João Melo, ainda jovem.
Jorge Bem, Moraes Moreira com João Melo.
Música Sergipana - 26 janeiro 2010.
João Melo (o cantor máximo de Sergipe).
Por Irineu Fontes.
No caminho do sucesso das emissoras de rádio do sul do País,
Aracaju recebeu a primeira rádio do Estado, a PRJ6 Rádio Difusora de Sergipe,
atual rádio Aperipê de Sergipe ZYD-2.
Em 07 de fevereiro de 1939, com uma programação de músicas
ao vivo (tangos, sambas, maracatus, valsas, fados, rumbas, afoxés, frevos,
marchas, choros e canções orfeônicas) e com a presença do grande seresteiro do
Brasil Silvio Caldas , acompanhado do Regional de Carnera e Miguel Alves, foi
dado início às transmissões.
João Mello, em seu livro “João Ventura - Cidadão de
Aracaju”, destaca que, no elenco artístico da nova emissora, além do Regional
de Carnera, havia grandes cantores e cantoras como João Lopes, Guaracy Leite
França, Raimundo Santos, o conjunto vocal Águias de Bronze e o próprio João
Melo. No terreno da música clássica havia o professor e maestro Genaro Pleche
(que, em 28 de novembro de 1945, fundou o Conservatório de Música de Sergipe,
onde iniciou suas atividades sob o nome de Instituto Orfeônico de Sergipe) e o
Maestro Leozírio Guimarães.
Tínhamos de tudo que a Rádio Mayrink Veiga e a Rádio
Nacional do Rio de Janeiro nos forneciam através das ondas e hertz [...]
Tínhamos ate dupla de humoristas cantores: Policarpo e Pelourinho, cuja
caracteristica musical dizia “Cantam no Rio de Janeiro, Alvarenga mais
Ranchinho e aqui na Aperipê, Policarpo e Pelourinho”. (mello, 2005 p.60)
Alfredo Gomes, funcionário da alfândega, foi nome importante
no processo de apresentação dos artistas ao público radiofônico, comenta Dilton
Cândido Santos Maynard no seu artigo “Entre microfones e bastidores: Estado
novo, rádio difusão e intervenção cultural em Sergipe”.
Nome importante no processo de apresentação dos artistas ao
público radiofônico, Gomes escrevia sobre as atrações da PRJ-6 numa coluna
jornalística, adotando o pseudônimo de Rubem Vergara. Funcionário da alfândega,
ele receava ter a sua imagem prejudicada pela idéia de rádio como “coisa de
malandro”, modo de pensar ainda forte nos primeiros momentos do veículo no
Brasil. Assim, como Rubem Vergara. (Dilton Cândido www.seer.ufu.br).
Na função de diretor artístico da PRJ-6, Alfredo Gomes
exerceu uma influência significativa no rádio sergipano, é dele a responsabilidade
de vários nomes artísticos dos nossos artistas. Alfredo Gomes/Rubem Vergara
respondia por muitos dos nomes artísticos e citações existentes no rádio de
Sergipe dos anos 40.
É dele os títulos dados a João Mello: “o cantor máximo de
Sergipe”, “o poeta seresteiro”. “Pinduca e sua radiorquestra” foi outro nome
dado pelo Gomes para o Maestro Luiz d’Anunciação que, anos depois, viria a
trabalhar como regente da orquestra do programa televisivo de Abelardo Barbosa,
o Chacrinha.
João Mello nasceu em 24 de junho de 1921 em Salvador (BA) e,
aos três anos de idade, já estava morando na cidade de Boquim (SE), vindo para
a Capital sergipana nos anos 30.
Estudante do Colégio Atheneu Sergipense, recebeu a
influência musical de um grande amigo, Carnera. Em um artigo no Jornal da
Cidade, em 3 de setembro de 2009, o professor Dilton Cândido S. Maynard comenta
sobre a amizade do João Mello e Carnera:
“Naqueles dias, outro aluno do Atheneu tornou-se amigo de
João. Era um moço magro, raquítico e, irritadiço. A aparência frágil valeu-lhe
o apelido mais irônico que alguém com o seu tipo físico receberia: Carnera, uma
irônica “homenagem” ao boxeador Primo Carnera (1906-1967), campeão dos pesos
pesados na época...”
João passou a circular nos auditórios das emissoras de rádio
e pouco tempo depois se tornaria o primeiro cantor de rádio sergipano. Aos 19
anos foi para o Rio de Janeiro a convite de Sílvio Caldas e lá se apresentou
pela primeira vez na Rádio Tupi, no dia 23 de junho de 1941.
Voltou a Aracaju para servir o Exército Brasileiro, sem
deixar a rotina das apresentações no Rádio e nos clubes e casas da sociedade
aracajuana. João se engaja politicamente e em 1950, já casado, sai de Aracaju
mais uma vez e vai morar em Salvador onde conhece o compositor Codó. De lá voltou
para o Rio de Janeiro e aí o compositor ganhou o mundo, com músicas gravadas
por Sérgio Mendes e outros intérpretes da música brasileira.
João trabalhou durante doze anos na Companhia Brasileira de
Discos que representava os discos da Phillips, Polydor e Fontana, como
compositor e produtor musical, e lá lançou o artista Jorge Ben Jor. Em
entrevista de 1963 para a Revista do Rádio, Jorge diz:
“Depois me fiz rapaz, deixei as brincadeiras da Tijuca e
passei a freqüentar a Zona Sul. Eu gostava das praias e das boates. Fiz boas
amizades e passei a freqüentar o “Bottle’s”, onde, vez por outra, me davam a
oportunidade de cantar um pouquinho. Numa dessas ocasiões João Melo, que estava
presente, escutou-me e fez o convite para gravar na Philips.”
Na década de 70, foi convidado para trabalhar como produtor
na gravadora Som Livre. Foi lá que ele descobriu o cantor alagoano Djavan e
produziu a trilha sonora da novela “O Bem Amado”, a primeira gravada em cores.
No site do cantor Djavan, encontramos essa informação:
Em 1973 foi para o Rio de Janeiro onde teve ajuda do
radialista Edson Mauro, que o apresentou a Adelzon Alves, que o levou para o
produtor da Som Livre, João Mello que lhe deu a oportunidade de gravar músicas
de outros artistas para as novelas da Rede Globo: "Alegre menina"
(Jorge Amado e Dorival Caymmi), da novela "Gabriela"; e
"Calmaria e vendaval" (Toquinho e Vinícius de Moraes), da novela
"Fogo sobre terra".
João Melo Faleceu no dia 06 de Janeiro de 2010 em sua cidade
do coração Aracaju.
Texto e imagens reproduzidos do site: cafehistoria.ning.com
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