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Sílvio Romero (1851 - 1914).
Sílvio Romero (S. Vasconcelos da Silveira Ramos R.),
crítico, ensaísta, folclorista, polemista, professor e historiador da
literatura brasileira, nasceu em Lagarto, SE, em 21 de abril de 1851, e faleceu
no Rio de Janeiro, RJ, em 18 de julho de 1914. Convidado a comparecer à sessão
de instalação da Academia Brasileira de Letras, em 28 de janeiro de 1827,
fundou a Cadeira n. 17, escolhendo como patrono Hipólito da Costa.
Foram seus pais o comerciante português André Ramos Romero e
sua mulher Maria Joaquina Vasconcelos da Silveira. Na cidade natal iniciou os
estudos primários, cursando a escola mista do professor Badu. Em 1863, partiu
para a corte, a fim de fazer os preparatórios no Ateneu Fluminense. Em 68,
regressou ao Norte e matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife. Formou,
ao lado de Tobias Barreto (que cursava o 4o ano quando Sílvio se matriculou no
primeiro) e junto com outros moços de então, a Escola do Recife, em que se
buscava uma renovação da mentalidade brasileira. Sílvio Romero foi, no início,
positivista. Distinguiu-se, porém, dos que formavam o grupo do Rio, onde Miguel
Lemos levava o comtismo para o terreno religioso. Espírito mais crítico, Sílvio
Romero se afastaria das idéias de Comte para se aproximar da filosofia
evolucionista de Herbert Spencer, na busca de métodos objetivos de análise
crítica e apreciação do texto literário.
Estava no 2o ano de Direito quando começou a sua atuação
jornalística na imprensa pernambucana, publicando a monografia A poesia
contemporânea e a sua intuição naturalista. Desde então, manteve a colaboração,
ora como ensaísta e crítico, ora como poeta, nas folhas recifenses, entre elas
A Crença, que ele próprio dirigia juntamente com Celso de Magalhães, o
Americano, o Correio de Pernambucano, o Diário de Pernambuco, o Movimento, o
Jornal do Recife, a República e o Liberal.
Assim que se formou, exerceu a promotoria em Estância.
Atraído pela política, elegeu-se deputado à Assembléia provincial de Sergipe,
em 1874, mas renunciou, logo depois, à cadeira. Regressou a Recife para tentar
fazer-se professor de Filosofia no Colégio das Artes. Realizou-se o concurso no
ano seguinte e ele foi classificado em primeiro lugar, mas a Congregação
resolveu anular o concurso. A seguir, defendeu tese para conquistar o grau de
doutor. Nesse concurso Sílvio Romero se ergueu contra a Congregação da
Faculdade de Direito do Recife, afirmando que “a metafísica estava morta” e
discutindo, com grande vantagem, com professores como Tavares Belfort e Coelho
Rodrigues. Abandonou a sala da Faculdade; foi então submetido a processo pela
Congregação, atraindo para si a atenção dos intelectuais da época.
Em fins de 1875, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Foi
para Parati, como juiz municipal, e ali demorou-se dois anos e meio. Em 1878,
publicou o livro de versos Cantos do fim do século, mal recebido pela crítica
da corte. Depois de publicar Últimos harpejos, em 1883, abandonou as tentativas
poéticas. Já fixado no Rio de Janeiro, começou a colaborar em O Repórter, de
Lopes Trovão. Ali publicou a sua famosa série de perfis políticos. Em 1880
prestou concurso para a cadeira de Filosofia no Colégio Pedro II, conseguindo-a
com a tese Interpretação filosófica dos fatos históricos. Jubilou-se como
professor do Internato em 2 de junho de 1910. Fez parte também do corpo docente
da Faculdade Livre de Direito e da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do
Rio de Janeiro.
No governo de Campos Sales, foi deputado provincial e depois
federal pelo Estado de Sergipe. Nesse último mandato, foi escolhido relator da
Comissão dos 21 do Código Civil e defendeu, então, muitas de suas idéias
filosóficas.
Na imprensa do Rio de Janeiro Sílvio Romero tornou-se
literariamente poderoso. Admirador incondicional de Tobias Barreto, nunca
deixou de colocá-lo acima de Castro Alves; além disso, manteve, durante algum
tempo, uma certa má vontade para com a obra de Machado de Assis. Sua crítica
injusta motivou Lafayette Rodrigues Pereira a escrever a defesa de Machado de
Assis, sob o título Vindiciae. O Sr. Sílvio Romero crítico e filósofo. Como
polemista deve-se mencionar ainda a sua permanente luta com José Veríssimo, de
quem o separavam fortes divergências de doutrina, método, temperamento, e com
quem discutiu violentamente. Nesse âmbito, reuniu as suas polêmicas na obra
Zeverissimações ineptas da crítica (1909).
Sílvio Romero foi um pesquisador bibliográfico sério e
minucioso. Preocupou-se sobretudo com o levantamento sociológico em torno de
autor e obra. Sua força estava nas idéias de âmbito geral e no profundo sentido
de brasilidade que imprimia em tudo que escrevia. A sua contribuição à
historiografia literária brasileira é uma das mais importantes de seu tempo.
Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e de diversas outras
associações literárias.
Obras: Cantos do fim do século, poesia (1878); A filosofia
no Brasil, ensaio (1878); Interpretação filosófica dos fatos históricos, tese
(1880); Introdução à história da literatura brasileira (1882); O naturalismo em
literatura (1882); Últimos harpejos, poesia (1883); Estudos de literatura
contemporânea (1885); Contos populares do Brasil (1885); Estudos sobre a poesia
popular do Brasil (1888); Etnografia brasileira (1888); História da literatura
brasileira, 2 vols. (1888; 2a ed. 1902; 3a ed. 1943, organização e prefácio de
Nélson Romero, 5 vols.); A filosofia e o ensino secundário (1889); A história
do Brasil ensinada pela biografia de seus heróis, didática (1890);
Parlamentarismo e presidencialismo na República Cartas ao conselheiro Rui
Barbosa (1893); Ensaios de Filosofia do Direito (1895); Machado de Assis
(1897); Novos estudos de literatura contemporânea (1898); Ensaios de sociologia
e literatura (1901); Martins Pena (1901); Parnaso sergipano, 2 vols.: 1500-1900
e 1899-1904 (1904); Evolução do lirismo brasileiro (1905); Evolução da
literatura brasileira (1905); Compêndio de história da literatura brasileira,
em colaboração com João Ribeiro (1906); Discurso recebendo Euclides da Cunha na
ABL (1907); Zeverissimações ineptas da crítica (1909); Da crítica e sua exata
definição (1909); Provocações e debates (1910); Quadro sintético da evolução
dos gêneros na literatura brasileira (1911); Minhas contradições, com prefácio
de Almáquio Dinis (1914); Trechos escolhidos, seleção e prefácio de Nelson
Romero (Nossos clássicos, 25; 1959); Sílvio Romero: teoria, crítica e história
literária, com introdução de Antônio Cândido (1978).
Fonte: Academia Brasileira de Letras.
Texto reproduzido do site: clicsergipe.com.br/sergipevultos
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