JC 2011 - Osmário - Memórias de Sergipe.
Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em
02/07/2012.
A vida do economista e fotógrafo memorialista José Expedito
de Souza.
JornaldaCidade.Net
José Expedito de Souza nasceu a 29 de setembro de 1944, na
cidade de Riachão do Dantas/SE. Seus pais: José de Souza Batista e Eulina de
Oliveira Souza.
O pai, conhecido por “Zuza do Mirante”, tinha dois irmãos:
Juca e Zinho e mais três irmãs: Casula, Pureza e Rosa. Era Zuza do Mirante
porque nasceu no Sítio Mirante, próximo à cidade de Riachão do Dantas. Fez o
curso primário em Riachão e tinha uma caligrafia muito bonita. Por mais de 50
anos dedicou sua vida ao bar que montou na praça do mercado, que passou a ser
chamado de Zuza do Mirante.
“Na década de 1950, quando comecei a frequentar o bar,
lembro-me de um grande rádio de bateria, onde se ouviam os jogos de futebol do
Rio de Janeiro e a novela de Jerônimo - o Herói do Sertão, além de notícias das
mais diversas. As notícias, novelas e outros assuntos transmitidos pelo rádio
eram tratados, sistematizados e traduzidos por aqueles que se achavam aptos
para tal mister e encontravam quem os quisesse ouvir”.
“Meu pai agia como juiz nos assuntos mais difíceis. Seu
Antão, um negro de quase dois metros de altura, assim como Manuel de Antão,
viviam no bar tirando barato dos jogos de azar. O seu Antão no dia da feira era
muito procurado para estabelecer medidas de roças e terrenos. No bar, onde
havia um sinuca e um bilhar, concentrava-se grande parte dos adultos da
cidade”. Diz que herdou do pai a honestidade e a palavra empenhada.
Sua mãe nasceu na fazenda Caborge, município de Boquim. Teve
nove filhos, exerceu o papel de mãe estrategista e foi responsável pela vinda
dos filhos homens, ainda meninos, para Aracaju, como a única e possível forma
de fazê-los estudar. “Imagino até com a ideia pré-concebida de que estes
filhos, algum dia, trariam toda a família para Aracaju. Realmente, no ano de
1970, contra a firme recusa de meu pai de deixar a sua Riachão, minha mãe
chegou com os móveis e os demais filhos para se juntarem àqueles que aqui já
moravam dispersos nas casas dos parentes”. Tem de sua mãe a paciência, o amor e
a dedicação à família.
Da sua infância Expedito tem algumas lembranças das aulas no
grupo escolar municipal, das bancas com D. Mariana e muito jogo de bola na
praça em frente a sua casa. “Eu tinha lugar garantido no jogo e se não fosse
escolhido para jogar – por ser muito magro – abria a porta e as janelas da
nossa casa para que a bola caísse lá e Magnólia não a devolvesse. Magnólia era
nossa segunda mãe”. Não esquece os companheiros do futebol: Amazias, Dernival,
Edirani, Zé de Ana, Nelson Araújo e Mario, Bezouro e Damião de Ubirajara, além
dos primos Carivaldo Souza, dos irmãos Arivaldo e Aroaldo e tantos outros.
Buscar mel cabaú e caldo de cana no Engenho Salgado, do Sr.
Manoelzinho; caçar passarinho e assar castanha; apanhar água no tanque da
nação, acompanhado de Zé Casquete; tomar banho no tanque de Zé Almeida; ter
conhecido Marcela, Bilina e Salú, que no fim da feira, bêbedas, faziam a festa
dos meninos; ouvir as estórias e aventuras de Alcides, João Milone, Bobó e
Louro são parte da sua vida de menino em sua querida Riachão.
Veio morar em Aracaju na bodega de seus avós maternos,
Jeremias de Oliveira Cruz e Aurora de Oliveira Cruz, com as tias, todas
falecidas, Riso, Olga, Risoleta e Geó.
Quando chegou na casa dos avós, a rua de Siriri estava sendo
calçada a paralelepípedos desde a praça da Bandeira. No trecho entre as ruas de
Itaporanga e Propriá, onde está o Quartel do Corpo de Bombeiros, o calçamento
avançava devagar e os meninos das ruas próximas aproveitavam para jogar bola
até altas horas da noite. Entre eles o atleta Expedito.
A bodega de D. Olga ficava na Rua Itaporanga esquina com a
Rua Siriri, em frente à Bodega do Sr. Ranulfo, onde morava Juraci Santos, que
juntamente com Expedito, Robson Porto, Antônio Fonseca, Messias “Pajé” e outros
faziam o futebol noturno. “Também joguei bola na Praça da Bandeira, na Baixa
Fria, no Campo do Tobias e na praia de Atalaia”.
Nos estudos, além dos primeiros momentos no grupo escolar e
escolas particulares em Riachão do Dantas, presença no Grupo Manoel Luiz e no
Colégio Graccho Cardoso, em Aracaju, onde chega ao final do antigo primário.
Começa o curso ginasial na Escola Industrial de Aracaju,
onde faz o curso de Tornearia Mecânica (o mesmo de Lula). Conclui o ginásio no
Colégio Atheneu Sergipense, período em que prestava o Serviço Militar.
“Recordo-me que atravessava a cidade duas vezes por dia, saindo da minha casa,
na Rua Itaporanga, às 5h, em direção ao Quartel do 28 BC e de lá me deslocava
para o Atheneu, retornando para casa às 22h, tudo a pé. Nesta época, poucas
pessoas tinham carro e era normal termos companhias em todos esses trajetos”.
Faz o curso técnico em Edificações na Escola Técnica Federal
de Sergipe e mais adiante o curso de Economia da Universidade Federal de
Sergipe. Cola grau em 1973. “Tive como mestres José Aloísio de Campos, Manoel
Pacheco, Paulo Novais, José Rafael de Oliveira e outros. Ainda hoje me reúno
com os colegas da Turma de Economia”.
Faz pós-graduação em Consultoria Comercial na USP/SP. “O
curso foi realizado durante cinco meses, sendo que no último mês fizemos
estágio na Associação Comercial de São Paulo. Também fiz Pesquisa Científica e
Tecnológica na USP/SP, curso realizado pelo Instituto de Administração da
Universidade de São Paulo”.
Em Aracaju fiz Mediação e Arbitragem na Fase/SE, além de
dezenas de cursos de curta duração nas áreas de Economia, Administração e
Mediação e Arbitragem tanto em Aracaju como em outras cidades.
Serviu no 28º Batalhão de Caçadores durante um ano e um mês.
Sendo promovido a cabo, exerceu as atividades na 1ª Cia. de Infantaria. “Fui
agraciado com dois elogios escritos por bom comportamento e dedicação às
atividades realizadas”.
Durante oito anos uma vida de funcionário da Petrobras. “Só
deixei a Petróleo Brasileiro S/Apela vontade de ser economista”.
Durante o curso de Economia faz com sucesso prova para fazer
estágio no Condese. Ao mesmo tempo é aprovado no vestibular de Administração
Pública da Universidade Federal da Bahia. Após a formatura em Economia, passa a
trabalhar no antigo Condese. Registra que participou dos primeiros
entendimentos para implantação do Distrito Industrial de Aracaju e que foi
levado para oConselho do Desenvolvimento de Sergipe por David Menezes
Prudente.Quando o Condese teve as suas atividades encerradas e foram criadas as
secretarias de Planejamento e de Indústria e Comércio e mais a Codise e o Ceag,
em decorrência da sua formação técnica e do curso de Consultoria Comercial
realizado em São Paulo, faz a opção para trabalhar no Ceag/SE, na condição de
técnico. “Foi uma decisão difícil, pois,Ancelmo Oliveira, tinha combinado com o
Dr. Alísio Campos, a minha ida para a Universidade Federal de Sergipe.
Na sua passagem pelo Sebrae atuou como gerente de Estudos e
Pesquisas, gerente Administrativo Financeiro, gerente de Operações e diretor
adjunto do Sebrae/SE.Hoje,é assessor técnico da Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Urbano, trabalhando na Codise, consultor do Sebrae, é assessor
técnico da Secretaria de Estado do Planejamento na Superintendência de
Políticas de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Interesse Social.
Da sua vida de professor: na Universidade Tiradentes (Unit)
as disciplinas Administração e Projetos. Faculdade de Sergipe (Fase), Economia
e Administração. Escola Técnica Federal de Sergipe, Administração e O&M.
É instrutor de diversos cursos nas áreas de Economia,
Administração de Empresas, Recursos Humanos e Mediação e Arbitragem no Sebrae e
outras instituições.
Dos trabalhos publicados: Diagnóstico da Indústria Têxtil de
Sergipe; Diagnóstico das Empresas de Beneficiamento de Coco do Estado de
Sergipe; Diagnóstico das Empresas de Construção Civil do Estado de Sergipe;
Estudo da Mão-de-obra dos Municípios dos Tabuleiros Sul de Sergipe; vários
artigos sobre Mediação e Arbitragem em jornais de Sergipe. Estudos realizados
no Sebrae, em equipe, sob a sua coordenação.
Trabalhos como economista: “Participei da equipe comandada
pelo professor Antônio Rocha Santos, que elaborou os estudos para implantação
da adutora do São Francisco no governo de José Rolemberg Leite e a implantação
de dezenas de empreendimentos industriais no Estado de Sergipe”.
Do seu lado de memorialista: fotos de Aracaju do passado e
registro das antigas bodegas, com exposição recente na Galeria do Sesc no
aniversário de Aracaju.
Do seu lado de colecionador: Carros Antigos, passeia com um
Plymouth do ano 1951.
Como metalúrgico: sócio-proprietário da Metalúrgica Steel
Ltda. - que funcionou no Distrito Industrial de Aracaju. Trabalhos para
Petrobras, inclusive com nacionalização de peças. Construção de ginásios de
esportes para os colégios: Escola Parque de Sergipe; Colégio Dinâmico; Colégio
Brasília; Colégio Saint Luiz; Colégio Babylandia; Colégio Atlântico; Colégio
Espírito Santo: Colégio Purificação e outros. Trabalhos diversos para a Deso.
No Conselho Regional de Economia (Corecon), conselheiro por
três mandatos.
Na Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa de Sergipe,
mais outro grande momento na vida de José Expedito de Souza: “A filosofia da
ADCE é transmitir a doutrina social cristã nas empresas, visando um tratamento
mais humano e um relacionamento fraternal e igualitário em entre patrões e
empregados. Durante mais de duas décadas temos tido a satisfação de conviver
com os ensinamentos do monsenhor José Carvalho de Sousa, como assessor
doutrinário da ADCE e participar de encontros para empresários e funcionários
de empresas adeceanas”.
Memorialista
“Após quase quatro décadas fotografando a cidade de Aracaju
reuni parte destas fotos no Álbum Memórias de Aracaju, que contém 340 fotos e
mais de 350 páginas... Segundo Célio Nunes as fotos do Álbum possuem o poder de
despertar o telúrico e o passado dos viventes desta cidade cheia de sol”.
O Álbum Memórias de Aracaju contém fotos que documentam as
mudanças arquitetônicas e visuais da nossa cidade, ocasionada pelo crescimento
populacional, pela implantação de grandes empreendimentos estatais, bem como da
vinda da Petrobras e as várias atividades decorrentes da exploração petrolífera
em nosso Estado.
Dos irmãos: José Eliezer, economista; José Elizeu,
administrador de empresas; e José dos Passos e José Oliveira, iniciaram o curso
superior e não concluíram. São comerciantes. Das irmãs: Terezinha, Maria
Aurora, Bernadete e Maria de Lourdes. Somente Maria de Lourdes concluiu o curso
superior de Pedagogia. As demais dedicam-se ao lar”.
É casado com Excelsa Maria Machado de Souza – curso superior
em Letras, pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional –, atual
diretora regional do Sesc/Sergipe.
É pai de Exson Machado Souza – mestre e professor de
Processamento de Dados; José Expedito de Souza Junior – arquiteto e urbanista;
e Igor Machado de Souza – concluindo o curso de Engenharia Agronômica.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net