Post compartilhado do Facebook/Antônio Saracura, de 8 de março de 2023
Dia Internacional da Mulher
Por Tonho de Itabi, colado do wsap “O Escritor na Livraria”
Hoje não posso deixar de falar um pouco de Candelaria que chegou a Aracaju com aproximadamente 14 anos e aí foi conhecendo a crueldade, os dias e noites de preconceitos e perseguições pela sociedade tão machista. Enquanto lugares ela foi impedida de frequentar, como o Cinema Palace, o Restaurante João do Alho, o dois cafés chiches de Aracaju, até a praia de Alataia ela tinha de frequentar em uma área restrita a classe pobre. Teve seus direitos violados de morar um uma casa digna, foi expulsa de um condomínio só porque lá morava o vice governador. Passou por uma internação no hospital Adauto Botelho, só porque ficou grávida de Sr da alta sociedade. Eu passaria o dia todo aqui falando de Candelaria e contando toda sua história.
Ela venceu o Prêmio Claudia 2000 e em 29 de agosto de 2016 a Revista Claudia publicou a reportagem “10 mulheres que mudaram a vida de outras mulheres no Brasil”, e Candelária foi uma das personagens. À revista, ela contou que aos 7 anos, em Belo Jardim (PE) onde nasceu, depois de tomar uma surra da mãe adotiva, fugiu de casa e foi morar na rua. Viveu assim até ser descoberta por uma cafetina, que lhe deu o apelido de Candelária, como ficou conhecida. “Ela dizia que eu era tão imponente como a igreja da Candelária, no Rio de Janeiro”, lembrou na ocasião.
Depois mudou-se para Aracaju. “Com 16 anos, 1,71 metro, corpo esguio e olhos verdes, tornou-se a prostituta mais bela e requisitada de Aracaju, trabalhando na boate Miramar. Foi amante de poderosos, casou-se com um empresário de transportes de carga e deixou a prostituição aos 22 anos. Não esqueceu, no entanto, as mulheres da noite”, diz a reportagem.
Em 1991, denunciou a violência e o abuso da polícia contra elas e fundou a ASP. Com apoio do Ministério da Saúde, a organização prestava atendimento a profissionais do sexo na região, oferecendo palestras sobre prevenção de Aids e DSTs, noções de cidadania e autoestima e distribuía preservativos para as prostitutas de baixa renda. Candelária também montou o serviço Posto de Saúde Dona Jovem, que atendia gratuitamente vítimas de doenças sexualmente transmissíveis. Para mulheres que desejavam mudar de atividade, ela sugeria cursos profissionalizantes.
Morreu no dia 30 de maio de 2020 aos 70 anos, Maria Niziana Castelino, conhecida como Candelária. Ela ficou internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), do Hospital Cirurgia, em Aracaju, apesar de ter testado positiva para a Covid-19, a causa da morte foi de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Aos 70 anos, Candelária carrega consigo um histórico de luta em favor dos direitos das mulheres e prostitutas. Moradora de rua desde criança, ela conheceu e viveu a rotina de mulheres que buscam o sustento através da prostituição. Mais tarde, tornou a vida dessas mulheres como símbolo de luta. Presidiu por muitos anos a Associação Sergipana das Prostitutas (ASP), pleiteando direitos, promovendo debates e lutando pela visibilidade dessas mulheres.
Tonho de Itabi Contador de Histórias
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antônio Saracura
Nenhum comentário:
Postar um comentário