Publicado originalmente na Linha do Tempo no Perfil do Facebook de JorgeNascimento Carvalho, em 9 de abril de 2020
Meu Encontro com Estácio
Por Jorge Carvalho do Nascimento *
Em 1995, quando voltei a viver em Aracaju, depois de um
estágio que cumpri durante dois anos pesquisando na Universidade de Frankfurt,
na Alemanha, uma das primeiras visitas que fiz foi ao meu amigo Luiz Antônio
Barreto. Ele vivia a plenitude da sua carreira de intelectual, jornalista e
gestor público. Ocupava o cargo de Secretário de Estado da Cultura (logo
depois, deixaria a Secretaria da Cultura para assumir a Secretaria de Estado da
Educação) e era um dos nomes mais destacados dentre os membros da Academia
Sergipana de Letras.
Foi no gabinete de Luiz Antônio que conheci Estácio Bahia
Guimarães. Um gordinho leve, simpático e de uma conversa que nos remetia à vida
boêmia de cidades como Salvador e Brasília, que falava da vida como professor
na Universidade Católica de Salvador e de reminiscências e curiosidades sobre a
política baiana. Mas, os olhos de Estácio brilhavam e ele ficava aceso quando o
assunto descambava para o cultivo de flores (principalmente as orquídeas), a literatura,
a poesia e as artes plásticas. Eram as suas paixões.
Ninguém imaginava estar diante de um homem formado em
Administração de Empresas pela Universidade de Brasília – UnB, nem de um
bacharel em Direito graduado pela Universidade Federal da Bahia. Muito menos de
alguém que se especializara em Engenharia da Produção pela Escola de
Organização Industrial, em Madri, na Espanha. Um Jornalista Profissional com
atuação na imprensa da Bahia, além de ostentar uma bem sucedida carreira
docente de professor universitário, tendo sido vice-diretor e diretor da Escola
da Administração da Universidade Católica de Salvador – UCSAL, onde atuou nos
Conselho Universitário, de Editoração e de Auditoria. Onde foi também
superintendente administrativo e financeiro, vice-reitor e por duas vezes
integrou a lista tríplice para escolha do reitor da instituição.
Nos tornamos amigos, sempre discutindo questões em torno da
literatura e das artes. No ano 2000 conheci de perto a sua generosidade. Luiz
Antônio Barreto lançou meu nome como candidato à Cadeira 34 da Academia
Sergipana de Letras, vaga decorrente do falecimento da acadêmica Núbia Marques.
Outros acadêmicos fizeram Estácio candidato na mesma vaga. Um dia, Luiz Antônio
me convidou para ir à casa de Estácio conversar com ele sobre a possibilidade
de um dos dois retirar a candidatura e aguardar uma outra vaga. Estácio, logo
no início da conversa, afirmou: tem pouco tempo que eu vivo em Aracaju. Você
está muito mais enraizado que eu na cultura sergipana. A vaga é sua. E retirou
a candidatura. Um ano depois, em 2001, votei em Estácio para ocupar a vaga da
Cadeira 29, decorrente do falecimento do acadêmico Luiz Rabelo Leite.
Artista plástico e poeta detentor de muitos prêmios e
homenagens. Membro de Academias: a Sergipana de Letras, a Sergipana de
Educação, ABROL e a de Letras de Aracaju. Membro do Rotary Club de
Aracaju-Norte, do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e da Associação
Sergipana de Imprensa. Premiado pelos seus trabalhos como poeta, escritor,
artista plástico e jornalista em Aracaju, Salvador, Brasília, Feira de Santana,
Rio de Janeiro e São Paulo. Autor de seis livros.
Partiu para a eternidade. Fica imortalizado entre nós pelo
registro dos seus trabalhos, pela obra que soube legar.
* Doutor em Educação, Jornalista Profissional, Membro da
Academia Sergipana de Letras, Presidente da Academia Sergipana de Educação e
professor aposentado da Universidade Federal de Sergipe.
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/JorgeNascimento
Carvalho
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