quarta-feira, 19 de maio de 2021

Resistência: enciclopédia resgata a história da sergipana Beatriz Nascimento


Foto: David Sá/Acervo de Bethânia Gomes e postada pelo blog

Publicação compartilhada do site A8 SE, de 13 de maio de 2021

Resistência: enciclopédia resgata a história da sergipana Beatriz Nascimento

Nascida em 1942, a aracajuana foi uma mulher negra, historiadora, militante e professora

Por Pedro Nascimento, estudante de jornalismo, sob a supervisão de Luciana Gois

O livro "Enciclopédia Negra", idealizado por Lilia Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes, publicado pela Companhia das Letras, é uma obra que conta com 416 verbetes de homens e mulheres negras que, da colonização até os dias atuais, marcaram a história do Brasil por suas lutas. Ao longo das 720 páginas, o leitor tem a oportunidade de conhecer diversas histórias silenciadas e uma delas é a da sergipana Maria Beatriz Nascimento.

Nascida em 1942, a aracajuana foi uma mulher negra, historiadora, militante e professora da rede estadual do Rio de Janeiro, que deixou sua terra natal com o objetivo de lutar contra o racismo e pelos direitos da população negra.

“Ela pode ser considerada uma das grandes vozes contra o racismo. Ela se especializou na historiografia da escravidão, em especial na análise de Quilombos e quilombolas. Ela até formou um grupo de trabalho importante chamado Grupo de Trabalho André Rebolças (GTAR), grupo com projetos acadêmicos, projeção acadêmica e reflexões políticas", explica Lilia Schwarcz, escritora e historiadora que integra a obra.

Ao longo de sua jornada, Beatriz Nascimento teve trabalhos importantes publicados jornais e revistas, a exemplos da IstoÉ, Revista de Cultura Vozes, Jornal Última Hora e outros periódicos reconhecidos pelo Brasil. Além disso, ela participou do documentário "Orí", de 1989, dirigido pela socióloga e cineasta Raquel Gerber. O longa-metragem documenta os movimentos negros brasileiros entre 1977 e 1988, buscando a relação entre Brasil e África, em que o fio condutor é a história pessoal da própria Beatriz Nascimento.

No auge dos 52 anos, em 1995, ano em que cursava mestrado, Beatriz Nascimento foi brutalmente assassinada no Rio de Janeiro após defender uma amiga que sofria violência doméstica. Ela foi sepultada no Cemitério São João Batista, em Aracaju.

“Beatriz Nascimento, que nos deixou tão jovem, foi um exemplo e uma grande voz contra o racismo, que jamais esqueceu seu lugar de origem: Sergipe. Aracaju", disse Lilia.

Texto reproduzido do site: a8se.com

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