"Beco do Ouvidor, em Itabaiana, hoje com asfalto e casa
de andar, foi cenário de minha primeira infância. Aí brinquei de carinho de
lata de sardinha, prender e soltar, pé em barra, bola de gude, castanha nos
buracos das bicas, bola de meia; fiz fazendas de cigarras, bati e apanhei, rir
e chorei, aprendi a respeitar os mais mais velhos e a não pegar na coisa
alheia. No meu tempo era um beco de casas simples e chão de terra batido. Nunca
me intimidei com a vida.
No lado esquerdo, defronte as casas, é um muro até hoje.
Moravam neste beco naquele tempo: Cosme funileiro, Marinho eletricista, Orlando
do Bom Jardim, Ruço de Tidinha, Alaíde, Fobica, o Pai de André, Seu Pedrinho
dentista, Sinhá, Sereia Branca, são os que me lembro. Em cada casa moravam mais
de 10 meninos, o beco era uma festa. Na esquina tinha uma Vila de quarto de Seu
Manezinho Clemente, alugado as putas. As mais famosas de Itabaiana. Minha casa
era na esquina do Beco Novo, vizinho a vila das putas. Minha mãe, católica,
Filha de Maria, rezava um terço todas as noites; e convivia bem com a
vizinhança. Lembro-me que minha mãe falava: - "não tenho nada contra elas,
nunca me desrespeitaram, chegaram nessa vida porque não tiveram outro
jeito". E era verdade..." (Antônio Samarone).
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone.
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