segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

"A minha sina é cantar forró”.




Publicado originalmente no blog Contexto Repórter A, em 02/06/2011.

"A minha sina é cantar forró”.

Cantor, compositor e dono de um restaurante no Mercado Antônio Franco, Zé Américo de Campo do Brito transcreve a cultura nordestina nos seus pratos e canções.

Por Sóstina Santos.

“ Sou Zé Américo de Campo do Brito, a minha sina é cantar forró”, assim parafraseia a música “Sonho de um agresteiro” de José Américo da Fonseca, mais conhecido como Zé Américo de campo do Brito, dono de um restaurante no Mercado Municipal Antônio Franco, onde até certo tempo podia-se encontrar uma pequena placa apregoada na frente do estabelecimento na qual estava escrito um detalhe importante: “Aqui todos tem carteira assinada”. Seria uma estratégia de marketing?

A ideia de apregoar o cartaz na frente do restaurante estava de longe associada a pretensões capitalistas, o único propósito de Zé Américo era de valorizar seus funcionários, uma vez que grande parte dos estabelecimentos do Mercado Municipal mantém seus funcionários de maneira informal, sem carteira assinada. “ Quando tive a ideia, comprei uma cartolina e pedi a minha filha para escrever ”, conta.

Dessa forma, o cartaz acabou atraindo a atenção dos turistas e aracajuanos que transitavam pelo Centro Histórico de Aracaju, ao passo que incomodou os outros comerciantes do local, de modo que resultou na retirada da placa, sendo que esta não perdurou mais que duas semanas devido às reclamações recebidas pela direção do Mercado Antônio Franco por parte dos outros donos de estabelecimentos.

Carismático, alegre e de versos simples, Zé Américo se mostra um grande apaixonado e conhecedor da história e da cultura da capital sergipana, sendo merecido seu título de cidadão aracajuano concedido pela Câmara Municipal de Aracaju. Como patrão no seu estabelecimento, o forrozeiro não admite ser chamado de patrão. “Aqui todo mundo é garçom e cozinheiro, não tem patrão”, afirma. Embora lá dentro há quem considere essa relação ausente de respeito, para Zé Américo sua relação com seus funcionários é “só alegria”, nas palavras do próprio.

A vida de músico começou na adolescência com a aquisição da primeira sanfona, quando ainda morava em Campo do Brito, a partir de então logo aprendeu a bolinar na sanfona com a ajuda de outros músicos mais experientes e passou a tocar em circos, casamentos e forrós.

Mas Zé Américo também cultivava o sonho de ser motorista de ônibus, anseio que o levou para São Paulo aos 17 anos, levando a sanfona na sua bagagem. Lá ele trabalhou como motorista, através de cursos aperfeiçoou os dotes culinários que desenvolveu ainda na sua cidade natal, em seguida trabalhou como garçom e até mesmo como músico, tocando teclado em casas noturnas. No entanto, o amor e a saudade da sua terra o trouxeram de volta em 1981, quando fundou seu primeiro negócio e logo em seguida gravou seu primeiro disco “Sonho de um agresteiro” em Aracaju, onde reside até hoje e a intitula como sua terra sagrada.

Com três discos gravados, “Sonho de um agresteiro”, “A velha casa de farinha”, e “O forrozeiro do mercado”, o cantor e compositor mostra de maneira clara que tem suas influências no forró pé - de serra do memorável Luiz Gonzaga. Na frente do restaurante, batizado de "Recanto do Agresteiro", fotos expostas do forrozeiro com outros artistas e dos palcos nos quais o cantor ecoou sua música, imprimem vida ao seu depoimento.

O talento para a música e para a culinária introduziu o artista nos holofotes da mídia, chegando a levar, em 2006, para o programa Mais Você da Ana Maria Braga, na Rede Globo, a tradicional receita de um dos pratos mais pedidos no seu restaurante, o arribacão, prato feito com feijão de corda, arroz cozido e côco ralado. Além disso, Zé Américo de Campo do Brito esteve presente em programas como Globo Rural, Vitrine Brasil e em diversas mídias impressas do Brasil além de ser atração nos festejos juninos de Sergipe, entre eles, o Forró Caju desde 2004.

Quanto aos amores, o artista se diz um homem que teve poucos amores, mas que foi um bom “raparigueiro” na época em que tocou em casas noturnas, cabarés e salões de strip tease em São Paulo, até voltar para Sergipe e conhecer a alagoana de Pão de Açúcar, Maria de Lourdes Andrade Fonseca, com quem casou-se em 1983 e teve três filhos.

Texto e imagens reproduzidos do blog: ontextoreportera.blogspot.com.br

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