Equipe responsável pelo filme (Foto: Portal Infonet).
Bastidores da gravação (Foto: Arquivo pessoal/divulgação)
Infonet - Cultura - Notícias - 13/09/2013.
Produção do queijo coalho em SE é retratada em filme
Filme exibe o modo de vida das mulheres que produzem o
queijo
O trabalho desenvolvido pelas mulheres sertanejas, que
aproveitam o leite para produzir o queijo coalho caseiro, foi retratado em um
documentário de 14min dirigido pela jornalista e relações públicas Rita Simone
Liberato. “Guardiãs do Queijo Coalho no Sertão” (foi lançado na sexta-feira, no
Cine Vitória, antiga Rua 24h), dentro da programação do CurtaSE 13. O filme
exibe o modo de vida das mulheres sertanejas que aproveitam o leite, importante
recurso territorial, para elaborar o queijo.
A doutora em geografia Sônia de Souza Mendonça Menezes,
professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e produtora do trabalho,
explica que o trabalho teve como objetivo dar visibilidade ao trabalho das
sertanejas. Segundo ela, há no alto sertão sergipano, entre os municípios de
Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória e Porto da Folha, cerca de 225 produtoras
de queijo coalho. Esse número, de acordo com ela, pode ser ainda maior, já que
as mulheres foram contabilizadas no período de estiagem. “Neste trabalho
procuramos valorizar a atividade destas mulheres difundindo pelo Brasil a
existência dessas trabalhadoras”, diz.
Emocionada, a representante das Guardiãs do Queijo Coalho,
Lindinalva Delfino, disse estar muito feliz em ter seu trabalho valorizado. “Eu
estou muito feliz com isso tudo. Trabalho com o queijo coalho há mais de 30
anos e agora vou deixar tudo que sei e conquistei como herança para meus filhos
e netos. Com o queijo coalho passei a criar porcos e toda a minha família
sobrevive disso”, relatou.
A mulher
Já a jornalista Rita Simone, num olhar voltado à cultura
brasileira, explica que o trabalho de registro das mulheres camponesas no
Brasil surgiu na época em que estava em um mestrado em comunicação e cultura no
Canadá, onde existe um incentivo muito grande com o áudio visual na academia.
“Comecei a observar como existem possibilidades de construção vídeos
documentários a partir da cultura tradicional do nosso país. E aí fiz, além de
outros vídeos, que retrata nossa cultura, o documentário das guardiãs do queijo
coalho. Existe uma coisa que é marcante na mulher. Elas são os seres que mais
passam fome no planeta”.
Ela continua: “Quando a mulher prepara a comida, primeiro
ela serve os filhos e por último, ela se serve. Então, às vezes não sobra quase
nada para ela e isso é quase totalitário nas diferentes culturas. Eu fico
pensando quais são as alternativas que essas mulheres criam em suas
comunidades, para permanecerem junto com seus filhos e evitar que não haja a
migração para a cidade. Isso significa perder a identidade, se distanciar de
sua cultura e viver em condições sociais e econômicas muito críticas. Para se
manter nesses locais, essas mulheres buscam esse tipo de alternativa para
manter sua comunidade, sua tradição. Fazer o queijo é uma condição cultural
além de saber e gostar de fazer o queijo. A relação que elas têm com esse
trabalho é de quem cuida e ama o que faz”, conclui.
O filme
O vídeo exibe o modo de vida das mulheres sertanejas que
aproveitam o leite, importante recurso territorial, para elaborar o queijo.
“Com o soro, subproduto da produção de queijos, as mulheres alimentam os suínos
que, comercializados, geram a renda que contribui para a sustentabilidade do
estabelecimento rural e a continuidade nessa terra, lugar de vida e labuta”,
afirma a Dra. Sônia de Souza Mendonça Menezes, professora da Universidade
Federal de Sergipe e produtora do trabalho.
O documentário foi elaborado a partir do projeto de pesquisa
Queijo de coalho caseiro: o saber fazer tradicional das mulheres camponesas e a
geração de renda no território do Alto Sertão Sergipano, financiado pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e
coordenado por Menezes, com participação dos estudantes de graduação em
geografia da UFS, Alexandro Batista dos Santos e José Natan Gonçalves da Silva,
da técnica da Emdagro, Abeaci dos Santos, e da engenheira de alimentos Dra.
Fabiana Thomé da Cruz (PGDR/UFRGS), que assina a co-produção do vídeo.
Fotos e texto reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura
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