Foto: Rita Avellar
Publicado originalmente no site do JORNAL DA CIDADE, em 29/06/2020
A voz e a vez do voo de Pardal
Ele lança hoje nas plataformas digitais o primeiro single:
“Fui Escolhido”.
Por Gilmara Costa
No palco da vez, na fala de sempre e lugar de talento desde
nascença, o jovem sergipano Wesley dos Santos, que se criou “Pardal”, é arte
expressa em letra, som e corpo. Múltiplo e consciente das expressões artísticas
que o inspira e cerca, encontrou inicialmente na dança a própria manifestação
do diálogo; no poema, o desabafo social; e agora, no canto, a pujança
amplificadora de uma escolha já determinada quando do primeiro verso escrito.
MC, poeta, rapper, preto da periferia, B-Boy e bailarino
contemporâneo, Pardal integra o movimento Hip Hop há 12 anos e nesta segunda,
29, lança nas plataformas digitais o primeiro single: “Fui Escolhido”. “Essa
composição é de 2018, quando já escrevia alguns poemas e sempre que mostrava
aos amigos eles sugeriam transformar em música.
Até então, cantava em rodas de samba, encontro de amigos e
quintal de casa. Nunca pensei em me tornar MC, mas foi acontecendo e lançar
esse single agora, o primeiro de um EP que vai chegar em breve, é significativo
pelo momento que estamos vivenciando, o que nos mostra a atemporalidade da arte
e está como ferramenta de diálogo com o público”, destacou Pardal.
Na poética de Pardal, a vivência presente reencontra o
passado numa linha contínua de preconceito racial, social e religioso, numa
exposição de conquistas, luta, embates, silêncio, eco certeiro de uma realidade
que visa modificações no breve amanhã. “É a minha vida. Sou da “quebrada”,
minha inspiração é diária, ao sair de casa já tenho uma história para contar.
Aberto às possibilidades artísticas e entendendo ela como ferramenta de
transformação, desejo que o meu trabalho se multiplica, reverbere e que outras
pessoas tenham os espaços que se abriram para mim, como conheceu comigo em
diversos saraus da cidade, a exemplo do Sarau da Quebrada, comandado pelo Hot
Black, minha inspiração também, enquanto ser humano e artista”, declarou.
“Fui Escolhido” apresenta voo livre, sem perdas rítmicas,
com referências ao jazz, soul, funk e samba, num início acelerado de verdades
diárias e atemporais que encontram no pedido de licença ao sofrimento em
“Depois Eu Volto”, do Batatinha, a suspensão do refletir social em favor de uma
diversão passageira. “A arte é para a gente pensar, é beleza, é amor. Em que
pese a letra trazer todo uma realidade que nos entristece, fico feliz em soar
artisticamente e contribuir de alguma forma para dias melhores a partir do uso
da arte como meio de informação, esclarecimento e clarear de ideias”, disse
Pardal.
O EP com seis músicas está em fase de produção, atividade
suspensa devido à pandemia instalada no país, mas o jovem rapper acredita que a
obra vai chegar. “Já estávamos finalizando, definindo as estratégias de
lançamento, mas então a pandemia se instalou e tivemos que adiar alguns
processos. Mas estamos felizes com o lançamento desse primeiro single e à
medida que essa realidade se transforme novamente vamos definindo a chegada
desse EP, que está lindo com uma seleção de músicas que contam uma história. E
o nosso desejo é que tudo isso passe e possamos lançar fisicamente também, mas
aí vai depender de tudo isso que estamos enfrentando”, concluiu.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário