Publicado originalmente no site F5 NEWS, em 30 de dezembro de 2021
O Circo de Jorge Lins e a Cultura Resiste
Jorge Lins ressuscita e renova ‘Amora e Amores’ e surge a Arena.
Por Luiz Eduardo Costa
Blogs e Colunas – Textos Antivirais 86 – F5 News
A cultura popular sobrevive porque o povo resiste. Como resiste agora, neste momento em que a gente sente de perto o hálito nauseabundo do fascismo em tantas falas ameaçadoras e desconexas. Não vai muito longe o tempo em que, na visão oficial, arte misturava-se com prostituição e degenerescência. Não foi fácil evoluir, e torna-se tão perigoso retroceder.
Arte quer liberdade para criar, desafiar, e contestar o marasmo, mais ainda, para ir além da mediocridade do conformismo.
Antes de subverter, a arte embeleza o mundo.
O gênio de Ariano Suassuna enxergou, no circo, todo um comprometimento atávico com a arte dos menestréis, mexendo na pasmaceira aquietada do medievo. Secretário da Cultura em Pernambuco, Ariano colocou num circo o conteúdo rico da cultura nordestina, e se pôs a mostrá-la, desde os canaviais do maracatu, do frevo citadino, ao mundo dos cavaleiros encourados.
Enquanto transitava o circo pernambucano, Jorge Lins, que juntou o teatro à sua alma, e por isso é um desses batalhadores do impossível, fundou um circo, urbano, praiano, na ainda incipiente Orla de Aracaju. Era o notório Amora e Amores. Fez época, ou seja: sensação.
Faltam-nos, agora, a verve , a circunspecta rebeldia de Ezequiel Monteiro para contar o que foi o Amora e Amores. Faltam -nos, a soberba, pertinaz, afiada, ou Luiz Eduardo Costa desembestada; a elegante e culta irreverência de um soberbo Amaral Cavalcanti, para contar sobre as entranhas inquietas do Amora e Amores, partejando insuspeitados sonhos.
E então, mais de trinta anos passados, quando Jorge já está bem longe das traquinagens de antanho, surge ele, com um outro circo, desta vez, como ele mesmo explica, “juntando-se com mais outros 14 malucos, que embarcam na aventura”.
Lá, na mesma praia da Atalaia, com a lembrança das “loucuras mágicas” do Amora e Amores, está fundada e estabelecida a Arena Aracaju, e, como se poderá constatar, em lá chegando, não tem nada o nome, nenhuma similitude mesmo com as arenas que a glutoneria da FIFA tem espalhado por aí, pelo mundo.
A ideia daquela empanada em frente ao Celi Praia Hotel, bem no coração da Orla trepidante, é, segundo o desbravador Jorge Lins: “nuclear teatro, música, artes circenses, festas, danças, baladas e o escambau.”
Chegam então ao circo ou Arena Aracaju. Lá, vocês vão se deparar, em pessoa, com Sua Excelência: o escambau
Texto e imagem reproduzidos do site: f5news.com.br
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