015, a cidade vibrou com a aprovação do adolescente e até hoje os moradores demonstram carinho, o que ele sempre tenta retribuir de alguma forma. Segundo ele, pouco mais de 200 itabaianenses já vieram ao mundo com o seu trabalho.
“Morei minha vida inteira em Itabaiana e, desde o primeiro dia de formado, trabalho aqui. No momento, atuo na maternidade São José realizando partos, muitos desses de pessoas conhecidas e, a título de curiosidade, anoto e registro o nome, data e hora de todos os nascimentos que acontecem comigo”, confidenciou.
É em Itabaiana que a família de Victor vive até hoje; a mãe e o pai, que são professores, têm outros três filhos mais jovens e que já foram influenciados pela história de sucesso do irmão e por vivenciarem o dia a dia dele, mas o jovem médico relata que incentiva para que cada um siga o próprio caminho.
Texto e imagem reproduzidos do site: g1 globo com/se