Pedro Hilário dos Santos - Reprodução
Publicado originalmente no site da revista AVENTURAS NA
HISTÓRIA, em 30 de março de 2019
Aracaju, 1976: Conheça Pedro Hilário dos Santos, preso em
uma das mais violentas ofensivas da Ditadura Militar.
Descubra o caso do soldado e ferroviário sergipano atacado
pelos militares durante a famosa Operação Cajueiro
Por André Nogueira
A Operação Cajueiro foi uma das mais violentas e brutais
ofensivas militares do período da ditadura e, ao mesmo tempo, é uma das mais
mal explicadas. Trata-se de uma iniciativa do general Adyr Fiúza de Castro da
6ª RM em Salvador, que, no dia 20 de abril de 1976, envia um batalhão numa
missão em Aracaju, Sergipe. Nessa oportunidade, uma junta composta por membros
do Exército nacional, da RM baiana, do DOI-CODI, do DOPS e da Polícia Federal,
ordenados pelo tenente-coronel Oscar Silva, prenderam mais de 25 sergipanos,
além de processar 18 soldados e um deputado estadual.
Pelos pronunciamentos do exército, o objetivo principal da
ofensiva era minar os membros escondidos do Partido Comunista Brasileiro (PCB),
na ilegalidade na época. Porém, quase nenhum acusado possuía qualquer ligação
com o órgão. A iniciativa ocorreu na tarde da véspera do Carnaval de 1976 e
veio de uma iniciativa federal de eliminação do Partido. Muitos políticos e
homens influentes do Sergipe foram presos: Antônio Góis, Marcélio Bonfim,
Rosalvo Alexandre, Milton Coelho e Wellington Mangueira.
Pedro Hilário dos Santos foi um soldado sergipano dedicado.
Fez parte, nos anos 1940, das Forças Expedicionárias Brasileiras (FEB) mandadas
por Vargas para lutar na Segunda Guerra Mundial em território europeu
(principalmente, Itália). Parte deste grupo também acabou se envolvendo com as
manifestações militares ocorridas em 1945 contra o presidente, pois as FEBs e
Hilário dos Santos haviam lutado pela derrubada do fascismo na Europa, mas, ao
retornarem, se depararam com o cenário de ditadura nacionalista e pesada que
Vargas comandava. Porém, com seu retorno ao Brasil, se tornou ferroviário.
Pedro foi um dos sergipanos presos durante a Operação
Cajueiro. Os militares, no calor da iniciativa e na falta de poderes de
contenção, protagonizaram um cenário de aprisionamento alheio cuja motivação, a
caça ao PCB, não pareceu mobilizar a ação. Pedro não era comunista e muito
menos partidário do órgão procurado.
Porém, quando o ferroviário percebeu as proporções da
iniciativa do exército e a tentativa dos policiais de fazerem um cerco em volta
da sede da empresa em que trabalhava (Leste), Pedro mandou que todos fugissem
enquanto segurou a porta para impedir a invasão. O ex-soldado travou a porta e
deu tempo para que seus colegas de trabalho pudessem fugir com vida. Pelo ato,
Pedro Hilário foi preso.
Dois anos depois dessa confusão, por condições de saúde,
Pedro Hilário da Silva veio a falecer. Hoje, há homenagem a ele em nome de rua
de São Conrado, em Aracaju.
Texto e imagem reproduzidos do site:
aventurasnahistoria.uol.com.br
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