terça-feira, 1 de dezembro de 2020

João Alves: do chapéu de couro às obras memoráveis






Publicado originalmente no site do JORNAL DA CIDADE, em 26/11/2020

João Alves: do chapéu de couro às obras memoráveis

Político levou água para o Sertão e deu a Aracaju ares de cidade moderna e atrativa

A morte de João Alves Filho, ocorrida na noite de terça-feira, 24, suscita o aguçamento da memória do sergipano em torno dos grandes feitos realizados por ele, principalmente no sentido de modernização, através de grandes obras, bem como da melhoria do modo de vida do povo sertanejo.

João Alves Filho nasceu em Aracaju, mas viveu para todo o Estado inteiro. Sem sombra de dúvidas, um homem à frente do seu tempo. Aliás, um menino que desde muito pequeno sonhava em ser grande. E, de fato, foi muito grande!

Filho do empresário e construtor civil João Alves e de Dona Maria de Lourdes Gomes, ingressou em 1961 na Escola Politécnica da Universidade da Bahia, graduando-se em engenharia civil em 1965. Foi nesse mesmo ano que fundou a Habitacional Construção S.A, considerada por muito tempo uma das maiores empresas da Construção Civil em Sergipe e no Nordeste.

Apesar da sua paixão pela construção, o seu coração pulsava muito mais forte para outro segmento: a política. Iniciou sua vida pública em 1975, quando foi nomeado prefeito de Aracaju pelo governador da época, José Rollemberg Leite, encerrando sua gestão em 1979.

Em 1982 com o retorno das eleições diretas no País, João filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS), a convite do então governador Augusto Franco. Indicado por ele e apoiado por Albano Franco, obteve seu primeiro mandato como governador de Sergipe, assumindo em março de 1983.

E foi nesse primeiro mandato, observando o sofrimento do sertanejo em busca de água, que iniciou o seu projeto visionário, que futuramente daria a ele o apelido que mais tinha orgulho: o João Chapéu de Couro.

Com o apoio do Banco Mundial, ele criou o Projeto Chapéu de Couro, que beneficiava a região do agreste e semiárido com a perfuração de poços artesianos e a construção de cisternas, além de abertura de estradas vicinais, redes de energia elétrica, escolas e postos de saúde, dando novas formas aos municípios sergipanos.

Além disso, também deu início à construção do maior hospital público de Sergipe, inaugurado em 1986, o Hospital Governador João Alves Filho, que atualmente é chamado de Hospital de Urgência de Sergipe (Huse).

Ingressou no Partido da Frente Liberal em 1985 e em 1987, após terminar o mandato de governador, assumiu o cargo de ministro do Interior no governo do presidente José Sarney, onde ficou até 1990. Já em 1991 é reconduzido ao cargo de governador, vencendo a eleição em 1º turno.

Foi nesse governo que João idealizou e inaugurou a Orla da Atalaia, um dos principais cartões-postais de Aracaju e que levaria o título de Orla mais bonita do Brasil.

Em 2002, foi eleito em segundo turno mais uma vez governador de Sergipe, onde permaneceu até 31 de dezembro de 2006. Nesse mandato executou um dos projetos mais desafiadores de toda a sua vida e um dos que o deixava mais orgulho: a Ponte Construtor João Alves, que liga os municípios de Aracaju e Barra dos Coqueiros, um projeto audacioso e que mudaria para sempre a realidade da Ilha de Santa Luzia. Para se ter ideia, a execução durou pouco mais de dois anos e custou cerca de R$ 100 milhões.

Outras grandes obras também levam a sua assinatura, a exemplo do Platô de Neópolis; a construção do Bairro Coroa do Meio; construção da Ponte Godofredo Diniz, que liga o bairro Coroa do Meio ao centro de Aracaju; a implantação de 14 grandes avenidas que interligam os bairros de Aracaju; construção do Parque da Cidade; implantação do segundo sistema de transporte integrado do Brasil, além de viabilizar a construção do Porto de Sergipe.

O último cargo público a ocupar foi de prefeito de Aracaju, no ano de 2012, encerrando o mandato em 2016 já debilitado pela doença de Alzheimer.

A paixão pela escrita

Membro da Academia Sergipana de Letras, João Alves é autor de diversos livros, o mais recente se chama “Toda a verdade sobre a transposição rio São Francisco” lançado em 2008. Com a experiência adquirida na vida pública, João Alves Filho agrupou todos os seus estudos e ideias e tornou-se um autor engajado nas questões sócio ambientais e as suas causas e consequências, além de versar perfeitamente sobre a questão hídrica.

Possui em seu currículo inúmeros títulos que dissertam sobre temas, como as secas, as águas e a transposição das águas do Rio São Francisco. Tendo um amor declarado pela Região Nordeste, dedica sua vida e obras e encontrar soluções ou medidas que atendam as necessidades dos afligidos da maneira mais íntegra e satisfatória que se possa fazê-lo.

Seus livros são: Nordeste, Região credora (1985); No outro lado do mundo (1988); Amazonas & Nordeste – Estratégias de desenvolvimento (1989); Conferências (1990); Pontos de Vista (1994); Nordeste – Estratégias para o sucesso (1997); Transposição das Águas do São Francisco – Agressão à Natureza x Solução Ecológica (2000); Matriz energética brasileira – Da crise à grande esperança (2003); Toda a Verdade sobre a transposição do Rio São Francisco (2008); Transposição do São Francisco – Uma Análise dos aspectos positivos e negativos do projeto que pretende transformar a Região Nordeste.

Repórter: Diego Rios

Fotos: Arquivo JC

Texto e imagens reproduzidos do site: jornaldacidade.net

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