Infonet > Blog Silvio Oliveira > 18/08/2010.
Divina Pastora (SE) – Fé e tradição.
Santuário de pagamento de promessa, centro de confecção da
renda irlandesa, o município de Divina Pastora dista 39km de Aracaju é
considerado um dos bons roteiros para quem gosta de momentos de fé e compra de
artesanato.
Passear pelas ruas de Divina Pastora é conhecer um pouco
mais do artesanato sergipano e da presença da igreja católica no interior de
Sergipe. Em épocas de romaria, a população da cidade estimada em 4.448
habitantes (IBGE 2009) passa para mais de 60 mil, configurando Divina Pastora
como o roteiro mais importante do turismo religioso do
Estado.
A cidade curiosamente tem dois padroeiros: Nossa Senhora da
Divina Pastora e São Benedito, ilustrando ainda mais o potencial para o
seguimento religioso.
A peregrinação à cidade foi criada em 1971 por dom Luciano
Cabral Duarte, então arcebispo de Aracaju, e tomou amplitude com o padre
Raimundo Cruz, pároco da cidade durante cerca de 12 anos. O percurso é de 9km e
origina no município de Riachuelo até a sede municipal divina-pastorense.
O surgimento da cidade também está atrelado a fé cristã.
Conta a história que o frei Isidório de Servilha chegou ao povoado, mas
precisamente, na comunidade do alto da montanha e venerava uma imagem de Divina
Pastora. O povoado passou a ser chamado Ladeira (primeiro nome de Divina
Pastora) e a fé se propagou na comunidade do século XVII, na então capela de
São Gonçalo. A imagem de Nossa Senhora Divina Pastora, inspiração de Frei
Isidório de Servilha, é considerada pelos moradores a mais valiosa da cidade,
que depois vei a nomeá-la.
Seus bens materiais e imateriais fazem da Divina Pastora um
celeiro religioso e cultural reconhecido nacionalmente. A Igreja Nossa Senhora
Divina Pastora, data do século XVIII, e é símbolo da religiosidade
divina-pastorense. O seu frontispício assinala inconfundível traço do estilo
jesuítico no Nordeste. No seu interior predomina o barroco na sua segunda fase
e no forro da nave central está a maior pintura painelística de Sergipe,
atribuída ao pintor baiano José Teófilo de Jesus.
A originalidade da igreja consiste em possuir um corredor
aberto com cinco arcadas ao logo da nave. Esta disposição é atribuída ao fato
de ter sido Basílica Votiva de Peregrinação. A igreja é tombada pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1943 e recentemente
foi totalmente restaurada.
A Basílica de São Francisco de Assis tem sido escolhida por
grupos religiosos para ser sede de retiros espirituais. Construída em local
elevado da cidade, oferece aos visitantes uma vista panorâmica de Divina
Pastora.
Não é somente por conta da fé cristã que Divina Pastora
faz-se conhecida no mundo. Sua renda irlandesa produzida obedece a critérios
bem artesanais que somente é encontrado lá, o que fez do trabalho das rendeiras
da cidade ter reconhecimento nacional pelo Instituto Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) desde 2008, quando o modo de fazer a renda irlandesa foi
considerado pelo órgão federal como patrimônio cultural imaterial do país.
O processo de tombo inicicou em 2000, quando a Associação
para o Desenvolvimento da Renda de Divina Pastora (Asderen) reuniu cerca de 122
artesãs para a realização do ofício.
Como o processo produtivo corre risco de desaparecer, o
tombamento tenta garantir a sobrevivência das rendeiras com o incremento de
renda a partir da divulgação e reconhecimento da importância da atividade como
genuinamente brasileira. É por essas e outras vicissitudes, que Divina Pastora
é o centro da fé cristã sergipana e símbolo de que o artesanato de qualidade
pode se perpetuar como uma oração.
Texto e imagens reproduzidos do site:
infonet.com.br/silviooliveira
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