Publicação compartilhada do site A8 SE, de 13 de maio de
2021
Resistência: enciclopédia resgata a história da sergipana
Beatriz Nascimento
Nascida em 1942, a aracajuana foi uma mulher negra,
historiadora, militante e professora
Por Pedro Nascimento, estudante de jornalismo, sob a supervisão
de Luciana Gois
O livro "Enciclopédia Negra", idealizado por Lilia
Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes, publicado pela Companhia das Letras, é
uma obra que conta com 416 verbetes de homens e mulheres negras que, da
colonização até os dias atuais, marcaram a história do Brasil por suas lutas.
Ao longo das 720 páginas, o leitor tem a oportunidade de conhecer diversas
histórias silenciadas e uma delas é a da sergipana Maria Beatriz Nascimento.
Nascida em 1942, a aracajuana foi uma mulher negra,
historiadora, militante e professora da rede estadual do Rio de Janeiro, que
deixou sua terra natal com o objetivo de lutar contra o racismo e pelos
direitos da população negra.
“Ela pode ser considerada uma das grandes vozes contra o
racismo. Ela se especializou na historiografia da escravidão, em especial na
análise de Quilombos e quilombolas. Ela até formou um grupo de trabalho
importante chamado Grupo de Trabalho André Rebolças (GTAR), grupo com projetos
acadêmicos, projeção acadêmica e reflexões políticas", explica Lilia
Schwarcz, escritora e historiadora que integra a obra.
Ao longo de sua jornada, Beatriz Nascimento teve trabalhos
importantes publicados jornais e revistas, a exemplos da IstoÉ, Revista de
Cultura Vozes, Jornal Última Hora e outros periódicos reconhecidos pelo Brasil.
Além disso, ela participou do documentário "Orí", de 1989, dirigido
pela socióloga e cineasta Raquel Gerber. O longa-metragem documenta os movimentos
negros brasileiros entre 1977 e 1988, buscando a relação entre Brasil e África,
em que o fio condutor é a história pessoal da própria Beatriz Nascimento.
No auge dos 52 anos, em 1995, ano em que cursava mestrado,
Beatriz Nascimento foi brutalmente assassinada no Rio de Janeiro após defender
uma amiga que sofria violência doméstica. Ela foi sepultada no Cemitério São
João Batista, em Aracaju.
“Beatriz Nascimento, que nos deixou tão jovem, foi um
exemplo e uma grande voz contra o racismo, que jamais esqueceu seu lugar de
origem: Sergipe. Aracaju", disse Lilia.
Texto reproduzido do site: a8se.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário