quinta-feira, 14 de abril de 2016

João Bebe-Água


João Nepomuceno Borges, conhecido como João Bebe-Água, nasceu em São Cristóvão, em 1823, sendo seu pai o capitão Francisco Borges da Cruz. Alguns afirmam que João Nepomuceno Borges nasceu em Itaporanga d´Ajuda. É fato inconteste que ele provem de uma família pequena e que tinha, apenas um irmão chamado Silvério de Costa Borges.

Não sabemos onde e com quem estudou mas é sobejamente conhecido que ele sabiaer e escrever, e erceu cargos de representatividade em São Cristóvão, Laranjeiras e Santo Amaro das Brotas. Foi indicado para o cargo de Escrivão da Alfândega e Mesa de Rendas de Santo Amaro, em março de 1936, ano da Revolta que eclodiu naquela cidade. Com a Revolta, foi transferido para Laranjeiras, em janeiro de 1837, com o cargo de amanuense interino, sendo demito no mesmo ano. Segundo o historiador Sebrão Sobrinho, depois de ser demitido, João Nepomuceno recebeu um convite para ser Patrão-mor da Mesa de Rendas da Barra dos Coqueiros. Neste período residia em São Cristóvão, na rua que atualmente leva o seu nome. Segundo a mesma fonte, em meados de 1847, “ele já estava envolvido com a política local, tinha idéias conservadoras e uma vida ativa na sociedade de São Cristóvão”. Tinha em sua própria casa uma bodega onde comerciava gêneros alimentícios e bebidas, trata-se, portanto, de uma pessoa razoavelmente inteligente e capaz de exercer os cargos para os quais foi indicado.

Diz a lenda que ele arregimentou 400 homens em protesto contra a transferência da Capital para o povoado de Santo Antônio de Aracaju. Conta-se que publicou trabalhos no “Pasquim”, sob pseudônimo de “Nunes Machado” (líder da Revolução Praieira, ícone do partido liberal, assassinado à frente dos revoltosos do Recife, em 11 de dezembro de 1848).

Logo depois da transferência da capital, ele se rebelou, declarando bem alto e em bom som que jamais pisaria em Aracaju. Por isso guardou atrás da porta de sua casa os foguetes que soltaria quando São Cristóvão voltasse a ser Capital.

João Bebe-Água era membro da Irmandade de Amparo dos Homens Pardos, cumpria todas as obrigações religiosas e freqüentava a igreja com regularidade. Ocupou todas as funções da Irmandade, foi sineiro, zelador, sacristão, tesoureiro, avalista, procurador e presidente da confraria.

Dizem os cronistas que ele era de cor parda, baixa estatura, gordinho, cabelos “amealhados”. Seu traje era uma jaqueta, usava um lenço de rapé e uma catarina onde guardava fumo torrado. O fumo e o aguardente eram seus companheiros inseparáveis. A mudança da capital o desgostou a tal ponto que ele se entregou ao álcool.

Não sabemos exatamente como morreu João Bebe-Água. Afirma João Pires Wynne que faleceu em 1896. Para Pedro Machado, Bebe-Água morreu em data incerta, em sua casa, na ladeira de São Francisco, próxima ao Convento do mesmo nome.

Todos concordam que ele nunca botou os pés em Aracaju e morreu pobre e desacreditado, agarrado ao sonho de São Cristóvão voltar a ser Capital.

Manoel dos Passos de Oliveira Teles, autor da primeira biografia desta figura lendária, afirmou: “Cuspiu todos os seus desprezos sobre a cidade nova, protestou que seus pés não pisariam nunca as suas areias e de fato morreu sem ver Aracaju. João Bebe Água soube ser patriota de coração. Não foi um louco, não foi um mendigo, foi um resignado. Daí a minha admiração...”

Texto e imagem reproduzidos do blog: bainosilustres.blogspot.com.br

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