Bandeira de Sergipe (Foto: José Luís Silva) |
Publicado originalmente no site SÓ SERGIPE, em 24 de outubro
de 2020
Dia da Sergipanidade: data registra a oficialização da
independência do estado e ressalta a importância em se celebrar os aspectos que
marcam a sua identidade
Paulo César Santana (*)
O 24 de outubro é muito mais do que uma simples data para os
milhões de sergipanos e sergipanas que sentem no peito o orgulho pelo lugar
onde nasceram. Ocasião em que é comemorado o Dia da Sergipanidade, em alusão à
emancipação política da província da Bahia, a data no calendário local marca,
também, a comemoração das crenças, tradições, lutas e conquistas que, ao longo
dos anos, ajudaram a fortalecer o aspecto hospitaleiro e acolhedor de toda uma
comunidade.
Maria do Carmo Santos admiração pelo local onde vive |
Aos 75 anos e natural de Laranjeiras, cidade situada ao leste do estado, Maria do Carmo Santos diz carregar na memória os sentimentos de amor e admiração pelo local onde vive. Ainda que com passagem por outras regiões do país, para a enfermeira aposentada cada canto dos municípios que costumava frequentar, assim como os da capital onde reside atualmente, geraram importantes recordações que hoje ela afirma compartilhar com filhos e netos.
“Eu digo sempre que sorte maior em ser de Sergipe não há. Nós temos um mundo inteiro aqui dentro, com tanta diversidade e coisa boa, a gente tem que sentir muito orgulho disso. Já estive em muito lugar, e morei inclusive em outros estados, mas o meu Sergipe jamais esqueci. Tanto que as praias dos outros lugares onde morei nenhuma se iguala as nossas e sem contar a comida, as artes. É tudo muito lindo”, declarou orgulhosa.
Com 2.318.822 habitantes e área territorial de mais 21.925 km², segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o menor estado da federação é conhecido, sobretudo, pelas manifestações artísticas e populares que tomam forma em todas as suas regiões. Nesta lista, estão a tradicional festa dos Lambe Sujos e Caboclinhos, típica dos municípios de Itaporanga e Laranjeiras e que representa a guerra entre escravos e indígenas, além do barco de fogo do período junino em Estância e o evento que aborda a luta entre cristãos e mouros durante a Cavalhada em Canindé do São Francisco.
Juliane Santana repassa para o filho o orgulho que sente pelo estado onde nasceu |
A estudante Juliane Santana também ressalta a felicidade em pertencer a um dos estados mais representativos do Brasil. O amor e contentamento pelo lugar onde vive há mais de duas décadas, estão sendo repassados para o filho de 5 anos que nasceu em Salvador, mas vem aprendendo cada vez mais sobre a nova casa onde vive. “Faço questão que ele conheça tudo sobre esse estado maravilhoso e que me orgulho tanto. Já visitamos juntos algumas cidades e, assim que possível, quero levá-lo pra conhecer o nosso museu e já ir começando a introduzir algumas coisas na mente dele,” brincou a sergipana de 29 anos.
A data
Historicamente, o 24 de outubro ainda se confunde com a data
de 8 de Julho, dia em que foi assinada a Carta Régia oficializando a separação
entre os territórios de Sergipe e Bahia e transformando-se na celebração
oficial da emancipação política no estado. Entretanto, o documento assinado em
1820 só chegou em terras sergipanas pouco mais de quatro anos depois, em 24 de
outubro de 1824.
Durante o longo período, desde a promulgação até a chegada do documento em Sergipe, foram muitos os confrontos entre partidários a favor e contrários à decisão. Hoje, com quase 200 anos de liberdade, Sergipe coleciona fatos e personalidades que contribuíram para evidenciar o nome da antiga província em cenários nacional e internacional. Da genialidade de Tobias Barreto, patrono da cadeira nº 38 da Academia Brasileira de Letras, ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade conquistado pela praça São Francisco, em São Cristóvão, passando pelo nome de Luiz Antônio Barreto, um dos mais renomados historiadores sergipanos, falecido em 2012.
Trio de forró. A arte sergipana |
Sergipanidade que gera lucro
Há aproximadamente 40 anos, José de Oliveira, gerencia um
pequeno restaurante situado na praça central entre os mercados Maria Virginia
Leite Franco, Thales Ferraz e Antônio Franco, locais bastante frequentados por
sergipanos e turistas como opções para vivenciar a cultura local. Com cardápio
tipicamente regional, ele, conhecido entre os clientes como Vermelho, diz que a
escolha foi certeira e sente orgulho em contribuir para contar um pouco da
história de Sergipe, através dos pratos que serve.
“Tanto no café da manhã quanto no almoço, o pessoal tem vindo e aprovado e isso pra mim é uma satisfação imensa. O cardápio tem de tudo (risos), mas o que o pessoal está sempre pedindo é o caranguejo e a moqueca de camarão”, afirma seu José.
José de Oliveira: história através da culinária (Foto: Felipe Goettenauer) |
Orgulho e satisfação, ainda, para dona Maria Helena Santos, vendedora de artigos de artesanato e decoração no local conhecido como Passarela das Flores, no mercado Antônio Franco. A prática exercida há pouco mais de 35 anos, tem garantido o sustento da família e o desejo por novas conquistas, como o da casa própria que ela também sonha em financiar.
“Eu sempre me orgulhei bastante da minha terra e, pra mim, seria impossível trabalhar com outra coisa que não fosse meu artesanato. Os clientes chegam e ficam admirados com tanta diversidade de renda, cor, formato e a gente, também, acaba ajudando a contar um pouco da história de Sergipe com essas peças”, comentou a vendedora.
(*) Estagiário sob supervisão do jornalista Antônio Carlos Garcia
Texto e imagens reproduzidos do site: sosergipe.com.br
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