A renda Renda Irlandesa chegou a Sergipe no inicio do século XIX
Publicado originalmente no site Destaque Notícias, em
16/11/2015.
Renda irlandesa é uma relíquia
A potencialidade de comercialização da renda irlandesa, de
beleza ímpar, foi vista pela Prefeitura de Divina Pastora como boa oportunidade
de gerar emprego e renda no município, que vive praticamente dos royalties
pagos pela Petrobras. A empresa explora gás natural no Vale do Cotinguiba, onde
a cidade se localiza.
Apoiada na vocação têxtil, a Prefeitura desenvolveu o
projeto de criação da marca Roupas Divina, com a Associação para o
Desenvolvimento da Renda Irlandesa. Além das rendeiras, costureiras e jovens
receberam treinamento para transformar o município numa referência de moda que
alia qualidade, beleza e exclusividade.
Além de gerar renda, a Prefeitura pretende, com esse
projeto, reduzir a informalidade no setor de confecções. Segundo os técnicos
envolvidos, esse é o maior obstáculo a ser superado para viabilizar e
qualificar a mão-de-obra especializada em costura industrial. Os primeiros
passos já foram dados. Organizadas desde 2000, as rendeiras já estão
familiarizadas com o trabalho cooperado e a gestão de negócios.
Produtos para romeiros
Elas desenvolvem uma linha de produtos mais acessíveis aos
romeiros, que vão, anualmente, ao município para a tradicional procissão da
Divina Pastora. Também participam de eventos nacionais e têm produtos de alto
valor agregado distribuídos em vários pontos do Brasil.
Outra iniciativa foi atrair a juventude do município para o
projeto. A princípio, 32 jovens entre 15 e 25 anos, vinculados à paróquia,
foram capacitados para produzir lembranças a serem vendidas durante a
procissão. Lenços, bandanas, bonés e embalagens com materiais recicláveis são
as principais peças a serem desenvolvidas com a marca.
Por fim, a Prefeitura buscou a participação de um grupo de
costureiras socialmente mais vulnerável. Elas residem na periferia ou na área
rural, têm baixa escolaridade e, em geral, sustentam as famílias sozinhas. Essa
iniciativa resultou na capacitação de 100 costureiras, qualificadas pelo
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e pela Rede Sergipe de Design.
A criação da marca Roupas Divina exigiu a formação de
parcerias para a adequação do produto e para evitar riscos ao empreendimento.
Ainda foi formada uma comissão com representantes dos beneficiários diretos do
projeto: rendeiras, jovens e costureiras de Divina Pastora. “A parceria da
Prefeitura com as entidades foi de grande valia. Além de tirar as pessoas de
atividades de subsistência e da informalidade, tem fortalecido a economia
local”, revela a costureira associada, Vera Lúcia dos Santos.
Renda Irlandesa
Mais de uma centena de mulheres se dedica a fazer renda
irlandesa, um dos mais belos e sofisticados produtos do artesanato sergipano.
Aprender a fazer renda irlandesa é, para as mulheres de Divina Pastora, uma
possibilidade que se coloca cedo em suas vidas. É quase um dado que se inscreve
naturalmente em sua biografia. Nascem e crescem vendo parentes e vizinhas às
voltas com a renda e são também incentivadas a aprender. E aprendem ainda com
pouca idade.
A origem dessa renda europeia na região remonta ao século 19
com Ana Rolemberg, que havia aprendido a técnica de Violeta Sayão Dantas. Júlia
Franco, que aprendeu com Ana, transmitiu-a a três mulheres: Marocas, Ercília e
Sinhá, que foram responsáveis pela transmissão do conhecimento a gerações de
artesãs. Hoje, há rendeiras por toda o municípios de Divina Pastora e é
possível encontrá-las imersas no ofício em grupos ou sozinhas, na porta de casa
ou nas praças.
Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br
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