Foto reprodução do site: academia.org.br
Gilberto Amado (1887 - 1969).
Gilberto Amado, jornalista, político, diplomata, poeta,
ensaísta, cronista, romancista e memorialista, nasceu em Estância, SE, em 7 de
maio de 1887, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 27 de agosto de 1969. Eleito
em 3 de outubro de 1963 para a Cadeira n. 26, na sucessão de Ribeiro Couto, foi
recebido em 29 de agosto de 1964, pelo acadêmico Alceu Amoroso Lima.
Era o primeiro dos 14 filhos do casal Melchisedech Amado e
Ana Amado. Fez os estudos primários em Itaporanga, também no interior do
Sergipe. Depois estudou Farmácia na Bahia e diplomou-se pela Faculdade de
Direito de Recife, da qual se tornou, ainda muito moço, catedrático de Direito
Penal.
Em 1910, transferiu-se para o Rio de Janeiro, iniciando a
sua colaboração na imprensa, no Jornal do Commercio com um estudo sobre Luís
Delfino. Passou depois a ocupar uma coluna semanal, em O País. Em 1912,
realizou sua primeira viagem à Europa assunto de um de seus livros de memórias
e em 1913, como era então a moda, pronunciou, no salão nobre do Jornal do
Commercio, a convite da Sociedade dos Homens de Letras, uma conferência em que
fez o elogio do espírito contemplativo A chave de Salomão, que no ano seguinte,
juntamente com outros escritos, seria publicada em livro.
Em 1915, foi eleito deputado federal por Sergipe. Sua
atuação na Câmara se fez sentir, sobretudo, através de discursos que se
tornaram famosos, como o que pronunciou na sessão de 11 de dezembro de 1916
sobre "As instituições políticas e o meio social no Brasil". Nos
últimos anos da República Velha, exerceu mandato no Senado, até encerrar-se a
sua carreira política, com a Revolução de 1930. Em 1931, chamou a atenção do
país, e especialmente dos revolucionários de 30, vitoriosos mas indecisos, para
problemas de direito político, como os sistemas representativos, a
representação proporcional, o sufrágio universal. Depois de um curso de
conferências sobre esses temas, publicou Eleição e representação (1932), de
viva atualidade ainda hoje. Por essa época, voltou ao magistério superior, na
Faculdade de Direito do Distrito Federal, iniciando um novo e fecundo período
em sua vida, de estudos e trabalhos.
Em 1934, deu início ao que foi, desde então, a sua atividade
permanente: a diplomacia. Foi nomeado consultor jurídico do Ministério das
Relações Exteriores, sucedendo a Clóvis Beviláqua. Desse posto passou ao de
embaixador, sendo a sua primeira missão junto ao governo do Chile (1936). De
1939 a 1947, foi ministro na Finlândia. A partir de 1948, tornou-se membro da Comissão
de Direito Internacional da ONU, sediada em Genebra. Os arquivos do Itamarati
guardam os numerosos relatórios, pareceres e teses de Gilberto Amado,
documentos da sua contribuição ao estudo do Direito Internacional, durante o
período de 28 anos em que integrou essa Comissão. Foi também delegado do Brasil
a todas as sessões ordinárias da Assembléia Geral da ONU, desde as primeiras,
realizadas ainda em Lake Success, logo depois da assinatura da Carta de São
Francisco, até à última a que pôde comparecer, reunida em Nova York em 1968.
São de sua autoria publicações que se encontram no Anuário das Nações Unidas,
tais como: "Direitos e deveres dos Estados", "Definição da
agressão", "Processo arbitral", "Reservas às Convenções
multilaterais", e outras.
Afastado do Brasil em missões oficiais no exterior, Gilberto
Amado aos poucos foi se tornando, entre nós, figura mítica. Periodicamente
vinha ao Brasil, fazendo quase sempre coincidir sua permanência no Rio com o
lançamento de um novo livro. Como toda figura mítica, tornou-se conhecido,
sobretudo, pelas lendas e anedotas que circulavam a seu respeito, reproduzindo
ditos espirituosos e atitudes inusitadas. A carreira de escritor seguiu sempre
paralela à do político e do diplomata. Em 1917 publicou os versos de Suave
ascensão, lírico intermezzo numa fase de intensas preocupações críticas,
filosóficas, jurídicas e sociológicas, que se exprimem em sucessivos ensaios
sobre problemas brasileiros. Em 1932, publicou Dança sobre o abismo, em que
retorna ao ensaio literário, e, no ano seguinte, Dias e horas de vibração,
crônicas de Paris. Surgiu como romancista, em 1941, com Inocentes e culpados e,
no ano seguinte, com Os interesses da companhia. Em 1954 iniciou a publicação
de sua memórias, com História da minha infância, a que se seguiram mais quatro
volumes.
Obras: A chave de Salomão e outros escritos, ensaios (1914);
A suave ascensão, poesia (1917); Grão de areia, ensaio (1919); Aparências e
realidades, ensaio (1922); Eleição e representação, conferências (1932); Dança sobre
o abismo, ensaio (1932); Espírito do nosso tempo, ensaio (1933); Dias e horas
de vibração, crônicas (1933); Inocentes e culpados, romance (1941); Os
interesses da companhia, romance (1942); Poesias (1954); Assis Chateaubriand,
ensaio (1953).
MEMÓRIAS: História da minha infância (1954); Minha formação
no Recife (1955); Mocidade no Rio e primeira viagem à Europa (1956); Presença
na política (1958); Depois da política (1960).
Fonte: Academia Brasileira de Letras.
Texto reproduzido do site: clicsergipe.com.br/sergipevultos
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