sábado, 9 de abril de 2016

Vida e obra de J. Inácio (1911 - 2007)




J. Inácio.
Por Mário Britto

José Inácio Alves de Oliveira nasceu no dia 11 de junho de 1911, no povoado Bolandeira, em Arauá/SE; e, faleceu no dia 1º de agosto de 2007, em Aracaju/SE. Pintor e caricaturista iniciou sua trajetória nas artes aos dezoito anos de idade, ao interpretar Judas em um auto encenado na Semana Santa, na Colina do Santo Antônio. Um ano depois, começou a sua carreira como pintor, tendo como seu primeiro mestre o pintor e matemático Quintino Marques. Trabalhou para jornais e revistas e, ainda, vendeu poemas nas ruas com o pseudônimo de Inácio Ventura.

Recebeu do Governo Augusto Maynard uma bolsa para estudar na tradicional Escola de Belas Artes, no Rio de Janeiro, ficando lá, apenas, pouco mais de um ano. Sua formação artística foi no laboratório da vida, na experiência vivida, nas dificuldades do dia a dia. Fez grande amizade com o mestre Jordão de Oliveira, seu professor em sua rápida passagem pela Escola de Belas Artes e grande incentivador. Dele, J.Inácio recebia ensinamentos, conselhos, material para pintura e guarida em sua casa, na Ilha do Governador.

Sua primeira exposição data de 1931, na antiga Biblioteca Pública de Aracaju. Em 1940, no Rio de Janeiro, realizou uma exposição individual no Liceu de Belas Artes. Ainda no Rio, no Salão de Artes Plásticas do Rio de Janeiro, logrou prêmios como a medalha de bronze, em 1943 e Menção Honrosa, em 1944.

J. Inácio é um dos mais queridos e populares artistas sergipanos, recebeu muitas homenagens em vida e continua a recebê-las após a sua morte. Em 1981, emprestou o seu nome para a Galeria de Arte da Biblioteca Pública Epifânio Dórea. Em 2004, em comemoração aos seus 93 anos, a Sociedade Semear realizou a mostra “Visitando J. Inácio”, com a participação de 21 artistas sergipanos, convidados pelo próprio J. Inácio, para elaboram uma releitura de sua rica obra.

Em 2010, J. Inácio foi festejado como patrono do 19º Salão dos Novos, promovido pela Galeria de Artes Álvaro Santos, com curadoria de Luiz Adelmo. Em 2011, em comemoração alusiva aos 100 anos de nascimento do pintor, o Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, realizou uma exposição em sua homenagem, no Espaço Cultural Ministro Carlos Ayres Britto. Na ocasião foi relançado o livro “Vida e Obra de J. Inácio”, de autoria de Wagner Ribeiro. Em 2012, participou, – in memoriam – , da coletiva “Coleção Mário Britto", edição especial Mostra Aracaju.

A pintura de J. Inácio passa por uma subliminar linguagem expressionista. A irreverência do artista, aliada à sua inquietude, fê-lo um artista singular, livre de conceitos, de estilos, de temas e de escolas. Suas obras, realizadas com pinceladas firmes, rápidas e certeiras têm um colorido muito exclusivo, são cores vibrantes e luminosas, com predominância dos verdes e amarelos.

Entre as suas maiores fontes de inspiração estavam as garças, as jaqueiras, as casas de farinha, os pântanos, as paisagens urbanas e rurais de diversos municípios sergipanos, retratos de amigos e personalidades. Suas bananeiras, objeto de desejo de todos os colecionadores, são o símbolo maior de sua iconografia.

A simpatia pessoal de J. Inácio, a sua forma simples e particular de ter vivido e os muitos galanteios que fazia às moças o tornaram uma figura icônica e amada em Sergipe. Com uma vida totalmente dedicada à arte, J. Inácio, o irmão mais novo do legendário Padre Pedro, encantou a todos com as suas pinturas, não sem razão, afirmou o jornalista e historiador Luiz Antônio Barreto, em seu rol das efemérides de 2011, “aplaudido pela crítica e pelo público, J. Inácio colocou as cores locais nas suas telas, estabelecendo uma identidade que marca a sua contribuição às artes em Sergipe”.

Texto reproduzidos do blog: galeriazededome.com.br

Fotos: glteixeira e Google.

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