São Gonçalo.
Foto: Fabiana Costa/Secult.
O folguedo tem origem portuguesa o que é percebido na fé, no
ritual e no tema. Porém a influência africana é visível na musicalidade e
coreografia, marcada com os pés, além dos volteios, avanços e recuos
ritmicamente cadenciados pela batucada sincopada. Essa influência étnica nos
mostra que, embora de origem portuguesa, no Brasil o folguedo foi dançado por
negros, como é possível constatar sua existência com marcante domínio
quilombola, remanescentes dos escravos refugiados no quilombo da Mussuca,
comunidade de Laranjeiras/Sergipe.
O número de figuras ou dançadores do folguedo representa o
número de mulheres que o Santo conseguiu salvar da prostituição. Por isso 10
são os componentes do grupo. Por seus caracteres eminentemente promesseiro, o
ritual do Dia da Benção (Sábado de Aleluia) é dedicado exclusivamente às
atividades do grupo, com todas as partes das jornadas. Iniciam-se pela manhã,
com o ensaio. Ao meio-dia é servida a ceia ou almoço, à tarde o grupo
devidamente caracterizado acompanha a procissão e, por fim realizam uma apresentação.
No final da tarde, já anoitecendo, acontece a nosso ver, a parte mais comovente
do ritual, o “Pedido de Esmolas”. É nesse momento que os dançadores peregrinam
de porta em porta pedindo esmolas. Infelizmente essa parte finalizadora do Dia
da Benção desapareceu, não existe mais. Devido a interferência do poder
público, com os shows de bandas desconexas, com a cultura tradicional aí
representada, o horário reservado ao pedido das esmolas cedeu espaço para as
bandas.
Texto e imagem reproduzidos do site: retalhospopulares.org
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