quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Monsenhor José Carvalho de Souza (2009)



Publicado originalmente no blog Em Pauta UFS, em 03/12/2009.

Monsenhor José Carvalho de Souza: 50 anos de compromisso com a educação

Monsenhor José Carvalho de Souza
Por Catarina Schneider

Monsenhor José Carvalho de Souza, 83 anos, é um nome de referência em Aracaju. Conhecido por fundar o Colégio Arquidiocesano desde 1º de março de 1960 e pela sua visão cristã moderna, é tido como um grande educador. Nascido em 24 de novembro de 1926, é bem humorado e bastante acessível, dando-se muito bem com os adolescentes e as crianças. Nascido na cidade de Lagarto, órfão de mãe desde o seu nascimento, foi criado pelos avós e tios. Desde a sua infância já pensava em ser padre. Estudou em uma escola católica, “Dona Maria Teles”, e gostava bastante de prestar atenção nas pregações que os padres faziam e de ajudar as missas como coroinha, o que demonstra sua vocação para o sacerdócio. Porém, seus tios fizeram uma pressão muito grande e ele acabou desistindo da idéia. Quando completou 17 anos, teria que vir para Aracaju cursar o ginásio no colégio Tobias Barreto em regime de internato, já que não existia segundo grau na sua cidade. Como não queria, sua avó o mandou pra fazenda. Lá ele tomou gosto pelos animais e tornou-se muito apto naquilo. “Tinha 36 cabeças de gado e sempre trocava animais com meu tio”, conta todo orgulhoso. Em uma venda de ferreiro onde levava o material da fazenda para o conserto, perto da casa onde morava em Lagarto, tinham dois adventistas (religiosos que guardam o sábado ao invés do domingo) que ficavam criticando a igreja católica. Como tinha princípios religiosos, Monsenhor Carvalho, objetivava-os discordando do que falavam. Então, uma pergunta trouxe à tona o que estava adormecido. “Eles me perguntaram se eu já havia lido a Bíblia e eu disse que não, aí eles falaram que foi por isso que eu acreditava na igreja católica, pois ela deixou de pregar a língua de Deus para pregar a língua dos homens. Naquele mesmo dia eu comprei o Novo Testamento e comparei o que tinha aprendido na escola e na igreja”, relembra. Assim, foi se apegando à igreja, ao Evangelho e voltando a freqüentar as missas. No dia 8 de setembro de 1945, na hora do jantar, seu tio o interperou: “Eu pedi a preferência da fazenda pra você e você não disse se quer ou não comprá-la, então se decida porque venderá para outra pessoa”. Então, ele disse : “Se meu avô, Zacarias da Silva Junior, em vez de me dar a fazenda, quiser custiar a despesa no seminário, prefiro ir para lá”. Sua avó não apoiou muito, pois dizia que nunca gostara de estudar e nunca havia perseverado com nada.

Porém, aquilo era o que ele realmente queria e prometeu estudar e prosperar. Assim, seu avô cedeu para ele ir ao seminário. Foi uma bomba na cidade. Filho de fazendeiro, um menino novo como outro qualquer, abandonar tudo isso e ingressar no seminário aos 19 anos. No dia 20 de fevereiro de 1946 começou uma vida de estudo e dedicação que toda a sua vontade o fez chegar ao nível dos outros em um só semestre, terminando o seminário em apenas cinco anos. Em seguida, fez um curso de Filosofia na Universidade Católica de Pernambuco em dois anos. Logo depois, o bispo escreveu dizendo que queria que ele fizesse teologia em outro lugar para o sacerdócio, e o indicou para o Rio Grande do Sul para o Seminário Maior de São Leopoldo, para onde foi. Tendo ainda uma passagem pela Faculdade de Ciências e Letras de São João Del Rei (MG), onde recebera o Diploma de Administração Escolar (outra vocação latente que lhe serviria de base para mais tarde implantar uma das mais renomadas escolas de Sergipe – O Arquidiocesano). No dia dois de dezembro de 1956, o bispo o nomeou para ser vice-reitor do seminário que assumiu aqui em Aracaju. No dia 12 de março ele o transferiu para reitor do seminário e logo depois fundou o colégio Arquidiocesano com a intenção de trazer uma formação para jovens que também não se destinavam ao sacerdócio. O objetivo geral do seu trabalho é estimular os alunos para que e eles se tornem felizes, capazes e iluminados, para que prosperem aqui e na eternidade. “Ser uma pessoa justa, com fé, que queira bem ao trabalho, tenha o suficiente para viver, seja solidário e atenda as necessidades dos outros: isso é o que tento passar para eles”, conta. Coordenador e diretor do colégio mais antigo de Aracaju que completa no próximo ano 50 anos, tem sua história relatada num enorme acervo de placas, medalhas, prêmios e reconhecimento do excelente trabalho que vem exercendo para o Arqui e famílias que depositam sua confiança na educação que o Monsenhor Carvalho se propõe dar todos os dias.

Texto e imagem reproduzidos do blog: empautaufs.wordpress.com/2009/12/03

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