terça-feira, 16 de junho de 2020

Candé, por Marcelo da Silva Ribeiro


CANDÉ

Morreu Candelária.
Levou parte dos meus sonhos de juventude
Quando a via desfilar altiva pelas ruas da cidade
E a seguia, ávido por um olhar, restrições da pouca idade.
O esvoaçar do vestido azul
O seu ar desafiador
As promessas de amor
Ah! Tudo o tempo levou.
Restaram o perfume forte
O desejo de ser amigo do rei
Com a bela Candé namorar.
Mas a moça se superou
Virou ativa guerreira, Presidente
Da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sexuais
E a ex-moradora de rua corroborou
Que dignidade é perene
Passageira é a matéria.

Aju, 31.05.2020

Marcelo da Silva Ribeiro.

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