segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

História do mercado central mostra evolução urbana

 Foto: André Moreira.

Foto: Alejandro Zambrana

Publicado originalmente no site da PMA, em 26/07/2010.

História do mercado central mostra evolução urbana.
Por Najara Lima.

A primeira ideia do engenheiro Sebastião Basílio Pirro, por volta de 1920, era construir um mercado onde hoje está localizada a praça Fausto Cardoso. Não foi isso o que aconteceu. O lugar escolhido para receber a obra acabou sendo a esquina da rua Laranjeiras com a avenida Rio Branco. Foi assim que nasceu o primeiro mercado público de Aracaju, também conhecido na época como mercado modelo.

A obra foi chamada de Mercado Antônio Franco, nome do empresário que investiu em sua construção. De acordo com o jornalista e historiador Luiz Antônio Barreto, o prédio era bastante imponente para a época. "Havia um conjunto de lojas nas quatro faces do prédio, com um pátio útil, versátil. Lembrava os grandes mercados do mundo", conta ele. Na mesma área, foram edificadas outras obras, como a Associação Comercial de Sergipe e o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, consolidando o crescimento da zona norte da cidade.

O mercado era, em princípio, um lugar de varejo popular, onde eram comercializados não apenas produtos industrializados, como também carnes, queijos, doces, mandioca, ervas e produtos relacionados aos cultos afrobrasileiros. Dessa forma, o mercado atendia satisfatoriamente à população aracajuana, sendo apenas auxiliado por mercearias localizadas em ruas próximas a ele, até a década de 40.

Em 1948, foi construído o mercado auxiliar, chamado de mercado novo, que recebeu o nome do famoso industriário Thales Ferraz e tinha linhas arquitetônicas bastante semelhantes às do mercado anterior. Só no final do século XX, com o projeto de revitalização proposto pela Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) em parceria com o Governo do Estado para o Centro da cidade, foi construído o Mercado Albano Franco, já com uma arquitetura bastante diferente dos outros dois.

"Uma das grandes vantagens desse mercado é a sua extensa área para estacionamento de veículos, porque as ruas localizadas ao redor dos antigos mercados já estavam estranguladas", afirma Luiz Antônio Barreto.

Entorno

Segundo o historiador, atualmente é possível notar as diferentes finalidades de cada um dos mercados centrais. "O mais antigo, Antônio Franco, serve como um Centro comercial popular para fins turísticos. Já o Thales Ferraz mantém a riqueza gastronômica da cidade com a venda de mel, queijos, castanha, enquanto o Albano Franco é dedicado ao ramo de hortifrutigranjeiros", relata.

Para Barreto, os mercados não são apenas parte do corpo da cidade. Ele defende que é importante lembrar que eles estão localizados onde antes ficava o porto de Aracaju, lugar de saída e chegada de barcos e saveiros que iam e vinham do interior do estado com passageiros e mercadorias. "Naquele local também ficavam estacionados os caminhões de feirantes, parte dos ônibus e marinetes", conta.

Boemia

O historiador conta que, além do importante movimento de transporte de passageiros e mercadorias existente no local, havia também um forte clima de boemia envolvendo aquele ambiente. "A vida social em torno dos mercados era bastante intensa. Na parte de baixo funcionavam mercearias durante o dia. Em cima, à noite, eram revelados os cabarés e as boates", revela Luiz Antônio Barreto.

Ele conta que a área localizada ao redor dos mercados centrais de Aracaju, região que compreende a Avenida Otoniel Dórea, o Beco dos Cocos e as ruas Santa Rosa e Florentino Menezes, era mais conhecida como Vaticano. "Era uma ironia do povo com relação à santidade do que acontecia naquele local durante as noites", diz.

A partir da década de 1970, quando a prostituição começou a ser reprimida na área, a região continuou a ser um importante pólo cultural da cidade, com constantes apresentações de diversos músicos locais.

Comércio

Luiz conta que um dado que precisa ser considerado quando se fala sobre os mercados centrais de Aracaju é que dali saíram importantes nomes do comércio nacional. Entre eles, destacam-se Mamede Paes Mendonça e Pedro Paes Mendonça, que possuíam mercearias no local.

"Mamede fundou, mais tarde, a rede Paes Mendonça, enquanto Pedro criou a rede Bompreço. Duas das mais importantes redes regionais de supermercados surgiram dos mercados centrais", conta o historiador. Ele cita ainda o GBarbosa como uma importante rede que também tem sua origem intimamente ligada àquela região.

De acordo com Luiz Antônio Barreto, os mercados Antônio Franco, Thales Ferraz e Albano Franco são de extrema importância, tanto para o crescimento econômico de Aracaju quanto para a vida social local. "Depois de um tempo, foram surgindo os mercados setoriais, como os do Augusto Franco, Bugio, Santos Dumont, Atalaia e Siqueira Campos. Mas o mercado tem resistido e ainda é, com certeza, uma boa opção para a população aracajuana", declara ele.

Texto e imagens reproduzidas do site: aracaju.se.gov.br

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