sexta-feira, 30 de agosto de 2019

70 anos do Mercado Municipal Thales Ferraz

Imagem do Mercado Thales Ferraz em 1952

Publicado originalmente no site EXPRESSÃO SERGIPANA, em 27/08/2019

70 anos do Mercado Municipal Thales Ferraz 

Por Osvaldo Ferreira Neto 

Ir ao Mercado, “lá embaixo” é uma experiência de sabores, cheiros, cores, pessoas e culturas, pois essa vivência é o melhor de Aracaju.  Esse espaço que completa hoje 70 primaveras é um lugar de muitas trocas, memórias e patrimônios do povo sergipano. Por isso vou relatar um pouco desse pedacinho de Sergipe aqui na Expressão Sergipana.

Porque necessita de um Mercado?

Desde de sua fundação Aracaju teve feira, pois o tamanho dela sempre vai demandar de um espaço adequado e coberto para a comercialização de inúmeros produtos e mercadorias, essa demanda sempre é por um Mercado em razão do tamanho da feira. Em 1864 quando o então presidente da província  o Cincinato Pinto da Silva, autorizou a construção da Casa do Mercado na hoje Avenida Rio Branco, nas imediações da Rua Laranjeiras, esse mercado existiu até a segunda década do século XX , quando o então presidente de estado , Graccho Cardoso , mobiliza a iniciativa privada junto com o poder público na construção de um grande Mercado para abrigar a grande feira que passava da então Casa do Mercado e tomava a Rua da Frente prejudicando a circulação na via e além de não oferecer condições de salubridade . É quando o então empresário de uma família de latifundiários, Antônio Franco participou financeiramente da construção do então Mercado Modelo de Aracaju que mais receberia seu nome, o Mercado Municipal Antônio Franco que foi inaugurado em 8 de fevereiro de 1926 em estilo eclético com belo relógio inglês no centro da construção. Para lá foi mudada a velha feira que tomava a Rua da Frente. Mudada não, empurrada. A cada semana os feirantes eram levados para o novo Mercado.

A feira cresce e nos anos 40 necessita de outro mercado. Lembrando que nesta época não existia as grandes redes de supermercados e shoppings que temos hoje, então tudo que necessitava, se encontrava no Mercado Municipal.

José Rolemberg Leite , governador que também apoiou a 
construção do Mercado Thales Ferraz.


Não comporta mais a feira no Antônio Franco.

A partir de 1941 a feira já ultrapassava as portas do Mercado Antônio Franco, além dos comerciantes de Aracaju, vinham feirantes de todos os cantos do estado e dos estados vizinhos para comercializar, pois o Mercado estava localizado na beira do cais do Porto de Aracaju, isso facilitava a circulação de comerciantes e mercadorias. Quando em 1947 o Prefeito de Aracaju, Marcos Ferreira de Jesus decide abrir uma parceria com o Governo Estadual de José Rolemberg Leite para a construção do Mercado Auxiliar, que seria inaugurado em 26 de agosto de 1949 em estilo neocolonial, padrão arquitetônico que estava muito em alta na época. Para construir esse Mercado, a Prefeitura sacrifica a Praça Inácio Barbosa, que ficava localizado o monumento ao fundador da cidade, para a construção do novo espaço comercial que iria abrigar feirantes, lojistas e negociadores de armazéns. O Mercado novo, recebeu o nome do famoso industriário Thales Ferraz.

Marcos Ferreira de Jesus

Esse Mercado supriu a demanda de espaço para os feirantes até 1962 quando é construído outros anexos no entorno dos Mercados. Só no final do século XX, com o projeto de revitalização proposto pela Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) em parceria com o Governo do Estado para o Centro da cidade, foi construído o Mercado Albano Franco, já com uma arquitetura bastante diferente dos outros dois.

Quem foi Thales Ferraz?

Thales Ferraz

Nasceu em Aracaju no ano de 1878. Filho de Anna Ferraz e José Augusto Ferraz, ex-auxiliar e sócio da fábrica de tecidos “Sergipe Industrial”, empresário e engenheiro têxtil, formado em Manchester -Reino Unido, foi Diretor da Fábrica Sergipe Industrial, de 1906 a 1927. Thales Ferraz tentou repassar seus conhecimentos técnicos e científicos aos mestres e contra-mestres da fábrica e introduzir novas regras nas relações capital versus trabalho. Em 1913 foi aos Estados Unidos estudar o lazer entre os operários e quando retornou criou o Parque Sergipe Industrial, complexo de arte e lazer cultural e desportivo que funcionou até 1955.

Música: Mercado Thales Ferraz

Em 1981, o músico e compositor Alcides Mello cria a música Mercado Thales Ferraz para o Primeiro Festival Sergipano da Música, que por sinal a música ganha e faz o maior sucesso, pois era um retrato da época do Mercado Thales Ferraz, vale a pena escutar.

Nosso septuagenário Mercado Thales Ferraz hoje:


Mesmo sem muitas homenagens na grande imprensa e nem nos órgãos que gerencia esse espaço público. Mas nós da Expressão Sergipana viemos festejar esses 70 anos de muita feira do Thales Ferraz. Como diria Luiz Antônio: “O mais antigo, Antônio Franco, serve como um Centro comercial popular para fins turísticos. Já o Thales Ferraz mantém a riqueza gastronômica da cidade com a venda de mel, queijos, castanha, enquanto o Albano Franco é dedicado ao ramo de hortifrutigranjeiros”.

O Thales Ferraz de muitos feirantes, comerciantes, do Espaço do Beiju onde encontramos beijus, sarolhos, pés-de-moleques e entre outras gostosuras; das ervas sagradas e medicinais; dos artesanatos; dos doces, queijos e castanhas; dos potes, tigelas e panelas; de linhas e aviamentos. Passe em Teca e Cícero do Beiju, na Galega das Ervas, nos Armarinhos que ainda revestem botões, nos bares e nos Irmãos Santos dos Laticínios. Portanto demos preservar esse magnífico patrimônio do povo de aracajuano.

Charmosa Passarela das Flores um dos principais acessos 
do Mercado Thales Ferraz e também ligação com
 Mercado Municipal Antônio Franco – 1926.

Texto e imagens reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br

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