Trecho de reportagem publicada originalmente pelo Portal
Infonet,
em 21 de março de 2009.
Bodegas: mostra propõe um retorno ao passado.
Na Aracaju dos anos 50 a 70, em cada esquina era possível
encontrar “pequenos armazéns de secos e molhados”, ou simplesmente as
“bodegas”. Prevendo que o tempo iria acabar mudando a cara da cidade, Expedito
de Souza, começou na década de 70 a registrar esses e outros cantinhos da
capital sergipana.
As imagens feitas por ele compõem a mostra ‘Bodegas:
Memórias de Aracaju' (...) As fotografias das fachadas de antigas bodegas estão
expostas num verdadeiro antes e depois e propõe um retorno ao passado e uma
reflexão sobre o presente.
A maioria das fotos foi feita entre 75 e 77. Em 2005,
Expedito retornou aos mesmos locais para registrar as mudanças do tempo, sempre
munido de sua câmera que até hoje utiliza, uma Olympus 35mm. “Em 70 eu já tinha
idéia de que aquilo que eu estava fotografando iria mudar”, afirma Expedito.
As famosas ‘bodegas’ eram mantidas, em sua maioria, por
famílias vindas do interior que precisavam arranjar um meio de sustento na
capital e era nesses estabelecimentos que a população se abastecia. “Todo o
comércio de gêneros alimentícios eram feitos nas bodegas. Em quase toda a
esquina existiam de três a quatro”, explica Expedito.
Ele conta que uma das características das bodegas era a
venda em retalho, ou em pequenas quantidades. "As pessoas iam comprar
geralmente cem gramas de farinha, de arroz, de feijão...". Além dos
alimentos era regra em toda a bodega ter um “cantinho da cachaça”, onde eram
comercializadas bebidas feitas de casca de pau, ervas, frutas, entre outras
coisas.
Com o surgimento dos supermercados as bodegas, que ficavam em
sua maioria no centro da cidade, foram perdendo o apelo e sendo empurradas para
as periferias. Através das imagens registradas por Expedito dá para perceber
que os tempos modernos dizimaram não só as bodegas, mas também mudaram boa
parte do seu entorno.
Boas lembranças
Quem visita a exposição acaba tendo boas lembranças, como a
professora de artes Virgínia Silveira, que identificou a residência em que
viveu na década de 60, que era vizinha a uma bodega. “Foi uma surpresa
maravilhosa. Uma volta ao passado! Me senti criança pulando na porta de casa de
macacão”, conta.
As fotografias de Expedito têm inspirado também os
estudantes que visitam a exposição e acabam colhendo verdadeiros objetos de
estudo. “É uma iniciativa muito importante porque muitas pessoas só olham o
atual e
Projetos futuros
Expedito mantém um arquivo ‘generoso’ de fotografias de
Aracaju desde a década de 70 até os dias atuais. As 41 imagens expostas na
galeria do Sesc representam apenas uma pequena parcela do que ele tem guardado.
A idéia dele no futuro é publicar um álbum com fotografias de ruas, avenidas,
residências e bodegas.
Desde 2005, quando Aracaju completou 150 anos, que ele tenta
patrocínio para concretizar este desejo, mas sem sucesso. De lá para cá ele fez
algumas mostras com as imagens de seu acervo (...).
Por Carla Sousa.
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