
sexta-feira, 17 de março de 2023
Revisão na biografia de João Bebe-Água
Aracaju, uma cidade que foi planejada para ser capital
Legenda da foto: Igreja do Santo Antônio na década de 30
Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 17 de março de 2023
Aracaju, uma cidade que foi planejada para ser capital
A capital de Sergipe, Aracaju, que significa cajueiro dos papagaios, está completando neste 17 de março, 168 anos. Fundada em 17 de março de 1855, é a menos populosa capital do nordeste do Brasil. A história de Aracaju – antigo povoado Santo Antônio de Aracaju – é uma das mais inusitadas. Sua fundação ocorreu inversamente ao convencional. Ou seja, não surgiu de forma espontânea como as demais cidades, foi planejada especialmente para ser a sede do governo do Estado. Passou à frente de municípios já estruturados, principalmente São Cristóvão, do qual ganhou a posição de capital.
Acredita-se que uma capelinha, a Igreja de Santo Antônio, erguida no alto da colina, tenha sido o início da formação do arraial que se transformaria depois na capital do Estado. A cidade de Aracaju, hoje com cerca de 650 mil habitantes, surgiu de uma colônia de pescador que pertencia juridicamente a São Cristóvão. Seu nome é de origem tupi, e, segundo estudiosos da língua indígena, significa cajueiro dos papagaios.
Por ter o privilégio de estar localizado no litoral e ser banhado pelos rios Sergipe e Vaza-Barris, o pequeno povoado foi escolhido pelo presidente da província, Inácio Joaquim Barbosa, para ser a sede do Governo. Deixou para trás, além de São Cristóvão, grandes cidades como Laranjeiras, Maruim e Itaporanga d’Ájuda. Inácio Barbosa assumiu o governo em 1853 com o desejo de fazer prosperar ainda mais a província. Ele sabia que o desenvolvimento do Estado dependia de um porto para facilitar o escoamento da produção. Apesar de várias cidades no Estado estarem desenvolvidas econômica e socialmente, faltava essa facilidade.
Cidade planejada
O presidente contratou o engenheiro Sebastião José Basílio Pirro (homenageado com nome de rua em Aracaju) para planejar a cidade, que foi edificada sob um projeto que traçou todas as ruas em linha reta, formando quarteirões simétricos que lembravam um tabuleiro de xadrez. Com a pressa exigida pelo Governo, não houve tempo para que fosse feito um levantamento completo das condições da localidade, criando erros irremediáveis que causam inundações até hoje.
O projeto da cidade se resumia em um simples plano de alinhamentos de ruas dentro de um quadrado com 1.188 metros. Estendia-se da embocadura do Rio Aracaju (que não existe mais), até as esquinas das avenidas Ivo do Prado com Barão de Maruim, e a Rua Dom Bosco (antiga São Paulo). A cidade cresceu inflexível dentro do tabuleiro de xadrez. Aterrou vales e elevou-se nos montes de areia. Foram feitas desapropriações onerosas e desnecessárias, para que o projeto mantivesse a reta. A única exceção foi uma alteração imposta pelo próprio presidente, permitindo que a Rua da Frente ganhasse uma curva, criando a bela avenida que margeia o rio Sergipe.
Arraiais de pescadores
As terras de Aracaju originaram-se das sesmarias, doadas a Pero Gonçalves por volta de 1602. Compreendiam 160 quilômetros de costa, que iam da barra do Rio Real à barra do Rio São Francisco, onde em toda as margens do estuário não existia uma vila sequer. Apenas eram encontrados arraiais de pescadores.
Há notícias de que às margens do Rio Sergipe, em 1669, existia uma aldeia chamada Santo Antônio do Aracaju, cujo capitão era o indígena João Mulato. Quase um século depois, essa comunidade encontrava-se incluída entre as mais importantes freguesias de Nossa Senhora do perpétuo Socorro do Tomar do Cotinguiba.
Os fatos mais relevantes da vida política de Aracaju estão registrados a partir de 1855. O desaparecimento das lutas e agitações da vida colonial possibilitou o crescimento da economia. O açúcar, produto básico da província, era transportado por navios que traziam em troca mercadorias e as notícias do reino.
Texto e imagens reproduzidos do sute: destaquenoticias.com.br
Aracaju comemora 168 anos com avanços em desenvolvimento urbano...
Foto: André Moreira
Publicação compartilhada do site da PMA, de 17 de março de 2023
Aracaju comemora 168 anos com avanços em desenvolvimento urbano e superação de desafios
Agência Aracaju de Notícias
Nesta sexta-feira, 17 de março, a cidade de Aracaju comemora 168 anos de fundação. A sua formação é fruto da superação de limitações geográficas e o processo de emancipação em relação à Bahia está no início de toda a sua história. Para o prefeito cidade, Edvaldo Nogueira, comemorar o aniversário de Aracaju "é sempre muito especial, não apenas pelo trabalho que realizamos para que a nossa capital cresça e se desenvolva, mas, sobretudo, pela sua rica história que foi construída com a participação de milhares de pessoas".
"É uma ocasião em que olhamos para o passado, para cada tijolo que foi colocado na cidade, garantindo o seu progresso, mas que também renovamos a nossa esperança por um futuro ainda melhor. Foi o ato heróico e visionário de Ignácio Barbosa, de transferir a capital para Aracaju, que a fez se tornar a locomotiva para o crescimento pujante do nosso estado, então é muito importante que a gente comemore os 168 anos de uma capital que foi planejada e que é resultado de um trabalho coletivo do seu povo. Celebraremos esta data com a grandiosidade que a nossa cidade merece”, comemora o prefeito.
De acordo com o professor e historiador Paulo Teles, após a emancipação política, Sergipe, cuja capital, à época, era o município de São Cristovão, ainda passou um tempo dependente economicamente da Bahia. Ele conta que a partir de 1853, o então primeiro-ministro Honório Hermeto de Carneiro Leão estabeleceu o Ministério da Conciliação, viabilizando a estabilidade política que o estado precisava para a realização de grandes obras de infraestrutura.
“Diante desse cenário, o presidente da província, Inácio Joaquim Barbosa, teve a iniciativa de buscar uma nova capital, de preferência que tivesse o acesso direto ao mar e que possibilitasse a construção de um porto. Para isso, ele teve que superar forças políticas tradicionais na província de Sergipe, que não tinham interesse de que a capital deixasse de ser São Cristóvão", explica.
A partir da sua aliança com João Gomes de Melo, conhecido como Barão de Maruim, completa Paulo Teles, foi ratificada a mudança da capital para Aracaju, que à época era um vilarejo de pescadores. O simples fato de propor a mudança para Aracaju, na época, já era algo impensável. Aracaju era uma região marcada pela presença de manguezais, muitos charcos, áreas alagadiças e assolada por uma série de doenças”, detalha o historiador.
Fundação e crescimentoCom a transferência da capital da província para Aracaju, em 17 de março de 1855, a nova cidade foi projetada pelo arquiteto Sebastião José Basílio Pirro, em um formato semelhante a um tabuleiro de xadrez. O projeto tinha grande influência de uma arquitetura voltada para elementos neoclássicos.
“No início, foi construída uma capital que era voltada para receber apenas funcionários públicos. A maior evidência disso é que, nesse primeiro momento, as camadas mais populares acabaram sendo excluídas de dentro desse tabuleiro. Os trabalhadores que ajudaram a construir a cidade acabaram vivendo às margens, alguns no que futuramente seria o bairro Industrial, outros pela região do Aribé [atual bairro Siqueira Campos], outros se agruparam onde hoje é a Caixa D'água [no bairro Cirurgia]”, explica Paulo Teles.
A Colina do Santo Antônio, relembra o historiador, foi o ponto de partida da cidade, que teve como primeira igreja a de São Salvador do Aracaju, na rua Laranjeiras, no Centro. Em 1857 foi construída a praça Fausto Cardoso, e em seguida surgiram outros símbolos de poder. “Eu vejo Aracaju como uma cidade do impossível, capaz de se reinventar. Um lugar que recebe muitas pessoas que estão fugindo dos grandes centros e que oferece todo o conforto que uma capital pode oferecer. Quem vem para cá fala da tranquilidade, da possibilidade de se ter uma vida menos agitada, mas acima de tudo, fala de uma cidade em que tudo é possível se fazer”, conta Paulo Teles.
Desenvolvimento da cidadePara que Aracaju se desenvolvesse, a cidade superou muitos obstáculos naturais. O “tabuleiro de Pirro”, com quarteirões retangulares, era considerado moderno para a época. Mas de acordo com o engenheiro Sérgio Ferrari, secretário municipal de Infraestrutura e presidente da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), esse traçado retangular não foi uma boa ideia para uma cidade situada em região de mangue. “Esse tipo de traçado, se por um lado foi moderno para a época, por outro, fez com que o crescimento da cidade se desse por meio de aterros de manguezais”, observa.
Com o passar do tempo, a cidade expandiu os seus horizontes e passou a ser beneficiada pelo desenvolvimento industrial decorrente da chegada da estrada de ferro. Ferrari explica que a cidade começou a criar novos vetores de crescimento e foi se expandindo para todos os lados. “Hoje, Aracaju suplantou completamente o conceito original. Não é mais uma cidade com a estrutura quadriculada, mas ainda continua a ter grande parte do seu crescimento se dando em regiões baixas. É uma cidade moderna, praticamente não está mais restrita ao Centro, há várias centralidades, grandes áreas de expansão humana, com ruas mais largas. Aracaju está saindo daquele padrão quadriculado para um padrão em que a gente acompanha os acidentes naturais de rios e de praias, por exemplo”, diz.
Sérgio Ferrari destaca que a cidade, atualmente, se prepara para o futuro, para vencer demandas ambientais. Para ele, é preciso conjugar a expansão com a proteção do meio ambiente, pensando na drenagem da cidade e em tecnologias de construção que possam prevenir contra as possíveis alagamentos.
A capital sergipana tem também muitos desafios pela frente, a exemplo da mobilidade urbana, como salienta o gestor de Obras da capital. “Aracaju não tem grandes vias urbanas, a maioria das ruas e avenidas é estreita. Um grande diferencial é o bairro 17 de Março, que foi construído pela gestão do prefeito Edvaldo Nogueira com uma visão de que é preciso ter ruas largas. Na hora de planejar, tem que pensar no futuro, evitando os gargalos de escoamento. Além disso, a cidade também precisa ter mais arborização. Tudo isso ainda é um grande desafio para o futuro”, destaca Sérgio Ferrari.
Dinâmica territorialUma das características da dinâmica territorial de Aracaju é o avanço sobre as regiões de mangue. Segundo a professora doutora em Geografia Guta Mundim Vargas, desde o rio do Sal até o Vaza Barris, Aracaju é uma cidade tropical "envelopada por manguezais". "Acho um sítio muito singular, muito lindo”, ressalta. Ela explica que a capital teve um retardo na verticalização porque a cultura dos governos, sobretudo no início do século XX, era dos grandes conjuntos residenciais.
“Na minha visão, Aracaju tem essa marca de uma cidade que foi planejada no racionalismo passando por cima de mangues. Quando veio a verticalização, surgiu também outro segmento de ocupação que segrega a população, que foram os condomínios”, afirma. Para a professora Guta Mundim, a capital sergipana é singular também por outro motivo: é a única cidade do Brasil que tem uma reserva extrativista urbana, que é a Reserva das Mangabeiras, recém-criada pela atual gestão municipal.
A geógrafa destaca também que a dinâmica da ocupação territorial foi ruim, pois resolveu os problemas imediatos da época, mas não pensou nas demandas que poderiam surgir no futuro. “Estamos completando 168 anos da fundação da nossa cidade. A cada ano temos que nos lembrar das nossas feridas, mas também ressaltar as nossas singularidades. É por isso que eu amo Aracaju”, afirmou.
Texto e imagem reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br
quarta-feira, 15 de março de 2023
Thaís Bezerra ENTREVISTA Thiarlley Valadares
Publicação compartilhada do site do JORNAL DA CIDADE, de 13 de março de 2023
TB Entrevista Thiarlley Valadares
Em tempos em que a representatividade é um tema cada vez mais importante, a autora se aprofunda na discussão sobre como as mulheres negras são retratadas na literatura
Vamos bater um papo com a jornalista, escritora e digital influencer Thiarlley Valadares que tem uma novidade quentíssima para compartilhar com vocês! Natural da cidade de Tobias Barreto e perto de completar 28 primaveras no próximo dia 30 de março, Thiarlley tem três obras já publicadas e decidiu se aventurar no gênero não-ficção com a obra “Mulheres Negras e Literatura: representatividade, estereótipos e protagonismo”. Em tempos em que a representatividade é um tema cada vez mais importante, a autora se aprofunda na discussão sobre como as mulheres negras são retratadas na literatura. Conheça um pouco dessa obra que, tenho certeza, será um sucesso absoluto!
THAÏS BEZERRA - Antes de tudo, me conta: quem é Thiarlley Valadares?
Thiarlley Valadares - Sou sergipana e uma contadora de histórias. Comecei a escrever aos 15 anos e depois não parei mais! Sou jornalista, escritora, tenho especialização em Comunicação na Pós-Modernidade e em História e Cultura Afrobrasileira.
TB - Como nasceu o livro ‘Mulheres Negras e Literatura’?
TV - Em 2021, cursei a minha segunda especialização, em História e Cultura Afrobrasileira. Durante o período que estudei, a falta de personagens negros nos livros considerados famosos passou a ser muito mais impactante pra mim, principalmente se tratando de mulheres. Comecei a pensar: como a mulher negra é representada na literatura? Quais são as narrativas que as envolvem enquanto protagonistas de uma história? Este livro nasceu como o Trabalho de Conclusão de Curso da pós, mas percebi que guardar este trabalho dentre os diversos documentos estudados parecia injusto. Então decidi publicar.
TB - Que incrível! E por que preferiu publicar como livro e não como um trabalho acadêmico?
TV - A Academia é fundamental e necessária, mas eu queria que o assunto alcançasse leitores, pessoas que consomem livros de todos os gêneros, mas principalmente, romance. Queria que essas pessoas tivessem os mesmos questionamentos que eu. Publicar como um artigo científico seria ótimo, mas eu precisava que fosse um livro que chegasse em todos os públicos e, principalmente, para todas as mulheres.
TB - O que difere essa obra dos seus livros já lançados?
TV - Mulheres negras são prioridade nas minhas narrativas, logo, questões como amor, racismo, relações interraciais, solidão e machismo de modo mais sutil já apareceram nos meus livros. Tenho romances, como ‘O Bom Soldado’ e ‘Amor em Lugares Fechados’, este segundo dedicado ao público adolescente, como tenho também contos e crônicas que tratam sobre ser uma mulher negra. Desta vez, chegou a hora de falar sobre de forma direta, abordar o problema pelo nome.
TB - Quais foram as suas referências para este livro?
TV - Sendo fiel ao nome e à proposta, o livro traz apenas mulheres negras como referência. Nomes brasileiros como Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus e Djamila Ribeiro são citados, assim como a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie e a americana Toni Morrison também compõem essa obra.
TB - Notei que você dedicou um capítulo com orientações para escritores, qual foi a razão?
TV - Como eu estou sempre falando sobre e indicando livros acerca do tema representatividade, é comum que escritores iniciantes me procurem perguntando o que fazer ou não fazer. É importante entender que ninguém é obrigado a nada, a literatura é um lugar com liberdade de criação. No entanto, é preciso compreender quais são as consequências, boas ou ruins, de se ter um livro com ou sem representatividade. Por isso, o capítulo voltado para escritores, com base na minha experiência, seja como autora, seja como leitora.
TB - E como você resumiria essa sua experiência como escritora?
TV - Também dediquei um capítulo do livro sobre isso, pois acredito que para entender a forma como escrevemos, primeiro é preciso entender quem somos, quais foram e quais são as nossas referências, em todos os âmbitos. Eu comecei a escrever buscando me enxergar, ter personagens parecidas comigo. A partir daí, as minhas referências passaram a ser uma busca dessa semelhança, dessa arte que pudesse imitar a vida de uma pessoa como eu, fosse na aparência, fosse na vivência. Mas sei que ainda tenho muito o que aprender. Acredito que, como escritora, preciso entender que estou em contínuo processo de aprendizado e em busca de referências.
TB - Fiquei apaixonada pela capa! Quem foi o ou a artista?
TV - A sergipana Lara Correia é a responsável por essa capa linda que eu também amei demais! É a segunda vez que trabalhamos no mesmo projeto, ela também é a responsável pela capa de ‘Amor em Lugares Fechados’, obra de ficção voltada ao público adolescente. Para acompanhar o trabalho dela é só buscar @laryncc no Instagram. Espero continuar com essa parceria que, desde 2021, tem se tornado em uma ótima amizade!
TB - Quais os seus outros livros?
TV - Sou uma autora de romances! ‘O Bom Soldado’, lançado em 2020, é um romance entre uma brasileira e um soldado americano durante a Segunda Guerra Mundial, meus leitores costumam chorar e me ameaçar. (Risos) ‘Apenas Fugindo: o livro’, lançado em 2021, é uma coletânea de contos e crônicas publicados no meu blog, de mesmo nome, e alguns textos inéditos. E ‘Amor em lugares fechados’, também de 2021, o meu xodozinho, é um romance leve, divertido e direcionado ao público juvenil.
TB - Quais serão os seus próximos passos?
TV - Ah, tem mais um livro ainda em 2023! Tenho uma obra na gaveta que comecei a escrever em 2016 e que está em fases finais de revisão. Trabalhei muito nessa história e não vejo a hora de trazê-la para o público.
TB - Mas e aí, onde podemos comprar ‘Mulheres Negras e Literatura’?
TV - Este é um livro 100% digital e o e-book está disponível na loja Kindle. Para aqueles que não possuem o e-reader, o aparelho para leitura de books, é só baixar o aplicativo e comprar o livro por lá.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net/thais-bezerra
terça-feira, 14 de março de 2023
OPINIÃO > E se o presente de Aracaju fosse conhecer a sua própria arte?
Publicação compartilhada do site JLPOLÍICA, de 13 de março de 2023
E se o presente de Aracaju fosse conhecer a sua própria arte?
Por Thiago Paulino* (Coluna Aparte)
O que nos faz aracajuanos? Certa vez pedi a um auditório lotado de estudantes secundaristas que me dissessem o nome de cinco artistas sergipanos. Com muita dificuldade, alguns disseram o nome de dois ou três. Quais são as raízes dessa ignorância? De quem é a culpa?
Se trocarmos a palavra culpa por responsabilidade, iremos perceber que é um conjunto de frentes e responsabilidades. Do poder público, que pode determinar regras do jogo; da mídia e veículos, que podem e devem fazer a arte circular, e dos artistas, que precisam se produzir.
Mas essas responsabilidades devem ser puxadas, debatidas e principalmente colocadas em ações reais através de uma política pública de cultura que seja consistente e estruturante. Um programa que deve ser discutido e executado por muitas mãos.
Talentos nós temos, e muitos. Talentos que já conquistaram visibilidade internacional. A turma da música, em um post provocativo na página do instagram @festivallivesuasmaos, fez uma linda programação cultural para mostrar a alma musical e artística aracajuana.
Mas o card virtual logo alerta que é “programação meramente ilustrativa”. No entanto, eu complementaria esse aviso: meramente ilustrativa, mas “urgentemente necessária”.
“A” programação - Na programação, seriam sete polos espalhados pela cidade: “Já imaginou atravessar o Rio Sergipe no Tototó, ao som de muito forró? Ou curtir uma roda de poesia no alto da Colina Santo Antônio?
Quem sabe um rock dos bons nos cajueiros? E uma mostra aracajuana de cinema? Foda, né! Mas nada disso vai rolar. Mais uma vez a postagem tem como intuito provocar o debate público sobre gestão cultural da cidade e mostrar a gama de possibilidades que @edvaldonogueira e @luccorreia_ tinham para montar uma programação plural e representativa da cidade.
Mas preferiram fechar os olhos pro que temos de melhor, que é a nossa cultura. Será que é tão difícil pensar numa programação como essa? Porque não incluir mais artistas sergipanos no aniversário de sua cidade? Está faltando criatividade ou vontade política? Ou os dois?”, questiona a turma da música.
Essas questões são válidas e pertinentes e reforçam que necessitamos de uma política construída com diálogo e vinculada a um orçamento necessário. O problema não é falta de dinheiro, pois temos muito dele pulverizado em dois grandes eventos: Forró Caju e Festival de Verão.
A velha história de cachês altíssimos e mega estruturas que se desfazem no mês seguinte. Cachês que ficam no bolso dos empresários do entretenimento de fora do Estado. No aniversário de Aracaju, teremos, promovidos pela Prefeitura Seu Jorge, por R$ 380 mil, Xande de Pilares, R$ 205 mil, Gabriela Rocha, R$ 120 mil, Som e Louvor, R$ 95 mil, DJ Abençoadão, R$ 45 mil.
Palco como formação de público. Esses mega palcos trazem visibilidade política, mas não formam públicos. Isso porque o público já conhece aquelas músicas incansavelmente tocadas nas rádios e na grande mídia.
Valorizar a cultura local não é se apropriar de seus símbolos. Quanta propaganda com trios pé de serra e quadrilhas juninas sem valorizar de forma consistente esses grupos. É necessário levar cultura a sério. Colocá-la no orçamento do município para que os bairros tenham bibliotecas decentes, polos de ensino de arte.
Cadê a Valdice Teles com estrutura para formar produtores de mercado? Com um bom corpo pedagógico que receba bem e voltado para diversas linguagens? Por que não há cursos para mostrar ao artista popular como entrar no mercado digital?
É preciso medidas que ajudem o artista a se produzir, a formar novos repertórios. Enfim, a viver de sua arte. E reforçando: investir na cultura traz retorno financeiro contínuo para a economia local. Imagine naquele exemplo de aniversário descentralizado de Aracaju quanto economia dos bairros poderia ser provocada. Mas não é só economia. A arte faz o público olhar para si mesmo.
Imagine a potência de o próprio aracajuano conhecer outros cantos da sua cidade se a programação que a turma da música sugere acontecesse. Uma população que sente orgulho coletivo e se vê no palco tem mais força para fazer inclusive escolhas políticas melhores.
Quem viu Zé Peixe mergulhar no Rio Sergipe e salvar vidas? Quem ouviu falar da arte de Arthur Bispo do Rosário? Quem escutou as histórias do Bairro Cirurgia no rap de Tonho Baixinho e Irmão? Quem viu o Imbuaça atuar? Ou Edgar do Acordeon entoar sua canção embaixo de um cajueiro secular?
Esses são alguns dos mestres que ecoam suas vozes e sua arte nas paisagens aracajuanas. Suas vozes, melodias e performances instigam os artistas que ainda continuam sua caminhada por aqui com a necessidade vital de ter sua arte valorizada e reconhecida.
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[*] É jornalista, sociólogo e autor do livro “Palco de Disputas e Disputas pelo Palco no País do Forró”.
Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br
segunda-feira, 13 de março de 2023
domingo, 12 de março de 2023
Turismo religioso é importante indutor do desenvolvimento regional em Sergipe
Publicação compartilhada do site GOVERNO DE SERGIPE, de 12 de Março de 2023
Turismo religioso é importante indutor do desenvolvimento regional em Sergipe
Estado possui importantes manifestações religiosas que atraem turistas de várias partes; política integrada do Governo de Sergipe busca fortalecer e aquecer destinos que atraem fiéis de várias partes do estado e do país
O Governo de Sergipe, preocupado em diversificar as atrações turísticas ofertadas pelo estado, tem investido em projetos que fomentam o turismo religioso. A Romaria do Senhor dos Passos, que acontece no município de São Cristóvão, durante a Quaresma, é uma das celebrações religiosas mais tradicionais do estado. Interrompida durante o período da pandemia, agora em 2023 voltou a acontecer e atraiu um público em torno de 100 mil pessoas, ampliando a perspectiva de novos mercados, empregos e movimentando, de forma significativa, a economia regional.
E para fortalecer ainda mais o turismo religioso na quarta cidade mais antiga do país, o Governo de Sergipe está executando a obra do ‘Caminho Santa Dulce dos Pobres’, que deve atrair milhares de turistas ao município. O percurso ligará Aracaju ao Centro Histórico de São Cristóvão. O roteiro compreenderá cerca de 17 km, e está previsto para ser iniciado na Paróquia Irmã Dulce dos Pobres, no bairro Aruana, em Aracaju, com ponto de chegada no Convento do Carmo, em São Cristóvão, onde a religiosa morou por mais de um ano. Com investimentos de R$ 13.974.557,00 e executada por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura (Sedurbi), a previsão é que a obra seja concluída no mês de dezembro.
Silvana Silva dos Santos é um dos milhares romeiros que se dirigiram a São Cristóvão, no último final de semana. De Lagarto, ela percorreu a pé, durante 16 horas, o trajeto até o Centro de São Cristóvão. Para ela, participar de eventos religiosos como a Romaria do Senhor dos Passos representa um ato, sobretudo, de devoção e fé. “É a primeira vez que participo e estou encantada. É uma romaria muito bonita e emocionante. Vale a pena participar, com certeza”, frisou a romeira, que fez questão de dizer que não foi pagar nenhuma promessa. “Não vim pedir nada, só agradecer”
Realizada há mais de 200 anos, a Romaria do Senhor dos Passos sempre ocorre no período quaresmal, em preparação para a Páscoa, e é uma das maiores manifestações religiosas do Nordeste, iniciada depois que a imagem do santo foi encontrada num rio próximo a São Cristóvão. Em 2015, passou a ser reconhecida como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado de Sergipe. Segundo o frei Pedro Rangel, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Vitória, em São Cristóvão, o que motiva essas pessoas a participarem da manifestação religiosa é a crença em Cristo. “É algo penitencial onde as pessoas confiam a sua vida ao sacrifício de Cristo. As pessoas olham para o Cristo, confortam os seus sofrimentos e pedem a ele, que carregou a cruz por amor para nos salvar, a força para carregar as cruzes do dia a dia. É uma romaria que atrai muita gente por conta da imagem do Senhor dos Passos”, disse o frei.
Há 19 anos, Edivânia Fontes dos Santos organiza um grupo que sai de Lagarto, na região centro-sul do estado, para a Romaria do Senhor dos Passos. Ela conta que, no início, eram 18 romeiros. Hoje, o grupo já conta com 88. “É muito gratificante para mim, a cada dia eu tenho mais motivação para organizar toda a parte de segurança, alimentação e escolta. Muitas pessoas novas estão participando, com vontade de agradecer ao Senhor dos Passos pelo tempo que a gente passou em casa, com saúde, é a sede de vivenciar a parte católica”, contou Edivânia, moradora do povoado Várzea dos Cágados.
Economia aquecida
A circulação de romeiros e turistas, durante o período de evento, movimenta e aquece a economia local. Todo esse potencial despertou o interesse do comerciante de artigos religiosos Gilberto Gabriel da Silva, morador do município de Dois Riachos, em Alagoas. Para o empreendedor, que trabalha há mais de oito anos comercializando artigos religiosos, a Romaria do Senhor dos Passos é a oportunidade adquirir uma renda extra.
“Percorro festas religiosas comercializando artigos religiosos e imagens de santos. Já participei da festa de Divina Pastora, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Gloria e Propriá. Participarei das festas religiosas que tiver, porque atrai muita gente e é a oportunidade da ter uma renda a mais. Essa já é a quinta vez que venho para festa do Senhor dos Passos. É uma festa muito boa. A expectativa é muita positiva porque as pessoas participam das celebrações e aproveitam para adquirir os nossos produtos”, expôs.
A Romaria vem crescendo e hoje se consagra como uma das maiores do Nordeste é o que aponta a presidente da Fundação de Cultura do município de São Cristóvão, Paola Santana. “É fundamental para gerar economia criativa no município, para que entre dinheiro na cidade. A gente garante a realização desse evento por entender a importância para a cidade e para proporcionar um acolhimento também”.
Para o prefeito de São Cristóvão, Marcos Santana, a Romaria do Senhor dos Passos, assim como a Procissão do Fogaréu, Corpus Christi e Santa Dulce dos Pobres, apresenta grande potencial de atração turística para a região. “Nós da administração municipal não olvidamos esforços para fazermos investimentos elevados, inclusive não somente na festa propriamente dita, mas também na infraestrutura, criação de espaços que potencializem ainda mais a festa. No caso específico do Senhor dos Passos, o investimento direto da prefeitura foi de mais de R$ 220 mil para que aconteça o evento religioso, além do que a gente disponibiliza com toda a estrutura do município como SMTT, Secretaria de Saúde, Secretaria de Assistência Social, inclusive, com atividades que vão além daquilo que é o objetivo do evento”, declarou.
Os turistas que visitam o município de São Cristóvão pela sua tradição religiosa, receberam, na última semana, o Mirante do Cristo Redentor totalmente revitalizado. Construído no início do século 20, o monumento foi revitalizado, num investimento de mais de R$ 2,6 milhões, que contemplou a construção de um restaurante panorâmico, e área de um mirante, com escadaria. “É um equipamento novo, como nunca antes aqui, e que tem como objetivo também atrair o público, não somente o turista religioso, como também o turista que vem apreciar o local. Então é mais um equipamento do turismo aqui em São Cristóvão que a gente está requalificando”, destacou o gestor.
Outros roteiros religiosos
O ‘Caminho Santa Dulce dos Pobres’ também deve atrair muitos turistas a São Cristóvão. A obra, executada pelo Governo do Estado, está na fase de terraplanagem e, de acordo com a Diretoria de Obras, Habitação e Regularização Fundiária da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura (Sedurbi), a próxima etapa estará voltada para o início da implantação de 73.577,00 mil m² de pavimentação em paralelepípedo.
Ciente da importância dessas manifestações, a Secretaria de Estado do Turismo (Setur) tem o papel essencial de proporcionar o apoio e o fomento necessários para a realização e a divulgação de eventos com foco no turismo religioso. Por isso, nesse início de gestão, a Setur tem dialogado com os municípios onde há eventos religiosos com potencial turístico.
Para o secretário de Estado do Turismo, Marcos Franco, os benefícios do turismo religioso são evidenciados no desenvolvimento local e no aquecimento do setor em Sergipe. “Temos cidades históricas onde o poder das manifestações religiosas atrai milhares de fiéis a cada ano, a exemplo de Divina Pastora e Laranjeiras. Destaque para São Cristóvão que celebra a Romaria do Senhor dos Passos. Ali, romeiros de diversos municípios sergipanos e até de outros estados professam a fé católica com um misto de respeito e alegria diante das tradições religiosas”.
Outro roteiro de turismo religioso que está sendo negociado pelo Governo de Sergipe, por meio da Setur, é em Carmópolis, junto com a prefeita de Carmópolis, Esmeralda Cruz, e o vice-prefeito, Hyago França, para alinhar alguns pontos do empreendimento ‘Cidade Bíblica’, que será voltado ao turismo religioso naquele município do leste sergipano. Em parceria com o Grupo AMMalls, o evento vai fomentar o turismo não apenas na região, mas, também, em todo o estado. "Buscamos, assim, trazer mais visibilidade a esses eventos por meio de fomento e da orientação técnica”, explicou o secretário de Estado do Turismo, Marcos Franco.
Ainda segundo o secretário, o objetivo é que os eventos tenham uma proposta mais mercadológica, que consiga movimentar a cadeia produtiva e a economia do turismo, além de todos os serviços associados à atividade, seja de forma direta ou indireta. “Para tanto, estamos iniciando essas tratativas, fazendo levantamentos e diagnósticos para, ainda em março, apresentar o calendário de eventos, dando destaque também para essa atividade religiosa, junto com o trabalho técnico da Secretaria”, acrescentou Marcos Franco.
Laranjeiras
Município com um rico calendário religioso, Laranjeiras chama a atenção para a Semana Santa, Festa de Reis e a tradicional Festa do Padroeiro Sagrado Coração de Jesus. Além das festividades voltadas ao catolicismo, há celebrações ligadas às religiões de matrizes africanas, muito fortes também em Laranjeiras.
Para o secretário municipal da Cultura de Laranjeiras, Plácido Lira, toda forma de turismo, desde que bem planejada e explorada, é importante. “Laranjeiras tem várias potencialidades, dentre as quais o turismo religioso que já está sendo trabalhado com vistas a oferecer um bom produto aos nossos turistas, criando oportunidades de emprego e renda. Com isso, aqueceremos a nossa economia, pois fazer turismo é fazer negócio”, disse. Ele informou também que a prefeitura vai trabalhar em conjunto com a Fecomércio/SE, por meio do projeto ‘Vai Turismo’, visando explorar o turismo religioso em Laranjeiras. “Temos as parcerias com a Setur, com os órgãos do Sistema S e as prefeituras de São Cristóvão, Itabaianinha e Tobias Barreto, também inseridas no projeto”, informou.
O secretário municipal destacou também que o turismo de Laranjeiras será impulsionado com a construção de um restaurante escola do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e de um hotel escola do Serviço Social do Comercio (Sesc).
Divina Pastora
O turismo religioso no município de Divina Pastora, no leste do estado, é marcado pela tradicional peregrinação, que sai de Riachuelo ao município e acontece no mês de outubro, com destino ao Santuário de Divina Pastora (padroeira de Sergipe), construído no século XIX e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan).
Com o objetivo de fomentar ainda mais o turismo religioso na região, o Governo do Estado executa a reforma da praça localizada no centro do município. O local acolhe, anualmente, milhares de romeiros que participam da peregrinação, considerada Patrimônio Imaterial de Sergipe.
Para a prefeita Divina Pastora, Clara Rollemberg, fomentar o turismo religioso é também uma forma de promover o desenvolvimento local. “Divina Pastora é a casa da Padroeira do Estado de Sergipe. É aqui que milhares de devotos se dirigem para pagar suas promessas, agradecer, louvar. Por isso, a prefeitura está investindo o máximo para melhorar a infraestrutura do município. Vale salientar o quanto a parceria do Governo de Sergipe está sendo importante. A praça central, ao lado do Santuário, está sendo completamente reestruturada pelo Estado, com idealização do Projetar-SE. Enfim, nós estamos aos poucos melhorando, com o objetivo de proporcionar bem-estar para as pessoas, e, no âmbito geral, a maior manifestação católica de Sergipe”, destacou.
Texto e imagens reproduzidos do site: se.gov.br
sábado, 11 de março de 2023
Carnaval do Carro Quebrado acontece neste fim de semana em Aracaju
Texto publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 11 de março de 2023
Carnaval do Carro Quebrado acontece neste fim de semana em Aracaju
A tradicional Ressaca do Carnaval Cultural Carro Quebrado acontece neste sábado, 11, e domingo, 12, na Confraria Carro Quebrado, no bairro São José. Atrações como a Banda Estação da luz e a Orquestra Geração do Frevo estão confirmadas.
O evento é conhecido por abraçar os artistas da terra, promover um carnaval familiar e atrair foliões de todas as regiões.
Confira a programação completa:
Sábado, 11
Evolução do Frevo
Orquestra Topázio
Estação da Luz
..........................
Domingo, 12
Origem do Frevo
Orquestra Geração do Frevo
Big Banda
Com informações da organização do evento
Texto reproduzido do site: infonet.com.br