quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Saxofone, por que choras?


Publicado originalmente no Blog Elifas/Infonet, em 27/08/2015.

Saxofone, por que choras?
Por Elifas Santana

No dia-a-dia de parcerias e eventos, me deparei com uma grande surpresa. Em uma conversa com o amigo Sérgio Thadeu, que além de publicitário e radialista é um grande incentivador cultural do estado e o nome por trás do “Movimento do Choro Sergipano”, fiquei sabendo da grande importância de Luiz Americano, sergipano de Aracaju que se projetou no cenário da música brasileira, especificamente no choro, assim como os grandes Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Luperce Miranda e tantos outros, que fomentaram a linguagem do Chorinho no início do gênero.

Próximo à virada para o século XX, nasce a 27 de Fevereiro de 1900 o futuro músico, sob o nome de Luiz Americano Rego, que passaria sua infância e juventude na capital sergipana, tendo iniciado seus estudos na música aos 13. Começou aprendendo Clarinete com o seu pai, Jorge Americano, mestre de banda em Aracaju. Em 1918, o jovem serve ao exército e entra para a banda do quartel. É nesse período como militar que Luiz Americano sai de Sergipe, sendo transferido para a cidade de Maceió para servir no 20º Batalhão de Caçadores. Em 1921 é transferido para o 3º Regimento de Infantaria no Rio de Janeiro, dando baixa no ano seguinte e abandonando o serviço militar aos 22 anos para dar sequência a sua carreira como músico profissional, tocando além do Clarinete, o Sax Alto, na então capital federal.

Entre as décadas de 20 e 40 sua atividade foi intensa e no começo trabalhou nas mais importantes orquestras como as de Romeu Silva, Justo Nieto, Raul Lipoff e Simon Boutman, além de atuar em inúmeros regionais. Luiz Americano nesse período faz uma temporada trabalhando na Argentina e após voltar ao Rio de Janeiro monta um dos primeiros conjuntos de Jazz do país, o "American Jazz" e por não gostar de viagens, deixa de acompanhar Carmen Miranda aos Estados Unidos, ainda assim, recebendo muitos elogios do mundialmente renomado músico e mestre do Clarinete, Benny Goodman.

O Aracajuano, foi uma peça fundamental no alicerçamento da linguagem do Choro, acompanhou e foi acompanhado pelos mais importantes músicos à sua época, como Donga, Bonfiglio de Oliveira e Pixinguinha. Foi por indicação desse último, o grande Pixinguinha, que Luiz Americano foi convidado pelo eterno Heitor Villa-Lobos a fazer parte da gravação a bordo do navio "Uruguai", para o disco "Native Brazilian Music", dirigido e idealizado pelo maestro norte americano "Leopold Stokowski". Já era um veterano quando os primeiros sistemas elétricos de gravação chegaram ao Brasil e logo em seguida passa a registrar em LP suas composições e interpretações de outros músicos. Entre suas principais composições estão Choros e Valsas variados, das quais podemos destacar, "Lágrimas de Virgem" e "É do que há".

Luiz Americano, um grande músico e um grande nome que abrilhanta a história do nosso estado. Infelizmente o músico faleceu prematuramente aos 60 anos, vítima de uma cirrose, que o acometeu em 1960, como noticiou à época o jornal O Globo: "Luiz Americano do Rego, veterano músico popular, compositor de muitos sucessos, foi enterrado ontem no Catumbi. Morrera pela manhã, às 08:50am, no Hospital dos Radialistas, onde estivera internado durante dois meses. Contava 60 anos de idade e desde os 13 se dedicava ao Saxofone e à Clarineta. O seu último disco - "Porque choras, Saxofone?" -, gravou-o há seis meses, quando já estava bem doente. Os diagnósticos não chegaram a apontar com segurança a moléstia que o fez sucumbir, embora a opinião dos médicos que o assistiram se inclinasse pela Cirrose.".

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/elifassantana

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