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Infonet - São João - Notícias - 19/06/2015.
Quadrilha junina: arte obrigatória no arraiá sergipano
Concurso de Quadrilhas do Gonzagão segue de 19 a 30 de junho
A apresentação das quadrilhas juninas é o auge dos festejos
juninos de Sergipe e do Nordeste. Na maior celebração popular brasileira,
iniciada com o trezenário de Santo Antônio, no dia 1º de junho, passando pela
festa maior – o São João, no dia 24 – e terminando somente no dia de São
Pedro/São Paulo, dia 29, a quadrilha é elemento obrigatório. Em qualquer espaço
transformado em “arraiá” ela é presente: nas escolas, nas festas de bairro e
nos grandes eventos.
O costume de dançar quadrilha virou tradição, arte e
profissão. Além da exibição ao público, todas se esmeram para alcançar também o
lugar mais alto do pódio das várias competições realizadas no estado e fora
dele. Nesta sexta-feira, 19, começa uma das competições mais aguardadas, o
concurso da Casa de Forró e Barracão Cultural (Gonzagão), que segue até o dia 30
de junho. Há também espaços somente de exibição, como o Arraiá do Povo, na orla
de Atalaia, ambos mantidos pelo Governo do Estado.
De acordo com o presidente da Liga das Quadrilhas Juninas de
Aracaju e de Sergipe, Célio Torres, oficialmente de 60 a 65 grupos concorrem
pela preferência do público e dos jurados em Sergipe. “Além da Liga, existe
mais uma associação de quadrilhas, onde há maior investimento, competem
oficialmente e fazem um trabalho diferenciado. Mas existem muitas outras
quadrilhas que são mais para ‘brincar’, fazer apresentações internas nas suas
cidades”, informou. Somente na Liga, são 32 quadrilhas nas categorias adulto,
mirim e idoso, que participam de competições.
Mas, acima de tudo, a quadrilha junina é um prazer para quem
faz e para quem aprecia esta arte. O espetáculo múltiplo, de música e dança,
teatro e folguedo, que vemos na atualidade é remetido aos salões nobres
franceses, dos quais ainda podemos ouvir resquícios nas expressões utilizadas
durante a dança: Anarriê (an arrière - para trás) e Alavantú (en Avant, tout -
Todos vão pra frente).
De acordo com o saudoso pesquisador sergipano Luiz Antônio
Barreto, no artigo ‘A reinvenção da quadrilha’, (publicado em Pesquise -
Pesquisa de Sergipe / InfoNet), a dança foi registrada em solo sergipano em
diferentes momentos: “o primeiro, quando o Imperador Pedro II, a Imperatriz,
comitiva e autoridades locais dançaram uma quadrilha, em janeiro de 1860; a
segunda, quando a quadrilha tomou forma de dança e de folguedo, obrigatória nas
festas de São João; a terceira, a quadrilha transformada em corpo de baile,
como é vista atualmente“, escreveu.
Com o passar do tempo foram muitas as transformações da
dança nobre, que incorporada pelos camponeses, foi posteriormente apropriada
nos centros urbanos virando o que muitos chamam hoje de “Quadrilha Show”. O que
Barreto chamou de “a reinvenção da quadrilha” começou nos anos de 1970/1980,
quando ela se tornou “uma festa dentro da festa”.
“A Quadrilha ganhou um sotaque novo, mais típico, trocando o
atabalhoado da imitação, por uma expressão estética original, ainda que dentro
de um padrão regionalizado. E foi a partir das mudanças que a Quadrilha chegou
ao seu ponto atual, como corpo de baile, um balé popular, autêntico como
linguagem rústica, explorando a coreografia forte dos bailados”.
Tradição x modernidade
Detentor do título de 1ª Campeã Brasileira, o Grupo Cultural
e Recreativo Assum Preto, uma das quadrilhas mais tradicionais de Sergipe,
completa 25 anos de fundação neste São João de 2015, defendendo que “para ser
uma quadrilha Junina Show, não precisa fugir da tradição”. A afirmação é do
diretor-Presidente e Marcador, Genicleudo Melo Albuquerque, por diversas vezes
premiado, inclusive já tendo sido escolhido o ‘Melhor Marcador do Brasil’, em
2005 em Brasília (DF).
“A Assum Preto tem como característica um estilo próprio,
mantém a tradição da cultura sergipana, ela mistura a criatividade com a
originalidade, e sua apresentação lembra Sergipe e aflora a sergipanidade.
Infelizmente muitas Quadrilhas Juninas sergipanas deixam de apresentar sua
cultura para valorizar a cultura alheia”, completa Albuquerque. Sediada no
Castelo Branco, em Aracaju, este ano a quadrilha terá como tema “Assum Preto:
bodas de prata, uma história de amor, paixão e tradição”.
Todo o grupo conta com 56 componentes, 20 da equipe técnica e
mais cinco do Grupo Musical. “É gratificante chegar aos 25 anos, pois todos
sabem como é difícil, manter essa chama acessa. Hoje a Assum Preto tem uma
motivação à parte, por ser uma quadrilha junina tradicional e conhecida em todo
Brasil por suas conquistas”, relata Conceição Albuquerque, integrante e esposa
do diretor.
Para o presidente da Liga das Quadrilhas Juninas a
reinvenção ou “estilização” da quadrilha não pode substituir a cultura
sergipana. “Alguns elementos são trazidos de fora e tira a nossa característica.
A Liga tenta ao máximo a preservação da temática sergipana, mas sem impedir a
modernização até porque nas competições fora do estado os jurados observam
estes elementos, mas temos que manter os passos, o xote, o xaxado e o baião”,
defende Célio Torres.
O pesquisador da cultura popular sergipana, Luiz Antônio
Barreto, acreditou que: “Reinventada, a Quadrilha pode ainda mudar, cada vez
mais, para melhor, como tem feito de Dom Pedro II até hoje”.
Fonte: Secom.
Texto e imagem reproduzidos do site:
infonet.com.br/saojoao/2015
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