Legenda da Foto: Marta e suas duas filhas (Crédito da Foto: arquivo pessoal)
Publicado originalmente no Portal A8 SE, em 8 de março de 2022
Dia da Mulher: “eu era mendiga, hoje sou professora universitária”, conheça a história de Marta Batista
Por Luciana Gois
A realidade nas ruas, como pedinte, ainda criança, foi transformada através do conhecimento. Marta Batista era uma pessoa em situação de rua, mas buscou fazer das pequenas oportunidades que surgiram, grandes transformações.
Ela tinha cerca de dois anos quando foi encontrada por um jovem, Miguel José de Souza, na região dos mercados centrais, em Aracaju, ao lado de um bebê e o corpo da mãe. Ainda sem nome, a criança foi levada para casa pelo rapaz que ficou comovido com a situação. Sem poder criar, a mãe de Miguel entregou a menina para uma família que, sete dias depois, escolheu não dar continuidade a adoção.
“A senhora ficou comigo por uma semana, mas o marido faleceu e ela não tinha para onde me levar. Na mesma época, foi convidada para ir ao Rio de Janeiro para um trabalho, e me deixou em um orfanato”, conta.
Nesse tempo, Marta foi registrada e passou a morar no abrigo até os 21 anos de idade. Trajetória que não foi nada fácil. No local, viveu diversas adversidades, entre elas, a falta de amor.
“As pessoas que estão no orfanato são funcionárias, elas não têm obrigação de dar carinho. […] Nunca me faltou nada, faltou afeto”, relata.
O tempo foi passando e ela não conseguia uma família. Começou a crescer e ver os amigos serem adotados. A angústia aumentava. Mais velha, Marta foi aconselhada a estudar, pois a chance de ser apadrinhada estava diminuindo.
“A minha sorte que tinha uma biblioteca e eu gostava de ler. Passava horas lá, escrevia poemas”, detalha.
Quando chegou aos 21 anos, idade que não podia mais ficar no orfanato, Marta já buscava emprego e entre tantas portas que se fecharam, ela conseguiu vencer.
Hoje, ela é formada em assistência social e psicologia. É especializada em Unidade Básica de Saúde e gerontologia. Tem mestrado em Educação e atua em uma universidade particular da capital, dando aulas. "Eu era mendiga, hoje sou professora universitária".
Além do sucesso na carreira profissional, Marta é mãe de duas meninas, ambas com nove anos de idade.
“Uma veio com um aninho e dois meses. A outra, com três anos. […] Elas se comportam como se fossem gêmeas, é uma sensação maravilhosa. Não existe experiência melhor do que ser mãe, gosto muito de ser mãe”, pontua.
Na fala doce, gentil e esperançosa, Marta deixa evidenciado que nenhuma dor ou abandono que passou foi capaz de deixar uma cicatriz maior do que a do amor. Com coragem ela venceu as batalhas e com humildade ela se tornou símbolo de luta e resistência. Marta representa outras Marias, Josefas, Terezas e Cristinas, cada mulher com sua história, por muitas vezes, difícil.
“Nunca procurei ser exemplo, busquei ser reta nas coisas, procurei fazer o caminho. Não deixei as oportunidades passarem, quando alguém me dava uma oportunidade, eu agarrava. […] a gente tem que ter muito cuidado com isso de ser exemplo para ‘você’ não se cobrar tanto, mas, ao mesmo tempo, ser leve nas suas escolhas, na sua vida”, finaliza.
Texto e imagem reproduzidos do site: a8se.com
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