Samuel Rodrigues já está de volta no combate a doença
Publicado originalmente no site do JORNAL DO DIA, em 07 de Agosto de 2020
O médico que foi à UTI, venceu a Covid e voltou à linha de
frente
A história é de superação, força e boa vontade. Há 30 dias,
o médico intensivista do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), Samuel
Rodrigues da Silva, deixava o hospital onde estava internado para tratar a
Covid-19. Seu estado era grave, precisou de UTI e intubação e, devido à
insuficiência de oxigênio no cérebro, sua mente se alternava entre lucidez e a
falta dela. Mas ele venceu a infecção e, recusando os 30 dias para a
recuperação a que tinha direito, voltou ao trabalho 15 dias após a alta médica.
"Precisava continuar cuidando dos pacientes, salvando vidas", disse o
médico que se declara um apaixonado pelo trabalho com pacientes críticos.
O médico relembra o que viveu quando adquiriu a Covid-19 e o
caso se agravou. " Fui para UTI e precisei ser intubado para superar uma
atelectasia (colapso de um segmento do pulmão alterando a relação ventilação/perfusão
- passagem de líquido através do sistema circulatório ou linfático para um
órgão ou tecido). Debilitado e com 15 quilos a menos, vivi a experiência comum
a seus pacientes: senti o que eles sentem e confesso que não é das melhores
sensações, não", revela.
Segundo ele, o processo de melhora começou a partir do
momento em que foi intubado. "Muita gente tem medo da intubação
orotraqueal, mas na verdade é o que salva", atestou ele, ressaltando que a
experiência com a proximidade da morte engrandeceu sua história de vida,
inclusive no campo profissional. "Em meus momentos de lucidez me
preocupava em como minha esposa falaria para o meu filho que ele não tinha mais
pai caso eu viesse a óbito. Pensava também em como iria nascer Marina, a bebê
no ventre de uma amiga, detectada com um probleminha de saúde", relatou.
Desde o início da pandemia, o intensivista Samuel Rodrigues
escolheu trabalhar somente com paciente Covid-19. "Hoje nós temos uma
carência de profissionais na área de Medicina Intensiva, uma realidade que
atinge o Brasil e o mundo. Então, me dispus desde o primeiro dia a trabalhar
com esse paciente que tem uma necessidade de cuidados intensivos porque um
paciente que se agrava com a Covid tem que estar dentro de uma UTI",
informou o médico que atua no Huse; no Hospital Regional de Itabaiana, onde
responde pela Diretoria Clínica da unidade; e no Hospital da Polícia Militar,
onde é coordenador Clínico.
O intensivista mora com a esposa, o filho e os sogros. Por
estar exposto ao novo coronavírus adota cuidados preventivos para reduzir as
possibilidades de contágio. À exceção de sua mulher, ninguém mais na casa teve
a doença. Entre as medidas de proteção por ele adotadas estão entrar na casa
somente depois de se desfazer de roupas e sapatos em local específico na área
externa da residência, higienizar bem as mãos, não abraçar o filho na volta do
trabalho e não falar com as pessoas que vivem na casa antes do banho. Ele
salientou que a família usa máscaras dentro de casa, principalmente os sogros
idosos.
Ensinamentos - A pandemia tem uma face terrível, mas como
tudo de bom ou de ruim que acontece, lições são deixadas, segundo avalia o
médico. "Do ponto de vista pessoal, o novo coronavírus traz a seguinte
reflexão: que a gente tem que viver um pouquinho mais; se amar um pouquinho
mais; saber dividir as coisas, pois não somos nem oito nem oitenta, existe um
meio termo; que tem coisas que não gosto no meu colega, mas que posso aprender
a conviver com isso; ser mais tolerante.
A pandemia reforçou que nós somos todos iguais", opinou.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br
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