Publicado originalmente no site PGE-SE., em 20/02/2015.
Artista do Mês de Janeiro – Beto Pezão
Artesão e escultor, José Roberto Freitas, conhecido como
Beto Pezão, nasceu às margens do Rio São Francisco, no dia 11 de dezembro de
1952, em Santana do São Francisco/SE (antiga Carrapicho). Aos seis anos de
idade, ganhou um pequeno torno de presente, iniciando, assim, a arte de modelar
o barro. Aos nove anos, já comercializava algumas de suas peças em feiras
populares. Desde menino ajudava o pai, que era escultor, no trabalho artesanal
com o barro.
Em 1971, já residindo em Aracaju, teve seu trabalho valorizado,
através de um velho feito de barro solidamente plantado em dois pezões que lhes
davam o devido apoio; criava, assim, a sua marca registrada, conhecida até hoje
e, definitivamente, incorporou à sua obra a partir de 1972. A princípio, a
ideia de usar os pés grandes, como forma de sustentação das esculturas, foi
reprovada pelo seu pai/mestre, mas não demorou muito para ser aceita pelas
pessoas e divulgada pela mídia como uma verdadeira obra de arte.
Antes de seu reconhecimento no universo da modelagem do
barro, Beto Pezão fazia esculturas em madeira. Elegeu definitivamente o barro
por perceber que esse material lhe oferecia na execução de suas peças “mais
intimidade com as mão”. Em sua residência, no bairro Cidade Nova, mantém forno
de lenha e um local adequado para estocagem de barro, procedente da terra
natal.
Residindo em Aracaju há mais de 40 anos, os trabalhos de
Beto Pezão já percorreram vários caminhos mundo afora. Realizou a sua primeira
exposição no exterior, a convite da Universidade Católica do Chile, país onde
retornou para expor outras 5 vezes. Suas obras também são admiradas no México,
na Argentina, em Portugal, no Uruguai, no Paraguai, na Venezuela e nos Estados
Unidos. No Brasil, sua arte foi exposta em vários Estados brasileiros, como Bahia,
Rio de Janeiro, São Paulo, Maranhão e Minas Gerais. Encantado pelas personagens
em barro de Beto Pezão, Fernando Gutiérres produziu e dirigiu um vídeo
dando-lhes, através da arte gráfica, vida a eles.
Na arte popular de Beto Pezão, os temas são variados, mas o
seu estilo de como retratá-los, ainda que copiado por muito artesãos, é único e
inconfundível. Além dos pés grandes, suas esculturas, talhadas no barro,
possuem traços fortes e detalhes marcantes e nos emocionam pela forma
verdadeira de mostrar os sentimentos do povo nordestino. São figuras humanas
dos sertões: vaqueiros, mendigos, pescadores, lavadeiras, vendedores,
ambulantes e lavradores que expressam nos rostos as adversidades da vida
agreste. Além dos sertanejos, outra paixão do artista são as imagens sacras
que, igualmente, são sustentadas por imensos pés.
Na comercialização das suas peças, Beto Pezão fornece
certificado de origem com nome e número. Elas estão em permanente exposição em
Aracaju/SE no Centro de Turismo, no Aeroporto de Aracaju, no Espaço J. Inácio
ou no próprio ateliê do artista.
Humilde, Beto Pezão não se vê como um ícone da cultura
sergipana. Entretanto, o artista não consegue esconder a satisfação e a alegria
por ter sua obra reconhecida: “o que é gratificante pra mim é apreciarem o meu
trabalho”.
Texto e imagem reproduzidos do site: pge.se.gov.br
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