segunda-feira, 16 de maio de 2016

Documentário ‘Nadir da Mussuca’

Foto: Alexandra Dumas/Divulgação.

Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 10/05/2016.

Documentário ‘Nadir da Mussuca’ é lançado...
Exibição acontece(u) no Museu da Gente Sergipana...

Por: Gilmara Costa/Equipe JC

O cotidiano de quem se coloca no palco e na vida como figura representativa de uma coletividade reprimida pelo preconceito e invisibilidade social, mas que ganha cor e voz na manifestação cultural que, periodicamente, atrai olhares curiosos e desperta a inquietude daqueles que têm a necessidade de compartilhar saberes. Foi numa das apresentações do grupo de São Gonçalo da Mussuca, no Festival Cultural de Laranjeiras no ano de 2011, que a professora Alexandra Dumas se encantou com a expressividade de Nadir Maria dos Santos, mais conhecida por Nadir da Massuca. Ali nasceu uma relação afetiva que, entre fotos e vídeos amadores, deu margem à construção de uma pesquisa sobre a memória, corpo e ancestralidade da mulher negra, de comunidade quilombola. E aí virou filme. ‘Nadir da Mussuca’, de Alexandra Dumas, foi lançado...

“Não tinha qualquer pretensão de pesquisa tampouco de documentário, mas quando pude assistir a uma apresentação de São Gonçalo e perceber a presença marcante de Nadir, a forma como ela ocupou o palco, me deu uma curiosidade em saber mais sobre aquela mulher, sobre a Mussuca e o São Gonçalo. Foi então que demos início a uma relação de afeto, e como gosto de fotografia, eu acabei acumulando muitos registros, não numa qualidade tão boa para se fazer um documentário. E aí surgiu um edital na UFS direcionado à cultura afro-brasileira e foi com ele que consegui os recursos necessários para o desenvolvimento desse projeto e, em janeiro de 2014, formalizado o documentário”, explicou a professora de Teatro da Universidade Federal de Sergipe, Alexandra Dumas.

Com 26 minutos de duração, o documentário exibe Nadir da Mussuca do papel mãe pescadora à de integrante do São Gonçalo, entre cores, passos e cânticos folclóricos. “A Dona Nadir da Mussuca tem uma qualidade artística muito grande, em sua voz, na ocupação do palco, na forma como se posiciona na vida, como mãe que sustentou os filhos com a pescaria. Ela é uma mulher negra, pobre, de comunidade quilombola e que sofre preconceitos com tantos outras, sendo, portanto, uma figura de representatividade coletiva. E é isso que mostramos no documentário. Nós passamos uma semana acompanhando a rotina de Nadir e captamos tudo aquilo do seu cotidiano, o qual eu já conhecia pela proximidade que tinha com ela, o que me ajudou a direcionar bastante a captação do material para esse projeto”, afirmou Alexandra.

Já lançado na comunidade da Mussuca no mês março, o documentário ‘Nadir da Mussuca’ chega ao Museu da Gente Sergipana para conquistar mais público e ampliar o compartilhamento de vivências de uma artista popular. “Foi emocionante, Dona Nadir gostou e aprovou o que viu, e agora chega a hora de mostrar isso a mais sergipanos para que possam conhecer a religiosidade, a comunidade quilombola, mulheres negras, que tem em Dona Nadir uma referência e representação de força, humildade, autoestima e muito mais. Preciso agora receber as críticas desse trabalho até mesmo para dar continuidade aos objetivos futuros que tenho para ele que é a inscrição em festivais e o desenvolvimento de projetos pedagógicos que tenham como o debate a questão do gênero, etnia e religiosidade”, destacou a professora Alexandra.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

Nenhum comentário:

Postar um comentário