Foto: Sílvio Oliveira
Publicado originalmente no site f5news, em 17/03/2012.
157 anos. Por que Aracaju é apaixonante ao primeiro olhar?
Carioca, mineiro, catarinense, baiano, todos num só coração
aracajuano
Por Silvio Oliveira
“Comer muito siri, andar de pé no chão, descer a
Laranjeiras, entrar no calçadão. (...) então à noite eu vou lá no Fan’s, tomar
chopp com Pascoal, papo vai, papo vem, fofocar na faz mal (...). E quando o dia
raiar, vou ver o dia nascer, te amo Aracaju, resolvi te viver!”. Foi no caminho
voltando para casa, perto dos bares e recantos da capital sergipana, que o
compositor Ismar Barreto compôs “Viver Aracaju”, considerada por muitos como a
música mais representativa da cidade.
Nos 157 anos da capital, muitos sergipanos e naturalizados
acreditam que Aracaju é o melhor lugar para se viver. O privilégio de estar à
beira do rio e do mar, a gastronomia, o jeito de viver desconfiado e
hospitaleiro do aracajuano, a qualidade de vida e um misto de cidade pequena
com tudo que o progresso pode dispor, diferencia-a de qualquer outra capital,
transformando-a num lugar impar para morar.
Mineiros, cariocas, catarinenses, baianos, paulistas.
Aracaju cada vez mais recebe imigrantes apaixonados por suas peculiaridades,
convergindo para ela trabalhadores, desempregados, turistas e simplesmente,
futuros cidadãos aracajuanos. “Aracaju é como um flerte, apaixonante no
primeiro olhar”, afirma Júlio Morais, baiano, morador de Aracaju há quatro
anos.
O baiano tinha uma vida tranquila em Salvador, mas, como bom
concurseiro, resolver passar por um processo seletivo para uma vaga de uma
empresa de fertilizantes em Sergipe. O concurso lhe rendeu a mudança de vida e
de rumo, deixando de lado o jeito baiano de morar, para viver na tranquilidade
capital sergipana.
Sandra Maria Coêlho Nunes, consultora organizacional,
cearense, diz logo que seu coração é sergipano, até mesmo por concessão da
Assembleia Legislativa de Sergipe, que irá, brevemente, intitulá-la como cidadã
de Aracaju. Admiradora do jeito sergipano de ser, Sandra Coelho fixou
residência há mais de 38 anos e aqui fez crescer a família, conviver com bons
amigos e ter uma vida profissional agitada.
“Adoro Aracaju pelo acolhimento do seu povo, a oportunidade
de crescimento profissional, a possibilidade de criar raízes, ver minha família
crescer no seio de amigos leais e verdadeiros. Aqui eu consegui realizar
projetos de vida, tanto pessoal quanto profissional. Amo Aju, suas praias de
areias douradas e águas serenas. Aqui é o meu lugar”, confirma.
Diferente de Sandra Coêlho, a psicóloga carioca Elenrose
Paesante tem mãe sergipana e pai carioca e, quando criança, de férias, sempre
vinha para Sergipe. Da infância carrega a lembrança das praias, das
brincadeiras e, principalmente, da liberdade, o que a fez crescer com o
pensamento de que iria futuramente morar em Aracaju.
Elenrose Paesante casou, teve uma filha no Rio de Janeiro, e
vindo para Sergipe em busca de traquilidade, passou apenas a ser chamada de
Elen, por conta da acolhida sergipana.
“Queria um lugar tranquilo para criar minha filha, onde eu
pudesse trabalhar e estar mais próxima dela. No Rio não havia possibilidade de
almoçar em casa, saia e ficava o dia todo na rua. Aqui consegui conciliar. A
cidade vem crescendo bastante desde que vim para cá e hoje já tem coisas que na
época de infância não tinha”, destaca Elenrose.
Dos milhares de imigrantes que Aracaju recebe, muitos se
apaixonam pela cidade quando vêm de férias, outros são convidados a trabalhar,
e, em sua maioria, não planejaram vir morar em Aracaju, mas por ironia do
destino, em Sergipe fixaram residência. “Estou aqui pelo simples fato de ter
morado em muitos lugares antes e nunca ter sentido paz e tranquilidade como
encontrei aqui. Acabei constituindo família (casei com um mineiro, que mora
aqui há17 anos e tive uma filha aracajuana)”, relata Daniele Rodrigues Dutra,
bióloga, paulista.
Para ela, os 157 anos de Aracaju vêm produzindo conquistas,
mas ao mesmo tempo, com muita coisa para se conquistar ainda. “Acho que ainda
falta aos próprios aracajuanos se envolverem mais com a busca de soluções para
nossos problemas... Se houvessem mais participação da própria população, acredito
que as conquistas para a cidade seriam bem mais rápidas”, avalia.
Se perguntado por que veio morar em Aracaju, o mineiro
Marcélio Couto, comunicólogo, brinca ao tirar do senso comum a frase: “Todo
mineiro sonha em morar perto do mar”.
Ele conta que quando chegou a Aracaju, percebeu que os
sergipanos pareciam muito com os mineiros, no ponto de vista de serem
desconfiados, porém, não demorou muito para adquirir confiança e ver que os
aracajuanos são acolhedores, receptivos e solícitos. “Vim para cá a trabalho e
não demorou muito para me acostumar. Percebi que os sergipanos acolhem mais do
que em outros lugares”, afirma.
Ruas de Ará
A capital sergipana engloba 0.79% do território do Estado,
com uma população de mais de 570.937 habitantes. Somando-se as populações dos
municípios que formam a Grande Aracaju: Nossa Senhora do Socorro, Barra dos
Coqueiros e São Cristóvão, o número passa para 835.564 habitantes.
Aracaju é apontada como a capital com menor desigualdade do
Nordeste brasileiro e como a cidade com os hábitos de vida mais saudáveis do
país, a exemplo do menor índice de fumantes, segundo o Ministério da Saúde.
Também é responsável por praticamente maior parte do comércio sergipano, detém
47% da frota de veículos, metade das importações do Estado e 30% da corrente de
comércio de exportações dos produtos mais importantes.
Da Colina do Santo Antônio a orla da praia de Atalaia, a
hospitalidade aracajuana pode ser conferida, quer seja nas conversas com Zé
Peixe ou no encontro com o último fotógrafo lambe-lambe do Mercado Central. Há
algo mais aracajuano do que uma caminhada no calçadão da 13 de Julho,
observando a poluição de cidade grande e o traçado arquitetônico do progresso
através dos prédios a beira-rio?
A capital sergipana também é uma miscelânea de cores e
cultura nos mercados Thales Ferraz, Albano Franco e Antônio Franco. Lá
encontra-se desde a maniçoba de Lagarto, aos doces de batata de Propriá,
marisco de Pirambu, laticínios de Nossa Senhora da Glória, verduras e frutas do
cinturão verde de Itabaiana. Do interior, vem a força do trabalho, fazendo de
Aracaju um grande centro cultural e econômico.
A moderna ponte Construtor João Alves e a ponte Joel
Silveira incorporaram-se, nos últimos anos, ao traçado arquitetônico que,
inicialmente, ganhou forma de um tabuleiro de xadrez projetado pela equipe do
engenheiro Sebastião Basílio Pirro.
O antigo Fan’s não existe mais, porém, o bar João do Alho
continua fazendo história no bairro 13 de Julho. A orla de Atalaia continua
sendo a mais lembrada pelos turistas que lá visitam e a orlinha do bairro
Industrial, dá as boas-vindas para quem quer visitar o bairro proletário.
“Achei Aracaju uma cidade limpa, bem cuidada. Falta melhorar os serviços nos
bares, mas aqui tem tudo que um visitante precisa. Realmente conferi que a orla
de Atalaia é muito boa”, ressalta Niche de Souza, turista paulista.
Imagem e texto reproduzidos do site: f5news.com.br