Estácio Bahia, esposa Aurélia, a filha Sílvia e o
genro
Marco. Imagem reproduzida de arquivo
de Diego Bittencourt, postada pelo blog,
para ilustrar o
presente artigo.
Texto publicado no site do jornal CINFORM, em abril e 2020
A morte de um homem bom
Por Edvar Freire
Alguém falou, acho que foi Ernest Reminguay “A morte de
qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes
por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.
Então, conheci Dr. Estácio, era assim que as pessoas o
tratavam, há algumas décadas. Era um entre os grandes empresários das outrora
exuberantes indústrias têxteis e de malharia.
Surpreendentemente, deparei-me com um homem de postura e
vocabulário requintados, homem de fino trato e de sorriso espontâneo, e que
tratava a todos com muita atenção e até com ternura. Eu era do Banco do Brasil
e ele era cliente.
Visitei uma ou duas vezes o seu empreendimento, e ele esteve
outras tantas vezes no banco. Na Guimatex, sua malharia, montada com o que
havia de mais moderno no mundo, todos os equipamentos importados da Alemanha,
percebia-se a forma como os empregados o respeitavam e como nutriam admiração
por ele.
Naqueles dias, descobri que Dr. Estácio cultivava orquídeas,
e fiquei encantado pela forma com que um sujeito se dedica ao mundo
competitivo, árido, dos negócios, sem abrir mão da convivência com a beleza e o
com o perfume das flores.
Com a decadência do ramo de têxteis e malharias pelo Brasil
afora, vítimas indefesas das importações de tecidos asiáticos, perdi o contato
direto com o nobre amigo, mas nunca deixei de acompanhar, de longe, as
incursões de Dr. Estácio.
Foi quando me deparei com o lançamento do seu primeiro livro
e descobri que, além de amante das flores, o surpreendente Dr. Estácio era nada
mais nada menos que um fino poeta, um escritor, um artista.
Há pessoas que por onde passam, no decorrer da vida, deixam
impressões positivas, tanto isso é verdade que, mesmo com o relacionamento
mínimo que mantive com o Dr. Estácio, senti o desejo de escrever essa modesta
homenagem póstuma.
Homem de sonhos, homem de família, homem que sugou a
essência da vida e deixa muitas saudades entre os seus familiares e amigos.
Portanto, no momento das últimas despedidas, não perguntem por quem os sinos
dobram, eles dobram de tristeza, porque se vai com Dr. Estácio um pouco de cada
um de nós.
Texto reproduzido do site: cinform.com.br
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