REGISTRO de reportagem publicada em 22/07/2019
Publicado originalmente no site DIÁRIO DE OLÍMPIA, em 22 de julho de 2019
Bacamarteiros, Parafusos e Lavadeiras trazem o rico folclore sergipano para Olímpia
A origem do Grupo Parafusos é datada de 7 de setembro de 1897. Foi fundado pelo Padre José Saraiva Salomão e tinha como objetivo o assombramento por meio de disfarce dos negros escravos
Três dos mais tradicionais grupos do Brasil se apresentarão, mais uma vez, no palco do Festival do Folclore da Estância Turística de Olímpia. Representando o Estado de Sergipe, estarão na Capital Nacional do Folclore o Batalhão de Bacamarteiros, da cidade de Carmópolis, e Parafusos e Lavadeiras, ambos de Lagarto.
Os três participam do Festival de Olímpia quase que desde sua criação e, a cada ano, encantam mais pela sua originalidade e autenticidade. O folclore sergipano é rico e diversificado, reunindo elementos da cultura indígena, africana e europeia.
Em 2019, o FEFOL será realizado de 03 a 11 de agosto, com entrada gratuita, na Praça de Atividades Folclóricas e Turísticas “Professor José Sant’anna”, o conhecido Recinto do Folclore.
BATALHÃO DE BACAMARTEIROS
Por volta de 1780, surgiu um grupo no qual os negros dos engenhos de cana-de-açúcar, do Vale do Cotinguiba, brincavam de roda e atiravam com uma arma artesanal conhecida como Bacamarte. Atualmente, o Batalhão de Bacamarteiros possui 60 integrantes, entre homens, mulheres e crianças. Os instrumentos musicais são fabricados com a madeira do jenipapo, couro de animais e sementes.
Para fabricar a pólvora, é utilizado o carvão produzido a partir da umbaúba, cachaça e enxofre. Durante os festejos juninos, acontece o ritual do Pisa Pólvora para comemorar os Santos do mês. A musicalidade e o ritmo contagiante encantam todos que assistem às apresentações do grupo pelo país.
O Batalhão de Bacamarteiros exibe a riqueza da cultura africana disseminada por aquela região e é uma marca inconfundível da cultura de Carmópolis. O grupo se apresenta nas festas juninas, embelezando o município com a alegria das roupas, com o barulho dos tiros e a graciosidade da dança e dos repentes. Nas ruas, o colorido especial das bandeirinhas, balões e fogueiras enfeitam a cidade nas festividades.
PARAFUSOS
A origem do Grupo Parafusos é datada de 7 de setembro de 1897. Foi fundado pelo Padre José Saraiva Salomão e tinha como objetivo o assombramento por meio de disfarce, que representava a fuga dos negros escravos.
Segundo a história, os negros fugiam dos engenhos e se embrenhavam nas matas, fazendo mocambos. Na calada da noite, saíam para pequenos furtos. Era comum, naquela época, as sinhazinhas deixarem no quaradouro, durante a noite, as peças das suas indumentárias, anáguas ricamente bordadas e cheias de rendas francesas. Deixavam-nas ali porque o sereno ajudava a alvejar o linho belga. Tais anáguas, segundo a moda, tinham 9 côvados e formavam uma grande roda.
Os escravos, ladrões delas, vestiam as peças que tinham roubado em noite de lua cheia, fazendo com que todo o corpo ficasse coberto, após colocar uma sobre a outra, até cobrir o pescoço. E assim saíam pelas estradas, dando pulos e fazendo assombração, se embrenhavam pelos canaviais e fugiam para os quilombos.
A superstição da época fazia acreditar em alma sem cabeça e outras visagens. Os moradores se abstinham de sair para se proteger porque tinham medo. Esta prática levou vários anos, até quando foram libertos. Alforriados saíram às ruas vestindo as anáguas numa gozação dos seus antigos senhores.
Passando em frente à Igreja Matriz da cidade de Lagarto, o padre achou interessante o movimento feito por eles, que torciam e destorciam, e os batizou de parafusos. A primeira música do grupo é de autoria do próprio Padre José Saraiva Salomão. Os instrumentos que acompanham o grupo são triângulo, acordeom e bombo.
LAVADEIRAS
O grupo Lavadeiras conta a tradição das lavadeiras de roupas nas beiras dos rios e riachos próximos, com bacias, trouxas e gamela na cabeça. Enquanto lavavam as roupas, a cantoria seguia e as crianças brincavam e se banhavam nas águas.
As roupas eram estendidas nos capins para alvejar. Depois de enxaguar, eram colocadas nas cercas de arame para secar. Enquanto isso, a música continuava transmitindo alegria, apesar da vida difícil que elas levavam.
Texto e imagens reproduzidos do site: leonardoconcon.com.br
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