Crédito da imagem: Revista O Cruzeiro, 29 Ago 1942, p. 5.
Publicação compartilhada do site do Portal INFONET, de 13 de agosto de 2013
O submarino alemão U-507 disparou vários torpedos, causando afundamentos e mortes no litoral brasileiro entre os estados de Sergipe e Bahia. A primeira embarcação alvejada no dia 15 foi o Baependy, atingido por dois torpedos por volta das 20h. Na mesma noite o Araraquara foi torpedeado onde o Baependy fora atacado. Aproximadamente às 4h da manhã do dia 16 foi a vez do Aníbal Benévolo. Essas agressões ocorreram nas proximidades das praias sergipanas, onde foram parar muitos dos destroços das embarcações, sobreviventes e cadáveres. As próximas vítimas foram o Itagiba e o Arará alvejados no dia 17 no litoral baiano.
Temendo perder o controle sobre as manifestações populares, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que realizava a censura dos meios de comunicação no Brasil, procurou intermediar as notícias sobre o acontecimento. Assim, no dia 18 de agosto os jornais impressos e programas de rádio foram obrigados a transmitir um comunicado do DIP. Na nota o órgão oficial atribuía a autoria dos ataques aos submarinos do Eixo. Mais tarde a Alemanha assumiria a responsabilidade pela agressão às embarcações brasileiras. Documentos encontrados no submarino U-507 confirmaram a autoria dos disparos.
Outras embarcações brasileiras já haviam sido torpedeadas, mas esta era a primeira vez que os ataques ocorriam no perímetro nacional. Os chamados navios de cabotagem também faziam o transporte de passageiros civis, além da tripulação e em alguns casos de militares. Isso aguçou a indignação dos brasileiros. Além disso, oficialmente o Brasil não estava participando da guerra, o que deslegitimava os torpedeamentos. Pois de acordo com a normatização bélica vigente à época, uma nação só poderia atacar outra para se defender.
O apelo do Governo Federal para que as pessoas não se exaltassem, não depredassem o patrimônio particular e não se aglomerassem em manifestações públicas caiu no vazio. Diante da comoção gerada pelas notícias e imagens divulgadas por jornais e revistas a exemplo de O Cruzeiro, foram registradas manifestações populares em várias partes do país. Em muitas cidades as propriedades de estrangeiros foram alvejadas e a polícia teve trabalho para conter os revoltosos.
Político ardiloso, Getúlio Vargas não barrou as manifestações em frente ao Palácio da Guanabara, no Rio de Janeiro. Ao contrário disso, deu ordens para que os portões fossem abertos e aproveitou para discursar à massa. As placas de “Queremos a Guerra”, a queima de bandeiras com o símbolo nazista e o povo nas ruas levou o chefe do Estado Novo brasileiro a anunciar uma retaliação à altura.
Nesse sentido a decisão do Brasil participar efetivamente da Guerra agradou, mas demorou a se concretizar. A formação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) em 1943 revelou as dificuldades do Exército Brasileiro em preencher os quadros necessários. O recrutamento, seleção e treinamento destes homens não se realizaram de forma fácil. O equipamento dos pracinhas da FEB precisou contar com a ajuda dos companheiros norte-americanos, que também foram responsáveis pelo transporte da tropa brasileira até a Europa, em 1944.
O ataque brutal e sem justificativas, ao menos legais, do U-507 em 1942 mobilizou a população brasileira a exigir o direito de reparação. E embora o governo Vargas tenha atendido aos anseios dos seus cidadãos, a participação do país na Guerra revelou as fragilidades de uma nação incapaz de se defender sozinha. Após a entrada do Brasil na Guerra, a população se deu por satisfeita. Havia conformidade até mesmo diante da falta dos direitos civis, suprimidos durante o Estado Novo. Esperando pelas benesses do “Pai dos Pobres”, como Vargas era chamado, a população brasileira parecia incapaz de se defender sozinha em seu próprio território.
Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br
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