Publicado originalmente no site Destaque Noticias, em
29/11/2015.
A Luzitânia é uma canoa de tolda de 200 sacos.
Canoa de Tolda, um patrimônio cultural de Sergipe.
Graças a Sociedade Sócio-Ambiental do Baixo São Francisco
Canoa de Tolda, Sergipe preservou uma relíquia: a Canoa de Tolda Luzitânia, do
município de Brejo Grande, transformada em Patrimônio Nacional Material em
Sergipe. O honroso título foi conferido pelo Instituto do Patrimônio Artístico
e Nacional (Iphan).
O processo de reconhecimento começou em 2008, quando a
Sociedade Canoa de Tolda deu entrada do Projeto Luzitânia no Ministério da
Cultura (MinC). A proposta defendia enquadrar a canoa nas ações de proteção,
conservação e manutenção dentro da Lei Rouanet, para obter patrocínio. O
patrocinador, através desta lei, teria descontos em sua declaração de imposto
de renda. Ao se reunir para avaliar o projeto, o Conselho Nacional de Incentivo
à Cultura, o CNIC exigiu, por parte do MinC, a documentação do tombamento.
A partir da exigência, foi solicitado ao Iphan que fossem
tomadas as medidas necessárias, emitindo uma notificação. O projeto foi
aprovado na CNIC e o patrocinador imediatamente encaminhou os recursos,
possibilitando a manutenção da Luzitânia nos anos de 2009 e 2010, levando ao
tombamento em 2010.
A Luzitânia é uma canoa de tolda de 200 sacos (cada saco
corresponde ao padrão de peso de 60 kg).
O processo de reconstrução da “Luzitânia” contou com a
participação de mestres ribeirinhos, como o falecido carpinteiro Nivaldo Sena,
responsável pela recuperação da estrutura da canoa de tolda. Peças de ferragens
foram trabalhadas, a ferro e fogo, pelo Mestre Lula, em Piaçabuçu, Alagoas,
sendo as velas costuradas pelo mestre Aristides, em Penedo, também em Alagoas,
dentre outros autores de peças para a embarcação, todas fabricadas de modo
artesanal.
Paraíso das canoas de tolda
O Rio São Francisco já foi o paraíso das canoas de tolda,
embarcações criadas no século XIX com influências indígenas e europeias. Aos
poucos, elas foram se adaptando à região mais baixa do rio, no Nordeste, e até
os anos 1950 ainda transportavam alimentos, combustível e diversos materiais,
como tijolos. No entanto, com a abertura de rodovias e a menor vazão do rio,
acabaram perdendo importância econômica e foram desaparecendo.
A última sobrevivente que ainda navegava em regime
comercial, chamada Luzitânia, foi comprada em péssimo estado pela Sociedade
Canoa de Tolda, que a restaurou e conseguiu seu tombamento pelo Iphan, em 2010.
A Luzitânia é uma embarcação de 200 sacos (cada saco corresponde ao padrão de
peso de 60 kg).
“As canoas e outras embarcações levavam várias riquezas do litoral
para o interior e vice-versa, mas a memória desse período, com várias
histórias, está se perdendo. Dizem que a Luzitânia foi construída na década de
1920. E canoeiros e moradores do povoado de Pão de Açúcar, em Alagoas, contam
que nos anos 1930 ela foi usada até por Lampião, que ficou no Baixo São
Francisco por um tempo”, diz Carlos Eduardo Ribeiro Júnior, projetista naval e
presidente da Sociedade Canoa de Tolda.
Segundo ele, o restauro da Luzitânia não foi nada fácil.
Levou cerca de dez anos, em grande parte por falta de recursos. Hoje, além de
cuidar da conservação da canoa mais antiga do Baixo São Francisco, a Sociedade
Canoa de Tolda realiza diversas atividades, como visitas guiadas e exibições de
filmes utilizando a estrutura da embarcação. Outra iniciativa interessante é a
Rota das Canoas, que organiza passeios com duração média de cinco dias desde o
litoral até o sertão do Baixo São Francisco, com hospedagem na casa de
moradores da região.
Com texto de Cristina Romanelli do portal revistadehistória.com.br
Crédito - niltonsouza.com.br
Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br
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