Publicado originalmente no site Sergipe Cultural, em
25/01/2016.
Caminhada contra a intolerância religiosa é realizada em
Aracaju
Com o objetivo de combater a intolerância religiosa, assim
como toda e qualquer forma de preconceito ou discriminação contra as religiões
de matriz africana e fomentar a construção de políticas públicas para as
comunidades que seguem a mesma, o Fórum Sergipano das Religiões de Matriz
Africana, comissões de diversas entidades e terreiros realizaram na última
sexta-feira, 22, a Caminhada Estadual Para Oxalá. Com o tema “Nada Abala Minha
Fé”, o cortejo contou com o apoio do Governo de Sergipe através da Secretaria
de Estado da Cultura (Secult), e teve início na Praça Fausto Cardoso em direção
ao Mirante da Treze de Julho.
A Caminhada é uma das muitas atividades que ocorreram
durante a semana em alusão ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa,
que aconteceu no dia 21 de janeiro. Neste dia, cerca de 50 representantes de
Umbanda e Candomblé de diversos municípios se reuniram no povoado do Quissamã
para a elaboração de um documento oficial de reivindicação que deve ser
encaminhado para os prefeitos municipais e para o Governador do Estado de
Sergipe. O documento é composto por um conjunto de demandas das comunidades no
que diz respeito à intolerância religiosa, liberdade de culto e laicidade de
estado.
“Mesmo após tantos séculos da chegada do negro ao Brasil, a
religião de matriz africana ainda sofre um processo de discriminação muito
forte, e por conta desta intolerância e do fundamentalismo religioso que hoje
está presente na sociedade brasileira é que a gente realiza essa caminhada. Uma
caminhada para Oxalá, para mostrar para sociedade que todas as religiões podem
viver em harmonia, combatendo essa intolerância e propondo ações de políticas
afirmativas”, relatou um dos representantes do Fórum, Irivan de Assis.
Segundo o Babalorixá da Barra dos Coqueiros, Cigano, o
principal problema do preconceito está justamente na falta de conhecimento das
pessoas, que julgam a religião sem aprofundar-se na mesma. “Antigamente, nós
que professamos a religião africana, não tínhamos a liberdade de culto que
temos hoje, sofríamos muita repressão por parte da sociedade e das autoridades.
Mas apesar do avanço nesse sentido, ainda temos que lutar diariamente contra o
preconceito, tendo que mostrar que a religião afro-brasileira é como qualquer
outra e deve ser respeitada”, enfatizou.
Vindo do povoado de Bom Jesus, de Laranjeiras, o Babalorixá
José Raimundo acredita que enfrentar o preconceito é sempre um grande desafio,
mas que se faz necessário. “Caminhadas como estas servem para mostrar a nossa
força, para mostrar que a nossa religião irá continuar”. É o que também pensa
Carlos Augusto (Pai Neguinho), do município de Riachuelo. “A Caminhada para
Oxalá vem para combater o preconceito que ainda está presente na sociedade”.
Para a Mãe de Santo do município de Santo Amaro das Brotas,
Alaídes dos Santos, manifestos como este são importantes na luta contra a
intolerância religiosa. “Esta caminhada é para mostrar que nós temos o mesmo
direito que as outras religiões de manifestar a sua fé”. Do mesmo município,
Maria de Lourdes também acredita que vários avanços já foram conquistados, mas
há ainda muito que se obter. “No passado a repressão era muito maior, mas ainda
existe muita intolerância, e é por isso que estamos aqui protestando para
termos efetivamente a liberdade de culto”, relatou.
Texto e imagens reproduzidos do site: cultura.se.gov.br
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