terça-feira, 2 de agosto de 2016

Homenagem a Dr. Wellington Sabino Ribeiro Chaves



Publicado originalmente no Facebook/Lucio Prado Dias, em 27 de julho de 2016.

O adeus a um Mestre.

Por Lúcio Prado Dias.

Em 1977, no quinto ano de Medicina, resolvi abraçar a gastroenterologia. Um nome despontava no cenário médico do estado nessa área: Wellington Sabino Ribeiro Chaves, ou simplesmente Dr. Wellington, muito amigo do meu irmão Marcos, não só ele, as famílias de ambos eram muito próximas. Chegaram a ser vizinhos no Conjunto RIC, projeto ousado e arriscado de Rubens Chaves, arquiteto irmão de Wellington, construído na zona sul de Aracaju, de difícil acesso, ao lado de um enorme prédio em construção, que viria a ser o Supermercado G.Barbosa da Francisco Porto. A cidade “terminava” quase no Tramandaí. Seguindo pela beira-mar, bem longe, ficava a praia, praticamente uma região de veraneio, a Atalaia.

Não era fácil chegar ali! Uma rua empiçarrada partindo da beira-mar, que terminava praticamente naquele conjunto habitacional, sem outras saídas. Quando chovia então era um horror! Atoleiros gigantescos formavam-se, dificultando o acesso.

Marcos me apresenta a Wellington para que eu o acompanhasse no Hospital Santa Isabel, onde juntos dividiam um pequeno ambulatório da emergente endoscopia digestiva, algo inovador naquele momento. Pioneiro na videoendoscopia digestiva alta em Sergipe, Wellington Ribeiro importou o primeiro aparelho para a realização de exames para diagnostico e tratamento.

Consegui com a UFS a autorização para realizar com ele o meu estágio opcional do último ano, acompanhando-o nas enfermarias, no ambulatório e no atendimento aos pacientes. Foi um dos períodos mais ricos e intensos da minha vida estudantil, ante a expectativa da formatura que se aproximava e os desafios que se apresentavam.

Aprendi com o mestre Wellington não só a prática clínica moderna, os conceitos médicos vigentes mas, sobretudo, os preceitos éticos e morais que sempre nortearam a sua vida como profissional zeloso, estudioso e de cidadão responsável.

Convivi intensamente com ele nesses dois anos, promovendo cursos e participando de congressos. O 1º Curso de Atualização em Gastroenterologia, em 1977, foi o meu primeiro desafio como organizador de um evento, sugerido por ele para angariar recursos para a nossa formatura.

Wellington, com o seu prestigio, trazia palestrantes de outros estados para abrilhantar os eventos. Com os colegas da faculdade, fazíamos de tudo para que a coisa acontecesse com o menor custo possível. Até a decoração era criada pela nossa turma e recordo o trabalho para fazer em isopor a silhueta de um “estômago” com colagem de cartazes do evento. Um luxo!

No Congresso de Gastroenterologia, ocorrido em Recife no mesmo ano, lá estávamos juntos ( ele “patrocinava” a nossa participação!), apresentando-nos vultos da gastroenterologia brasileira, a maioria do seu círculo de amizade.

Tinha prazer em ensinar, gostava de servir, uma figura humana magnífica, uma personalidade invulgar! Fará muita falta!

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Lucio Prado Dias.

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