sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

João Melo (o cantor máximo de Sergipe)

João Melo, ainda jovem.
Jorge Bem, Moraes Moreira com João Melo.

Música Sergipana - 26 janeiro 2010.

João Melo (o cantor máximo de Sergipe).
Por Irineu Fontes.

No caminho do sucesso das emissoras de rádio do sul do País, Aracaju recebeu a primeira rádio do Estado, a PRJ6 Rádio Difusora de Sergipe, atual rádio Aperipê de Sergipe ZYD-2.

Em 07 de fevereiro de 1939, com uma programação de músicas ao vivo (tangos, sambas, maracatus, valsas, fados, rumbas, afoxés, frevos, marchas, choros e canções orfeônicas) e com a presença do grande seresteiro do Brasil Silvio Caldas , acompanhado do Regional de Carnera e Miguel Alves, foi dado início às transmissões.

João Mello, em seu livro “João Ventura - Cidadão de Aracaju”, destaca que, no elenco artístico da nova emissora, além do Regional de Carnera, havia grandes cantores e cantoras como João Lopes, Guaracy Leite França, Raimundo Santos, o conjunto vocal Águias de Bronze e o próprio João Melo. No terreno da música clássica havia o professor e maestro Genaro Pleche (que, em 28 de novembro de 1945, fundou o Conservatório de Música de Sergipe, onde iniciou suas atividades sob o nome de Instituto Orfeônico de Sergipe) e o Maestro Leozírio Guimarães.

Tínhamos de tudo que a Rádio Mayrink Veiga e a Rádio Nacional do Rio de Janeiro nos forneciam através das ondas e hertz [...] Tínhamos ate dupla de humoristas cantores: Policarpo e Pelourinho, cuja caracteristica musical dizia “Cantam no Rio de Janeiro, Alvarenga mais Ranchinho e aqui na Aperipê, Policarpo e Pelourinho”. (mello, 2005 p.60)

Alfredo Gomes, funcionário da alfândega, foi nome importante no processo de apresentação dos artistas ao público radiofônico, comenta Dilton Cândido Santos Maynard no seu artigo “Entre microfones e bastidores: Estado novo, rádio difusão e intervenção cultural em Sergipe”.
Nome importante no processo de apresentação dos artistas ao público radiofônico, Gomes escrevia sobre as atrações da PRJ-6 numa coluna jornalística, adotando o pseudônimo de Rubem Vergara. Funcionário da alfândega, ele receava ter a sua imagem prejudicada pela idéia de rádio como “coisa de malandro”, modo de pensar ainda forte nos primeiros momentos do veículo no Brasil. Assim, como Rubem Vergara. (Dilton Cândido www.seer.ufu.br).

Na função de diretor artístico da PRJ-6, Alfredo Gomes exerceu uma influência significativa no rádio sergipano, é dele a responsabilidade de vários nomes artísticos dos nossos artistas. Alfredo Gomes/Rubem Vergara respondia por muitos dos nomes artísticos e citações existentes no rádio de Sergipe dos anos 40.

É dele os títulos dados a João Mello: “o cantor máximo de Sergipe”, “o poeta seresteiro”. “Pinduca e sua radiorquestra” foi outro nome dado pelo Gomes para o Maestro Luiz d’Anunciação que, anos depois, viria a trabalhar como regente da orquestra do programa televisivo de Abelardo Barbosa, o Chacrinha.

João Mello nasceu em 24 de junho de 1921 em Salvador (BA) e, aos três anos de idade, já estava morando na cidade de Boquim (SE), vindo para a Capital sergipana nos anos 30.

Estudante do Colégio Atheneu Sergipense, recebeu a influência musical de um grande amigo, Carnera. Em um artigo no Jornal da Cidade, em 3 de setembro de 2009, o professor Dilton Cândido S. Maynard comenta sobre a amizade do João Mello e Carnera:

“Naqueles dias, outro aluno do Atheneu tornou-se amigo de João. Era um moço magro, raquítico e, irritadiço. A aparência frágil valeu-lhe o apelido mais irônico que alguém com o seu tipo físico receberia: Carnera, uma irônica “homenagem” ao boxeador Primo Carnera (1906-1967), campeão dos pesos pesados na época...”

João passou a circular nos auditórios das emissoras de rádio e pouco tempo depois se tornaria o primeiro cantor de rádio sergipano. Aos 19 anos foi para o Rio de Janeiro a convite de Sílvio Caldas e lá se apresentou pela primeira vez na Rádio Tupi, no dia 23 de junho de 1941.
Voltou a Aracaju para servir o Exército Brasileiro, sem deixar a rotina das apresentações no Rádio e nos clubes e casas da sociedade aracajuana. João se engaja politicamente e em 1950, já casado, sai de Aracaju mais uma vez e vai morar em Salvador onde conhece o compositor Codó. De lá voltou para o Rio de Janeiro e aí o compositor ganhou o mundo, com músicas gravadas por Sérgio Mendes e outros intérpretes da música brasileira.

João trabalhou durante doze anos na Companhia Brasileira de Discos que representava os discos da Phillips, Polydor e Fontana, como compositor e produtor musical, e lá lançou o artista Jorge Ben Jor. Em entrevista de 1963 para a Revista do Rádio, Jorge diz:

“Depois me fiz rapaz, deixei as brincadeiras da Tijuca e passei a freqüentar a Zona Sul. Eu gostava das praias e das boates. Fiz boas amizades e passei a freqüentar o “Bottle’s”, onde, vez por outra, me davam a oportunidade de cantar um pouquinho. Numa dessas ocasiões João Melo, que estava presente, escutou-me e fez o convite para gravar na Philips.”

Na década de 70, foi convidado para trabalhar como produtor na gravadora Som Livre. Foi lá que ele descobriu o cantor alagoano Djavan e produziu a trilha sonora da novela “O Bem Amado”, a primeira gravada em cores. No site do cantor Djavan, encontramos essa informação:

Em 1973 foi para o Rio de Janeiro onde teve ajuda do radialista Edson Mauro, que o apresentou a Adelzon Alves, que o levou para o produtor da Som Livre, João Mello que lhe deu a oportunidade de gravar músicas de outros artistas para as novelas da Rede Globo: "Alegre menina" (Jorge Amado e Dorival Caymmi), da novela "Gabriela"; e "Calmaria e vendaval" (Toquinho e Vinícius de Moraes), da novela "Fogo sobre terra".

João Melo Faleceu no dia 06 de Janeiro de 2010 em sua cidade do coração Aracaju.

Texto e imagens reproduzidos do site: cafehistoria.ning.com

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