sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Divina Pastora (SE) – Fé e tradição





Infonet > Blog Silvio Oliveira > 18/08/2010.

Divina Pastora (SE) – Fé e tradição.

Santuário de pagamento de promessa, centro de confecção da renda irlandesa, o município de Divina Pastora dista 39km de Aracaju é considerado um dos bons roteiros para quem gosta de momentos de fé e compra de artesanato.

Passear pelas ruas de Divina Pastora é conhecer um pouco mais do artesanato sergipano e da presença da igreja católica no interior de Sergipe. Em épocas de romaria, a população da cidade estimada em 4.448 habitantes (IBGE 2009) passa para mais de 60 mil, configurando Divina Pastora

como o roteiro mais importante do turismo religioso do Estado.
A cidade curiosamente tem dois padroeiros: Nossa Senhora da Divina Pastora e São Benedito, ilustrando ainda mais o potencial para o seguimento religioso.

A peregrinação à cidade foi criada em 1971 por dom Luciano Cabral Duarte, então arcebispo de Aracaju, e tomou amplitude com o padre Raimundo Cruz, pároco da cidade durante cerca de 12 anos. O percurso é de 9km e origina no município de Riachuelo até a sede municipal divina-pastorense.

O surgimento da cidade também está atrelado a fé cristã. Conta a história que o frei Isidório de Servilha chegou ao povoado, mas precisamente, na comunidade do alto da montanha e venerava uma imagem de Divina Pastora. O povoado passou a ser chamado Ladeira (primeiro nome de Divina Pastora) e a fé se propagou na comunidade do século XVII, na então capela de São Gonçalo. A imagem de Nossa Senhora Divina Pastora, inspiração de Frei Isidório de Servilha, é considerada pelos moradores a mais valiosa da cidade, que depois vei a nomeá-la.

Seus bens materiais e imateriais fazem da Divina Pastora um celeiro religioso e cultural reconhecido nacionalmente. A Igreja Nossa Senhora Divina Pastora, data do século XVIII, e é símbolo da religiosidade divina-pastorense. O seu frontispício assinala inconfundível traço do estilo jesuítico no Nordeste. No seu interior predomina o barroco na sua segunda fase e no forro da nave central está a maior pintura painelística de Sergipe, atribuída ao pintor baiano José Teófilo de Jesus.

A originalidade da igreja consiste em possuir um corredor aberto com cinco arcadas ao logo da nave. Esta disposição é atribuída ao fato de ter sido Basílica Votiva de Peregrinação. A igreja é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1943 e recentemente foi totalmente restaurada.

A Basílica de São Francisco de Assis tem sido escolhida por grupos religiosos para ser sede de retiros espirituais. Construída em local elevado da cidade, oferece aos visitantes uma vista panorâmica de Divina Pastora.

Não é somente por conta da fé cristã que Divina Pastora faz-se conhecida no mundo. Sua renda irlandesa produzida obedece a critérios bem artesanais que somente é encontrado lá, o que fez do trabalho das rendeiras da cidade ter reconhecimento nacional pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2008, quando o modo de fazer a renda irlandesa foi considerado pelo órgão federal como patrimônio cultural imaterial do país.

O processo de tombo inicicou em 2000, quando a Associação para o Desenvolvimento da Renda de Divina Pastora (Asderen) reuniu cerca de 122 artesãs para a realização do ofício.

Como o processo produtivo corre risco de desaparecer, o tombamento tenta garantir a sobrevivência das rendeiras com o incremento de renda a partir da divulgação e reconhecimento da importância da atividade como genuinamente brasileira. É por essas e outras vicissitudes, que Divina Pastora é o centro da fé cristã sergipana e símbolo de que o artesanato de qualidade pode se perpetuar como uma oração.

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/silviooliveira

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