Publicado originalmente no blog Contexto Repórter A, em
02/06/2011.
"A minha sina é cantar forró”.
Cantor, compositor e dono de um restaurante no Mercado
Antônio Franco, Zé Américo de Campo do Brito transcreve a cultura nordestina
nos seus pratos e canções.
Por Sóstina Santos.
“ Sou Zé Américo de Campo do Brito, a minha sina é cantar
forró”, assim parafraseia a música “Sonho de um agresteiro” de José Américo da
Fonseca, mais conhecido como Zé Américo de campo do Brito, dono de um
restaurante no Mercado Municipal Antônio Franco, onde até certo tempo podia-se
encontrar uma pequena placa apregoada na frente do estabelecimento na qual
estava escrito um detalhe importante: “Aqui todos tem carteira assinada”. Seria
uma estratégia de marketing?
A ideia de apregoar o cartaz na frente do restaurante estava
de longe associada a pretensões capitalistas, o único propósito de Zé Américo
era de valorizar seus funcionários, uma vez que grande parte dos
estabelecimentos do Mercado Municipal mantém seus funcionários de maneira
informal, sem carteira assinada. “ Quando tive a ideia, comprei uma cartolina e
pedi a minha filha para escrever ”, conta.
Dessa forma, o cartaz acabou atraindo a atenção dos turistas
e aracajuanos que transitavam pelo Centro Histórico de Aracaju, ao passo que
incomodou os outros comerciantes do local, de modo que resultou na retirada da
placa, sendo que esta não perdurou mais que duas semanas devido às reclamações
recebidas pela direção do Mercado Antônio Franco por parte dos outros donos de
estabelecimentos.
Carismático, alegre e de versos simples, Zé Américo se
mostra um grande apaixonado e conhecedor da história e da cultura da capital
sergipana, sendo merecido seu título de cidadão aracajuano concedido pela
Câmara Municipal de Aracaju. Como patrão no seu estabelecimento, o forrozeiro
não admite ser chamado de patrão. “Aqui todo mundo é garçom e cozinheiro, não
tem patrão”, afirma. Embora lá dentro há quem considere essa relação ausente de
respeito, para Zé Américo sua relação com seus funcionários é “só alegria”, nas
palavras do próprio.
A vida de músico começou na adolescência com a aquisição da
primeira sanfona, quando ainda morava em Campo do Brito, a partir de então logo
aprendeu a bolinar na sanfona com a ajuda de outros músicos mais experientes e
passou a tocar em circos, casamentos e forrós.
Mas Zé Américo também cultivava o sonho de ser motorista de
ônibus, anseio que o levou para São Paulo aos 17 anos, levando a sanfona na sua
bagagem. Lá ele trabalhou como motorista, através de cursos aperfeiçoou os
dotes culinários que desenvolveu ainda na sua cidade natal, em seguida
trabalhou como garçom e até mesmo como músico, tocando teclado em casas
noturnas. No entanto, o amor e a saudade da sua terra o trouxeram de volta em
1981, quando fundou seu primeiro negócio e logo em seguida gravou seu primeiro
disco “Sonho de um agresteiro” em Aracaju, onde reside até hoje e a intitula
como sua terra sagrada.
Com três discos gravados, “Sonho de um agresteiro”, “A velha
casa de farinha”, e “O forrozeiro do mercado”, o cantor e compositor mostra de
maneira clara que tem suas influências no forró pé - de serra do memorável Luiz
Gonzaga. Na frente do restaurante, batizado de "Recanto do
Agresteiro", fotos expostas do forrozeiro com outros artistas e dos palcos
nos quais o cantor ecoou sua música, imprimem vida ao seu depoimento.
O talento para a música e para a culinária introduziu o
artista nos holofotes da mídia, chegando a levar, em 2006, para o programa Mais
Você da Ana Maria Braga, na Rede Globo, a tradicional receita de um dos pratos
mais pedidos no seu restaurante, o arribacão, prato feito com feijão de corda,
arroz cozido e côco ralado. Além disso, Zé Américo de Campo do Brito esteve
presente em programas como Globo Rural, Vitrine Brasil e em diversas mídias
impressas do Brasil além de ser atração nos festejos juninos de Sergipe, entre
eles, o Forró Caju desde 2004.
Quanto aos amores, o artista se diz um homem que teve poucos
amores, mas que foi um bom “raparigueiro” na época em que tocou em casas
noturnas, cabarés e salões de strip tease em São Paulo, até voltar para Sergipe
e conhecer a alagoana de Pão de Açúcar, Maria de Lourdes Andrade Fonseca, com
quem casou-se em 1983 e teve três filhos.
Texto e imagens reproduzidos do blog:
ontextoreportera.blogspot.com.br
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