Bonecos da artista evidencia cultura sergipana.
Os Parafusos de Lagarto na visão da artista Tânia Aguiar.
Dona Jacira descobriu na dança folclórica uma filosofia de vida.
Créditos: Portal Infonet.
Infonet > Cultura > Especial > 22/08/2008.
O folclore sergipano por quem o faz.
Participantes de grupos tradicionais falam sobre os rumos
das manifestações folclóricas em Sergipe.
No período da escravidão, os negros de uma cidade sergipana
fugiam do trabalho árduo nos canaviais, roubavam as saias das sinhás e cobriam
o corpo com a vestimenta. Da igreja, o padre do local viu os negros dançando
envoltos aos tecidos e falou: ‘"Parecem parafusos dançando". Sem
saber, o religioso dava o pontapé inicial para uma das dezenas de manifestações
populares em Sergipe.
Esta é uma lenda da cidade de Lagarto que exemplifica bem o
que há de mais original na cultura do Estado. O divino e o profano se misturam
na tradição dos Parafusos lagartenses e em outros folguedos sergipanos, como o
Taieira, o São Gonçalo e o Reisado, proporcionando contos e apresentações que
enchem os olhos de quem aprecia.
Disposição
No alto de seus 75 anos, dona Jacira resolveu deixar um
pouco de lado seus bordados e aceitou o convite da amiga para ensaiar com um
grupo de Parafusos. A aposentada gostou tanto que
agora pratica até o samba de coco. “Se as pessoas soubessem
o quanto isso [as manifestações] é importante, valorizariam mais. Iriam
prestigiar mais”, opinou, enfatizando sua tristeza em imaginar que um dia as
tradições de sua terra possam acabar.
Do samba de coco também é adepta dona Rosa Nascimento, de 56
anos, que divide seu tempo entre as atividades como doméstica e os passos
firmes e sonoros com as sandálias de couro. "Mesmo quem é levado pra essa
'folia de folclore' desde pequeno, se deixa levar pelas coisas mais
modernas", lamentou.
Mas para a artista Tânia Aguiar, o futuro destas e outras
manifestações não está tão comprometido como imaginam Jacira e Rosa. “Viajo
muito pelo interior, participo de diversos encontros culturais e percebo que há
sim a participação de jovens, e que estes jovens levam as crianças da familia.
Na verdade, acho que o difícil é manter a tradição em sua raiz porque a cultura
vai se reinventando com o tempo”, comentou.
Divulgação
O participante do grupo Peneirou Xerém, José Augusto Nunes,
acredita que é preciso levar a cultura sergipana às escolas. “Temos um dia
destinado ao folclore, mas o que vemos nos colégios são as referências às
danças e costumes de outros Estados, sendo que temos uma riqueza aqui mesmo”,
disse José, que teve sua opinião reforçada por Tânia. “É preciso divulgação”,
salientou.
Em homenagem ao folclore sergipano em sua forma mais crua,
Tânia Aguiar, pernambucana apaixonada por Sergipe, expõe sua coleção de bonecos
que representam as tradições do Estado no Mirante da 13 de Julho, localizado na
avenida Beira Mar.
Por Glauco Vinícius e Raquel Almeida.
Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/agenda
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