Foto: Divulgação.
Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em
01/02/2016.
“Ficaria muito mais feliz em ver o sergipano lotando os
teatros”,
Tetê Nahas completa 45 anos de dedicação ao teatro em 2016.
Por: Gilmara Costa/Equipe JC.
Na energia expressa no riso largo, de deixar os olhinhos
miúdos, Tetê Nahas mostra que tem potência de sobra para encarar qualquer e
diversos personagens, seja no palco, na rua ou em casa, os fictícios e reais.
No comando da companhia de teatro que leva seu nome, Tetê compartilha o seu
conhecimento de artes cênicas, educa, reaprende e agradece. Ela é teatro dentro
e fora de casa, com ou sem maquiagem, sendo ‘levada’ a roteirizar e dirigir,
claro, uma trajetória singular na cena sergipana e que já conta com 45 atos.
Sim, Tetê Nahas completa 45 anos de dedicação ao teatro em 2016 e na entrevista
que segue fala sobre projetos, sonhos, desejos e risos. Boa leitura!
JORNAL DA CIDADE - A Cia Tetê Nahas encerrou ano passado com
três espetáculos. E este ano? O que prepara?
TETÊ NAHAS - Mais espetáculos, mais arte e mais teatro.
Estamos sempre trabalhando e vivenciando. Buscando aprender, fazer, produzir e
mostrar o que fizemos. Vamos focar nas apresentações de “O Corcunda de Notre
Dame” pelo interior do Estado, assim como “Todo Dia”, mais para o final do ano,
no Natal. Quanto às novidades, prefiro guardar segredo, para não estragar a
surpresa.
JC - Como conciliar a agenda com direção, atuação e
oficinas?
TN - Boa pergunta. Além disso, dona de casa, mãe, filha, esposa
(risos). Eu vou literalmente sendo “ levada”. Mas eu amo tanto o que faço que
nem sinto, sabia? Vou fazendo, dividindo os dias, as horas, os minutos e até os
segundos, com foco, fé e paciência, minha e dos que estão a minha volta
(risos). Trabalho de segunda a sábado e, se precisar, no domingo. Isso é minha
vida. Tenho sorte que meu marido e meu filho já estão inseridos nesse processo.
Meu filho não teve escolha, nasceu nesse meio. Acho que depois ele pode até não
seguir. Já meu marido, como eu, ama o que fazemos, então, tudo dá certo!
JC - Há previsão de mais uma turnê e intercâmbios
artísticos?
TN - Sempre. A gente só espera a boa oportunidade para se
lançar. Este ano, se der, faremos dois.
JC - Entre editais e eventos destinados ao teatro sergipano,
como avalia a realidade do ‘fazer teatro’ aqui no estado?
TN - Acho que os editais são importantes para ajudar o
artista, mas não concordo que o artista dependa desses editais. Quem tem que
pagar é o público através dos ingressos, mas o público não comparece, por quê?
Será que o artista acredita no próprio trabalho? Será que o público acredita na
arte sergipana? Precisamos refletir e fazer uma pesquisa mesmo, quantitativa e
qualitativa, para verificar essa situação. Esse seria um bom investimento. Os editais
são um apoio, um incentivo, para que nós consigamos mais. Ainda sinto falta de
uma formação. Cursos não só de interpretação, mas de cenografia, iluminação,
carpintaria, de produção, de projetos de ajudar o artista a se estruturar. Acho
que esse deveria ser nosso maior investimento. Eu gostaria de aprender muito
mais aqui mesmo no meu estado. E a história mostra que sempre que foi investido
em oficinas, vários grupos e gerações de atores surgiram, tanto nos anos 70,
80, 90 e 2000.
JC - Hoje, quem faz parte da Cia Tetê Nahas?
TN - Um grupo de atores de todas as idades, todos ex-alunos
meus que conheci nesses anos e anos de estrada, que se destacaram e que seguem
comigo nesse projeto. A gente tem feito um trabalho intenso nos últimos anos,
de preparação não só de interpretação, mas de dança, dramaturgia, cenografia,
toda a área das artes cênicas, principalmente buscando experimentar mais e
mais.
JC - Participar de prêmios e editais de alcance nacional é
um propósito de Tetê Nahas e Cia?
TN - Não só nosso, mas acho que de todas as companhias de
teatro do país. Afinal, todos nós, artistas, vivemos para mostrar nosso
trabalho, trocar essa energia com o público. Mas te digo, eu ficaria muito mais
feliz em ver o sergipano lotando e superlotando os teatros para assistir peças
sergipanas, parando nas ruas para ver os espetáculos de rua que são nosso
forte. Isso sim me deixa realizada, estar no meu chão, com meu povo, na minha
casa.
JC - E o trabalho junto ao Imbuaça?
TN - Foi a minha história mais longa, meu grande
aprendizado, minha oportunidade, minha valorização e projeção enquanto artista.
Foram 17 anos de casamento com Imbuaça. São 25 anos de relação, porque eu
acredito que quem passe por lá nunca deixa de ser, traz um pouco para si, assim
como colabora também. Sou e sempre serei grata ao Imbuaça, aos que convivi e
aos que passaram antes e eu não convivi, mas construíram o que o grupo é hoje.
Como também sou ao meu grande mestre Bosco Scaffs, já falecido que me acolheu
dos cinco aos 20 anos e que me ensinou tudo que sei. A Cícero Alberto, do Grupo
Imagem, Paulo Barros, aos amigos da Dança. Todos contribuíram para a artista e
a pessoa que sou hoje.
JC - Qual seria um tema, assunto ou abordagem necessária e
desejosa de Tetê Nahas para levar aos palcos?
TN - São tantos! Uma lista enorme. Mas acho que as relações
pessoais sempre estarão nos meus espetáculos. O ser humano está falindo, a
gente está se perdendo no trato uns com os outros. Trapaças, grosserias,
rasteiras. Precisamos de mais amor, humildade, entrega e verdade.
JC - E quantos aos espaços aqui no estado para apresentação
teatral, as companhias e artistas estão bem servidos?
TN - Sim e muito. Vivenciei isso na prática quando fizemos a
turnê. Projetei o Corcunda para o Teatro Tobias Barreto e quando fomos viajar
foi uma luta achar um teatro compatível com a nossa estrutura. Tivemos que
adaptar, isso mostra que Sergipe tem estrutura, precisamos é que os artistas se
esforcem mais e mais para atrair esse público.
Text e imagem reproduzidos do site: .jornaldacidade.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário