Foto: Arquivo Pessoal
Publicado originalmente no site F5 NEWS, em 31 de maio de
2021
Sergipano é destaque na revista independente Aquilombe
Designer e artista visual, Breno Loeser atua sobre o tema
religião afro-brasileira
Por Laís de Melo
O sergipano Breno Loeser, de 27 anos, foi convidado para
fazer parte da primeira edição da revista independente Aquilombe, que leva o
tema “Arte Visual Decolonial”. O designer de formação e mestrando em Ciências
da Religião na Universidade Federal de Sergipe (UFS) também foi finalista do 1º
Prêmio de Design Tomie Ohtake Leroy Merlin, em 2018, com o projeto “Sergipe
Encantado”, ao abordar a temática religiosa afro-brasileira do território
sergipano.
De acordo com Loeser, chegar à final de um prêmio com
amplitude nacional foi muito importante para a sua caminhada profissional. O
projeto “Sergipe Encantado” foi o trabalho de conclusão de curso do Design
Gráfico, na Universidade Federal de Sergipe (UFS).
“Tudo isso me trouxe muito ânimo e me aproximou mais ainda
dos meus sonhos. Meu projeto foi um livro, e eu fui o único participante com
esse tipo de projeto. Nele, eu abordei histórias de pessoas de Sergipe e a
relação com o sagrado, tudo dentro da estrutura dos arcanos maiores do tarô,
que são 22 cartas e 22 pessoas”, relembra o sergipano.
O designer e artista visual conta ao F5 News que desde a
adolescência tem contato com diversas religiões e cultos, o que o deixou
fascinado pela multiplicidade religiosa e espiritual brasileira.
“O fascínio pela expressão visual acabou por me levar ao
curso de Design Gráfico na UFS, um momento chave em minha vida, onde pude
crescer e aprender a construir um senso político, social e cultural do meu
trabalho. Minha bagagem religiosa acabou por me levar para o mestrado em
Ciências da Religião na UFS também. Hoje me sinto feliz e com muito ânimo para
seguir (re)descobrindo a riqueza semântica de ser brasileiro. O Design e a Arte
trouxeram cor, movimento e profundidade para essa jornada”, disse ao portal
Breno Loeser.
"Do bairro Industrial para o Instituto Tomie Ohtake em
São Paulo" é como descreve Breno a sua passagem pelo 1º Prêmio Design em
2018. A premiação aconteceu em 2019, com uma exposição do trabalho dos participantes
de todas as regiões do país, incluindo o do sergipano.
Segundo ele, falar sobre espiritualidade afrobrasileira mexe
com esferas sensíveis, portanto, se torna um grande desafio. “Fico feliz por
ter chegado até as semifinais. Minha ida a São Paulo me trouxe muitos contatos
e boas amizade, isso não tem preço”, comemora o artista.
No livro, Breno transcorre sobre a pluridiversidade das representações afro no Brasil, com uma pesquisa e estudo sobre as visualidades afrocêntricas e como elas compõem o imaginário do Brasil-terreiro.
“Desde 2019 tenho me dedicado a esse projeto, construindo
esse repertório visual que se dedica a pensar a presença africana no Brasil e
sua heterogeneidade”, reitera o profissional.
Como consequência de seu trabalho, Breno foi recentemente
convidado para compor a capa da revista Aquilombe, juntamente com outros cinco
artistas visuais, os quais desenvolvem desde colagens digitais a grafite, sendo
uma grande aposta de lançamento do clube, que teve a campanha aberta em maio deste
ano.
“A revista Aquilombe trouxe um convite incrível e
importante, afinal meu trabalho hoje como designer e artista visual toca em
temáticas importantes que serão abordadas na revista. Aquilombe é sobre
retorno, refluxo. Retomar um território sem muros, reconquistar nossos espaços
por direito. Reunir-se com os nossos, dialogar com os nossos e construir com os
nossos, isso diz muito sobre como me enxergo e como busco construir meu
trabalho. Me sinto honrado por ser o destaque desta edição”, conta o designer.
Aquilombe
A revista está em fase de acabamento, mas já demonstra
potencial. As proprietárias são duas mulheres: a baiana Mariana Madeline,
idealizadora do projeto, e a sergipana Ana Karine de Oliveira, responsável pela
identidade visual da publicação.
A proposta da Aquilombe é, dentro da ideia de Arte Visual,
apresentar trabalhos de colagem e/ou ilustrações digitais de artistas como
Breno Loeser. A primeira edição está prevista para ser lançada entre os dias 21
a 25 de junho, e está em fase de desenvolvimento gráfico.
A baiana Mariana Madelinn, de 26 anos, é bacharel em Direito
e escritora. “Pela última profissão é de se imaginar que eu seja idealista,
mas, para além disso, sempre quis ter um negócio próprio, com uma abordagem
socioambiental. A partir do conhecimento que obtive na graduação e agora também
na minha pós-graduação de Gestão de Conflitos e Mediação, fui pensando em
maneiras de pôr isso em prática. Conversando com Ana Karine, que é uma grande
entusiasta da economia criativa, projetamos o Aquilombe”, conta a idealizadora.
Ainda segundo Madelinn, a revista é um clube de assinaturas
para apresentação de ideias inspiradoras e empreendimentos que geraram impacto
nas comunidades.
“Esse empoderamento comunitário é minha atual pesquisa no Lato Sensu. O projeto está em financiamento coletivo no Catarse, então, orientamos a entrega pela demanda de lá também. A Cartilha/Revista digital será composta com entrevistas de mais 5 artistas visuais e uma curadoria de conteúdo voltado ao tema do ciclo. Nossos outros serviços envolvem a newsletter com descontos em um pôster de Breno Loeser, bate-papo com ele e participação no nosso grupo do Telegram”, conta.
Edição de texto: Monica Pinto
Texto e imagem reproduzidos do site: f5news.com.br
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