Imagem postada por MTéSERGIPE, para ilustração do presente artigo.
Foto reproduzida do site tripadvisor.com.br
Publicado em 02 de novembro de 2009
PRAÇA FAUSTO CARDOSO E SUAS HISTÓRIAS.
Por Adailton Andrade.
Murilo Mellins nasceu em Neópolis antiga Vila Nova em 22 de
outubro de 1928, filho do saudoso Mario Mellins que dentre outras coisas foi
Intendente de Neópolis (antiga Vila Nova) uma pessoa simples, de um grande
conhecimento dos fatos que marcaram a historia da capital. Alguns chamam de
memorialista, outros de pesquisador, outros de guardião da historia de Sergipe,
sempre puxando das lembranças a memória política e cultura da nossa gente.
Trabalhou em na Prefeitura em algumas funções dos Correios,
e hoje na vida pacata de aposentado, vai levando escrevendo , contando e
cantando a historia sergipana nos seus livros de memória. Com romantismo
descreve com maestria Aracaju das décadas de 40 e 50. Mellins tem com Aracaju
uma intimidade cumpliciada, como poucos, e ambos, o escritor e a cidade,
guardando de cada um muitos segredos segundo escreve Luis Antonio Barreto.
Quando se fala em Historia e Memória nos bancos acadêmicos,
a figura que vem na lembrança e de entrevistar justamente a figura de Murilo,
recorremos através de suas lembranças o Aracaju romântico que ele viveu.
Sabemos que muitos historiadores, escritores, cronistas que se dedicam a
escrever sobre Sergipe, com certeza, consultam as histórias contadas por
Melins.
Eu pensei em escrever algo sobre a Praça Fausto Cardoso, e o
que me veio logo na lembrança, os textos de Luis Antonio Barreto, as imagens de
Murilo Melins, e sem compromisso, dei uma olhada nas centenas de citações que
estão no Google repetitivas que se encontra fácil na internet.
Vejamos o que Muliro Melins diz sobre a Praça Fausto
Cardoso:
Época em que começou a ser construída, por volta de 1855, um
mangue foi aterrado para dar lugar à praça.A praça do palácio como era chamada,
no final da década, a rua larga da Praça do Palácio foi revestida de pedras
calcárias, que ainda hoje sustentam nossos pés na história centenária de
Aracaju Em 1911 e 1920 Aracaju já se impõe como maior centro urbano do Estado e
a cidade mais industrializada de Sergipe, confirmando a visão político-administrativa
de Ignácio Barbosa.
A Praça do Palácio, hoje Praça Fausto Cardoso porque ali
foram colocados os primeiros pinos de demarcação da área a ser construída da
cidade pelos engenheiros comandados pelo engenheiro Pirro.Ainda segundo o
cronista,a Praça Fausto Cardoso por ser o núcleo do nosso centro histórico. Foi
ali onde tudo começou.
A praça Fausto Cardoso já foi palco de grandes eventos
políticos e culturais. Até o início dos anos 90, era na praça que aconteciam os
festejos juninos e o Carnaval. O pesquisador Luiz Antônio Barreto explica que a
praça foi o pinhão de ordenamento do quadrado de Pirro, idéia do arquiteto que
tomou como modelo um tabuleiro de xadrez para ordenar as ruas do Centro de
Aracaju. Na época em que foi construída, a praça reunia praticamente todos os
serviços públicos da Província: o palácio, algumas repartições e a Assembléia
Provincial. Ainda hoje a praça abriga importantes instituições, como o Tribunal
de Justiça de Sergipe, a Assembléia Legislativa e Ministério Publico Estadual.
Os grandes acontecimentos que marcaram a historia desta
praça, começa com uma tragedia, a morte de Fausto Cardoso, ocorrida há mais de
103 anos, no dia 28 de agosto de 1906, cobriu Sergipe de luto e tirou
momentaneamente dos sergipanos a ideia de luta, de afirmação, de busca de
unidade social para construir alternativas livres.
Agonizando na praça que depois recebeu o seu nome, cercado
de amigos e admiradores, homens, mulheres e crianças que lotavam o centro da
cidade, Fausto Cardoso transbordou-se e com ele a alma sergipana. Seu legado
está na frase imortalizada com a sua morte: "A liberdade só se prepara na
história, com o cimento do tempo e o sangue dos homens." Na verdade, a
frase é outra, e está contida no discurso que pronunciou em 9 de julho de 1902,
e que ficou conhecido como Lei e Arbítrio: "A liberdade só se prepara na
história com o sangue dos povos, o esforço dos homens, o cimento dos tempos. E
se ela não é o preço de uma vitória, não é liberdade, será tolerância, favor,
concessão, que podem ser cassados, sem resistência, que se revista do Poder.
Não gera caracteres nem cria personalidade. Enerva, dissolve, abate, humilha,
corrompe e transforma os povos em míseras sombras." A ideia e o sentido da
liberdade marcam a biografia de Fausto de Aguiar Cardoso.
Assim é que em 1912 a Praça Fausto Cardoso recebe um
monumento em homenagem a esse grande líder político, plantando-se novos jardins
com dois coretos em estilo art-noveau, orgulho dos sergipanos que dali fizeram
palco para retretas e manifestações cívicas. Outro monumento se ergue quatro
anos depois, em 1916, na praça Olímpio Campos com a estátua do Monsenhor, com
um pequeno jardim em torno.
Voltando as lembranças do Cronista Murillo Melins que
escreve em sua obra "Aracaju romântica que vi e vivi", " meu
coração se enche de saudades quando passo pela praça Fausto Cardoso e recorda
as grandes construções da sua época que hoje não existe mais".
Outra citação que a praça já foi palco de grandes eventos
políticos e culturais. Até o início dos anos 90, era na praça que aconteciam os
festejos juninos e o Carnaval. O pesquisador Luiz Antônio Barreto explica que a
praça foi o pinhão de ordenamento do quadrado de Pirro, ideia do arquiteto que
tomou como modelo um tabuleiro de xadrez para ordenar as ruas do Centro de
Aracaju. Na época em que foi construída, a praça reunia praticamente todos os
serviços públicos da Província: o palácio, algumas repartições e a Assembléia
Provincial.
Dentro da minha linha de pesquisa cito o discurso do
interventor Augusto Maynard emocionado pedindo ao povo de Sergipe que tenham
calma, e relatando os acontecimentos do trágico torpedeamento dos navios
brasileiros na costa sergipana.
Murillo Melins, conta que foi o linchamento do líder
trabalhista Lídio Paixão, próximo à estátua de Fausto Cardoso. Em 1954, no dia
24 de agosto, Sergipe, como o resto do Brasil, amanheceu surpreso com o
suicídio do presidente Getúlio Vargas,As passeatas pelas ruas de Aracaju tinham
destinos certos, antes de fazer concentração na praça Fausto Cardoso, centro de
manifestações políticas.
A praça também foi palco dos grandes comícios, políticos que
ainda hoje são lembrados com seus discursos eloquentes, como Jorge Amado, em 22
de dezembro de 1946. Plínio Salgado, Seixas Dória, Leandro Maciel, Maynard
Gomes, Getúlio Vargas, Eduardo Gomes, Carlos Prestes, este ultimo,os jornais da
época, 1947, anunciava que era a maior concentração política na história de
Sergipe."Todo o povo a praça fausto Cardoso" tinha como manchete
principal o Jornal do povo em 4 de janeiro de 1947, o povo de Sergipe esperava
ansiosamente ouvir "o cavaleiro da esperança", assim como era chamado
Carlos Prestes.
Também nesta praça em 11 de janeiro de 1947, Augusto Maynard
discurso em comício dar uma resposta ao comício anterior de Carlos Prestes.
Este discurso ficou famoso até os dias de hoje com seu inicio narrativo,
"Ainda uma vez o refrão..."Os homens são como as montanhas. Vistas ao
longe, belas, altaneiras, inexpugnáveis; de perto, que decepção!". Isso
era como Maynard via o líder comunista, como um traidor da pátria, o povo de
Sergipe ouviu do próprio Maynard relatos do sobre o julgamento de Prestes como
mentor intelectual da jovem Elza Fernandes, contando com detalhes como
aconteceu o crime bárbaro.
Já no jornal de 04 de fevereiro de 1947 tinha como principal
manchete, o discurso da integra do comício de 11 de janeiro na praça Fausto
Cardoso, em primeira pagina Maynard dizia assim : DEVOTA-ME ÓDIO DE MORTE, PORQUE
CUMPRI O MEU DEVER. Condenando-o Prestes como autor intelectual do mais bárbaro
crime que já se praticou em terras do Brasil.
Hoje, a Praça Fausto Cardoso esta de cara nova, passou por
uma grande reforma, Mas foi preservado suas características históricas,
deixando na lembrança fatos que marcaram a vida política e cultural dos
sergipanos, Lembramos ainda das retretas, dos shows, dos desfiles de moda das
mocinhas que saíram da missa, lembramos do relógio publico de quatro faces como
Murillo Melins descreve,na sua obra.
Sinto isso quando passo pela praça, paro recordo as
agradáveis conversar com o cronista maior, me recordo dos grandes
acontecimentos relatados nos livros e artigos dos jornais.viva Murilo Mellins
ao um passo da academia ! Viva a Praça Fausto Cardoso !.
Dados do Autor:
* Licenciado em História pela Universidade Tiradentes, Pós
Graduando em Ensino Superior em Historia na Faculdade São Luis de França,
membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, membro dos Grupos de
Estudo e Pesquisa da UFS: Estudo do Tempo Presente / UFS. Grupo de Estudos e
Pesquisas em História das Mulheres (UFS / CNPq). E-mail:
adailton.andrade@bol.com.br.
Bibliografia:
Textos de Luiz Antônio Barreto.
Entrevista a Agência Aracaju de Notícias (AAN) com o professor
de história do Cefet/SE), Amâncio Cardoso, Murillo Melins – "Aracaju
Romântico que V i e Vivi".
Texto reproduzido do site: webartigos.com
Muito bom!
ResponderExcluirInfelizmente, acabei de registrar o vandalismo e o descaso para com esse grande patrimônio do povo sergipano.
Coretos rabiscados com frases de protesto, sujeira por toda parte. O chão em pedaços. É triste ver esse atentado contra a memória dos sergipanos. A praça Fausto Cardoso merece mais atenção. A história precisa continuar viva.
Parabéns pelo texto.