Fotos: Arthuro Paganini.
Infonet > São João > Notícias > 26/06/2015.
Espadas e Barco de Fogo iluminam festejos em Estância
Luzes e cores encantam desde as crianças até os idosos
Em mais um ano de tradição nos festejos juninos, Estância
mostra por que tornou-se conhecida como “a capital brasileira do Barco de
Fogo”. Mostrando a habilidade adquirida ao longo de anos com seus ancestrais,
os fogueteiros preparam um show de luzes e cores que atravessa a noite na
cidade, encantando gente de todas as idades.
Na noite desta quinta-feira, 25, a programação no Arraiá
Pedro Oliveira começou por volta das 21h, com a apresentação da quadrilha
junina Balancê no Arraial, de Cristinápolis. Como de costume, também não
faltaram os artistas regionais com o famoso forró pé-de-serra. Subiram ao palco
a banda Gonzagueando e o Quinteto Pegada Nova. Mas as grandes atrações da noite
foram o Barco de Fogo e a queima de espadas, que divertiram todos os presentes.
Barco de Fogo
Epifânio Araújo é fogueteiro profissional há três anos e
membro da Associação Unida dos Fogueteiros e Pirotécnicos do Estado de Sergipe
– Unifogos. Mas o amor pelo Barco de Fogo e pelos fogos de artifício começou
ainda na infância: desde os 9 anos que ele acumula conhecimento no ofício.
O fogueteiro foi um dos responsáveis pelo show da noite
desta quinta. Ele explica o que é necessário para ter um bom Barco de Fogo. “É
preciso uma boa espada para fazer o percurso, uma boa iluminação e um bom
acabamento com as chuvinhas, além da decoração”, resume. Para começar “do
zero”, são precisos dois dias para aprontar o barco. Na montagem, entretanto,
são gastas duas horas.
O Barco de Fogo percorre cerca de 200 metros, deixando um
rastro de luz através do cabo de aço esticado de ponta a ponta da Praça Barão
do Rio Branco. A preparação do barco começa ainda no mês de setembro, com a
retirada dos bambus. Em média, a fabricação de um barco custa R$ 100. Mas
Epifânio conta que os mais elaborados podem chegar a R$ 1500.
“Cada fogueteiro procura dar o seu melhor. Por isso, capricha
na ornamentação e na escolha de cada detalhe, principalmente nos concursos.
Quem fica mais encantado, geralmente, são os turistas. A gente procura explicar
cada parte do processo para eles e até deixa acender o pavio. Eles ficam muito
felizes”, explica.
O concurso de melhor Barco de Fogo foi realizado no último
dia 23, e ainda não tem resultado oficial. Para Epifânio, manter a tradição é
fundamental. “A cada ano vai ficando mais difícil manter, não por falta de
vontade, mas por falta de dinheiro. Mas a gente procura não sufocar a tradição,
por que é muito importante manter viva a nossa cultura e ensinar para as
crianças”, diz.
Festejos.
De acordo com o chefe de gabinete da Secretaria de Cultura
de Estância, Cláudio Hiroshy, o Arraiá Pedro Oliveira é reservado às atrações
regionais e tradicionais. Já o forródromo sedia as apresentações dos artistas
de renome nacional, além de concursos diversos. “Aqui se apresentam as
quadrilhas, batucada, reisado e os cangaceiros mirins, além do Barco de Fogo e das
Espadas”, informa.
Nas noites de maior público, os festejos do Arraiá e do
forródromo juntos chegam a reunir mais de 20 mil pessoas. Em paralelo acontece
também a programação do Forró na Roça, nas colônias Estancinha, Entre Rios, Rio
Fundo e também no Abaís.
O Arraiá foi batizado em homenagem ao fogueteiro Pedro
Oliveira, de 94 anos, que propagou a tradição do Barco de Fogo e é um dos
moradores mais ilustres de Estância. Outro fogueteiro de renome é Valdir
Menezes, pai da professora Valquíria Menezes, que deu continuidade à tradição
paterna.
“Com seis anos ele ensinou a mim e a meu irmão, a gente
nunca mais parou. Sou apaixonada e quero passar isso para as crianças, para que
a tradição não morra”, afirma, empunhando uma espada. Ela ensina o jeito certo de
acender e brincar com a espada. “A gente tem que usar sempre a luva e pegar
pelo meio. Depois, é só manter longe do rosto e brincar como quiser. Só
alegria”, descreve.
A programação dos festejos em Estância continua até o dia
29, com direito a Barco de Fogo, espadas, grupos folclóricos e bandas como Raio
da Silibrina, Rojão Diferente e Forró Maior.
Por Nayara Arêdes.
Texto e imagens reproduzidos do site:
infonet.com.br/saojoao/2015
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