quinta-feira, 6 de junho de 2013

Amendoim é patrimônio do Estado de Sergipe


Publicado pelo JornaldaCidade.Net, em 08/03/2012.

Amendoim é patrimônio do Estado.

Iguaria foi tombada há um ano juntamente com outros alimentos, como pé-de-moleque e beiju macasado e saroio.

Tira-gosto dos mais apreciados por sergipanos e turistas que vêm ao Estado, o amendoim verde cozido é um dos alimentos típicos sergipanos que foram reconhecidos como patrimônio imaterial de Sergipe. Embora daqui a duas semanas completa um ano que o decreto 27.720/2011 foi assinado pelo governador Marcelo Déda fazendo o reconhecimento, poucas pessoas sabem disso. Nem os próprios comerciantes do produto sabem da grandiosa importância do alimento.

Segundo a presidente do Conselho Estadual de Cultura de Sergipe, Ana Luiza Dorta Valadares, o decreto 27.720, de 24 de março de 2011, publicado no Diário Oficial de 14 de junho do ano passado, reconhece o amendoim verde cozido, bem como a queijada, o manauê, bolachinha de goma, o doce de pimenta do reino, o pé-de-moleque de massa puba, o beiju de tapioca, macasado e saroio como patrimônios imateriais de Sergipe. Ela acrescentou que foi a lei 2.770/1989 que disse que compete ao Conselho de Cultura pronunciar-se sobre o tombamento de bens culturais pelo poder público.

Ana Luiza Dortas explicou que com o reconhecimento fica assegurado que o amendoim cozido de Sergipe apenas na água e sal, como esses outros alimentos típicos da nossa culinária, é essencialmente sergipano. “Com o reconhecimento, ninguém vai aparecer dizendo que o amendoim ou qualquer outro desses alimentos surgiu primeiro em outro Estado”, explicou. Ela acrescentou que eles podem até ser feitos em outros locais, mas o reconhecimento assegura que é um produto típico nosso e os outros é que foram se originando do nosso.

O subsecretário de Patrimônio Histórico e Cultural de Sergipe (Subpac), Luiz Alberto, informou que desconhece o estudo que foi feito de que essa iguaria é uma exclusividade sergipana. Mas disse que é importante destacar que o amendoim cozido só com água e sal lhe parece que é uma coisa muito peculiar de Sergipe, pois em outros locais come-se o amendoim torrado. “Acho que o reconhecimento é um destaque importante, porque quando se declara um bem imaterial se fala de algo que faz parte da identidade de um povo. São elementos que fazem com que o sergipano seja sergipano”, afirmou. Ele acrescentou que quando há um tombamento tem um conjunto de procedimentos que precisa ser adotado e por isso são solicitadas orientações ao próprio Conselho de Estado da Cultura para saber como é que se dá a sua preservação.

Desconhecimento

Passado quase um ano de o decreto ter sido assinado, os vendedores de amendoim verde cozido nem imaginavam que o produto que diariamente comercializam em cestos no Mercado Albano Franco, em sacos nas feiras livres, ruas ou na orla de Atalaia é agora um alimento com selo de patrimônio imaterial de Sergipe. “É mesmo! Não sabia. Isso é bom”, disse o vendedor José Antônio dos Santos. A divulgação mais ampla de que o nosso amendoim cozido entre vendedores e sergipanos como um todo poderia resultar em estímulo para valorizar o produto e até melhorar as estratégias de comercialização.

O vendedor José Ricardo Batista dos Santos, que trabalha em uma das bancas que comercializam amendoim cozido no Mercado Albano Franco, também não sabia da novidade e ficou feliz em ver o prestígio da matéria-prima de seu trabalho diário. Para ele, essa é uma boa notícia, um atrativo a mais na hora de convencer cliente a levar mais uma latinha do nosso amendoim.

Grande parte do amendoim verde cozido comercializado em Aracaju vem dos municípios de Itabaiana e Lagarto. Segundo o vendedor, a produção desse tira-gosto tão apreciado tem todo um processo, que vai desde a colheita do fruto, ainda verde ou um pouco mais maduro, seleção e cozimento, para que mantenha a característica do nosso amendoim cozido. “Ele é colhido no dia, cozido à noite e vem de madrugada para ser vendido aqui. Às vezes até chega quentinho ainda”, garante o Ricardo, enfatizando que não é conversa de vendedor quando diz que “o amendoim é novinho, cozido hoje”, um dos bordões mais usados pela categoria para cativar o cliente.

Durabilidade

Embora seja um produto perecível, os vendedores asseguram que o amendoim cozido chega a durar até três dias depois de cozido. Os mais maduros aguentam até cinco dias, sem começar a visgar ou esverdear a casca, quando não está mais próprio para consumo. Como bom vendedor, Ricardo Batista procura cativar a pessoa que chega à banca, sempre procurando dar dicas de como aproveitar melhor o fruto. Ele disse que tem turista que já contou que deixou o amendoim cozido no freezer durante um ano, com o produto em condições de ser consumido. “Tem turista que leva muito amendoim quando vai embora de Sergipe. Leva numa caixa de papelão e quando chega em casa coloca na geladeira. Quem quer guardar por mais tempo coloca no congelador, pois ele não congela, apenas conserva, e dura um ano, mantendo o sabor. Eles fazem isso porque lá fora não encontram o amendoim cozido para vender”, revelou.

Sem contar detalhes, Ricardo disse que no caso de turista tem todo um processo que os vendedores fazem para que o amendoim cozido resista mais tempo. Ele somente revelou que precisa deixar vagem do amendoim mais seca, para que a pessoa quando for consumir coloque na água quente. “Mais detalhes a gente não pode falar, porque é segredo de Estado”, disse.

Texto reproduzido do site: jornaldacidade.net

Foto reproduzida do blog: dralucianagranja.blogspot

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